Das cinzas do death doom dos Mourning Lenore, Emanuel Henriques assumiu um desafio multi-instrumental para criar os atraentes contrastes dinâmicos de A Flight Of Giants. “Homebound” transporta a promessa de nova música muito brevemente.
Estávamos em 2012 quando se escutaram os últimos ecos dos Mourning Lenore. O grupo fez parte de uma interessante vaga na produção death doom nacional, a meio dos Process Of Guilt (únicos a manterem um percurso sólido até aos nossos dias), Before The Rain, Painted Black, Dogma e, se me permitem a vaidade, Why Angels Fall. Mas, mesmo que “Shortcut To Nowhere” soasse, claramente, com a banda no auge da sua capacidade musical, os Mourning Lenore decidiram mesmo entrar num hiato indefinido, que se tornou no final de vida dos doomsters, tanto quanto parece.
É assim que surge A Flight of Giants, projecto mais dentro do espectro post rock, sob a batuta de Emanuel Henriques, que soma a sua experiência de baterista dos Mourning Lenore à de guitarrista em Enchantya. É o músico que assume toda a instrumentação e vozes nesta proposta que segue, de acordo com o próprio, as influências de nomes como Jakob, God is an Astronaut, Junius ou Paradise Lost e faz um ligeiro aceno na direcção dos fãs do neo prog de Steven Wilson ou o classicismo dos Marillion.
Seja de que forma for, Emanuel Henriques fechou-se nos Safe Haven Studios, assumindo ainda a gravação e produção do projecto. O melodicamente suave down tempo de “Homebound”, editado em Julho de 2021, serve de apresentação aos A Flight of Giants. Henriques promete, já para 2022, mais uma colecção de canções introspectivas e a perspectiva de fazer evoluir o projecto para uma banda convencional (ao vivo, pelo menos).
Até lá, se ainda não tiveram a possibilidade de contactar com esta proposta musical, não hesitem em disparar o cinematográfico vídeo de “Homebound” no player seguinte e disfrutar de marcantes contrastes dinâmicos ao longo de um opressivo crescendo de distorção.