Analepsy, Locus Of Dawning

Depois da aclamação em 2017, com “Atrocities From Beyond”, e da turbulenta transformação no lineup, eis “Quiescence”. O segundo álbum das estrelas nacionais do slam/brutal death metal, os poderosos Analepsy, chega em Abril de 2022.

“Locus Of Dawning” abre as hostilidades de “Quiescence”. É um dos álbuns nacionais mais aguardados do ano, marcando o regresso dos Analepsy às edições discográficas naquela que é a primeira gravação do grupo com a sua nova formação, após a turbulência de 2019. Uma das jovens bandas de maior sucesso no underground nacional, os Analepsy surpreenderam toda a gente ao enveredar por um género muito específico onde há cada vez menos margem de manobra e mostrarem que, ainda assim, é possível elaborar uma personalidade única. Sem reinventar a roda, o death metal brutal do quarteto lisboeta (e nabantino) é refrescante, ágil, e muito diferente de outras tentativas menos criativas, digamos assim, que todos já tivemos que aguentar. Depois de um EP muito promissor em 2015, intitulado “Dehumanization By Supremacy”, o longa-duração de estreia surgiu finalmente em 2017, rapidamente seguindo por um split com os maníacos noruegueses dos Kraanium, e desde aí a banda passou a viver em cima do palco, tanto em Portugal como no estrangeiro, atraindo atenções e torcendo pescoços com a sua selvajaria arrebatadora onde quer que vão.

A última vez que os vimos foi no SWR, no Mainstage. Em retrospectiva a essa ocasião, em reportagem para a AS, aqui recordamos o nosso veredicto: «Incrível perceber o crescimento desta jovem banda num tão curto espaço de tempo. Ainda mais porque o quarteto lisboeta não inventou a roda. Contudo, o brutal death metal dos Analepsy é criativo, aplicado com destreza e violência por uma banda sólida, que soa uniforme. Com esse factor da qualidade de som do festival, a sua música e principalmente as guitarras de Marco Martins e Diogo Santana soaram bastante articuladas, tornando movimentos como o sweep picking ou os pinch harmonics em elementos dinâmicos e diferenciadores num género que, tantas vezes, “soa sempre ao mesmo”. A fúria metódica da banda, alimentada por um volume gigantesco (ou foi o impacto da primeira chegada à tenda ou foi mesmo a banda que teve o som mais alto), tornou-se mais intempestiva com a subida de Sérgio Afonso (Bleeding Display) ao palco, para assumir as vocalizações. A banda funciona perfeitamente em quarteto e não fazemos ideia se esta colaboração, que já sucedeu noutras ocasiões, visa semear algo mais definitivo, mas com um frontman assumido, a postura cerebriforme dos Analepsy é algo desmontada, para melhor. Com os engenhosos guitarristas ainda mais soltos, a banda acabou por acrescentar groove aos predicados exibidos. Grande concerto». Pouco depois, a banda desintegrou-se…

«A saída do Tiago e do Diogo foi um processo que durou mais de um ano antes do anúncio oficial», revelou agora Marco Martins. «Felizmente não houve nenhum tipo de atritos, eles saíram porque sentiram que queriam seguir em frente com outros projetos». Após as saídas, naturalmente que o grupo passou «por um período de procura de músicos que se encaixassem e se identificassem com o trajecto que os Analepsy pretendem seguir». A actual formação do grupo integra Marco Martins, na guitarra, João Jacinto, no baixo, e Calin Paraschiv, voz e guitarra. Tiago Correia é o responsável pela bateria neste disco, alerta Emanuel Ferreira em artigo LOUD!

Cada escolha de um novo elemento, teve, naturalmente a sua história. «A entrada do João Jacinto para a posição de baixista, foi uma escolha óbvia», conta o músico. «Ele já tinha tocado connosco ao vivo em concertos anteriores e foram experiências positivas» pelo que «acabou por entrar logo após a saída do Flávio Pereira». Quanto aos restantes elementos, «em meados de 2019, ainda antes do anúncio oficial da saída do Tiago Correia, decidimos fazer tryouts para baterista, o que foi uma aventura. Contudo, este procedimento demorou o seu tempo, que no final se mostrou frutífero» visto terem conseguido «encontrar um baterista que integrará Analepsy no futuro». Finalmente, a saída de Diogo Santana «deixou a possibilidade de juntar um ou dois músicos, já que ele tinha duas funções na banda. Encontrámos o Calin também através de tryouts e acabou por cumprir o papel do Diogo em ambos os aspectos, como guitarrista e vocalista».

01. Locus Of Dawning; 02. Impending Subversion; 03. Elapsing Permanence (featuring Wilson Ng); 04. Accretion Collision; 05. Stretched And Devoured (featuring Angel Ochoa); 06. Converse Condition; 07. Fractured Continuum; 08. Spasmodic Dissonance (featuring Ricky Myers); 09. Edge Of Chaos; 10. Quiescence (Instrumental)

Entretanto chegaram a capa e o título do álbum, bem como a ficha técnica do mesmo e o primeiro áudio retirado deste novo trabalho, gravado entre Agosto e Outubro do ano passado, nos Demigod Recordings. “Quiescence” contou com captação, produção, mistura e masterização de Miguel Tereso, que também está envolvido noutro dos mais esperados trabalhos do underground nacional, o novo dos Sinistro«Quero destacar principalmente os elementos mais técnicos que decidimos introduzir na música», sublinha Marco Martins. «A essência mantém-se a mesma, mas com uma composição mais elaborada», revela o guitarrista. «Conseguimos manter o som que define os Analepsy, mas com elementos que identificam cada um dos novos integrantes também». A curiosidade é naturalmente elevada, com o músico a afirmar que “Quiescence”, «serve como uma continuação do ‘Atrocities from Beyond’, é mais estabelecido e convicto naquilo que a banda é».

Em termos temáticos, o colectivo manteve «o motivo espacial como nos lançamentos anteriores». Como novidade no processo de construção da nova obra, Marco revela ainda, a Emanuel Ferreira e à LOUD!, que foi consultada «pela primeira vez, uma pessoa que não integra a banda, o que acelerou o desenvolvimento do álbum». O disco vai ter três editoras envolvidas, as nacionais Vomit Your Shirt e Miasma Records, responsáveis pelas edições em CD e cassete, bem como tudo o que envolve o comércio mundial da obra, e a polaca Agonia Records que se vai responsabilizar pela edição em vinil. O novo trabalho terá um primeiro lançamento a 15 de Abril, sucedendo-se a edição de vinil a 27 de Maio.