Na antecâmara do VOA – Heavy Rock Festival, olhamos o gear Jackson Guitars, Charvel Guitars e EVH dos guitarristas Joe Duplantier e Christian Andreu, além do épico concerto dos Gojira no anfiteatro natural de Red Rocks.
As guitarras criadas por Grover Jackson ajudaram a forjar o que hoje conhecemos como metal. Tudo começou quando, em Novembro de 1978, Grover comprou a Charvel’s Guitar Repair ao seu antigo patrão, Wayne Charvel. Começou por construir modelos ainda com a marca Charvel, até que, no final de 1980, foi contactado por Randy Rhoads. O shredder tinha-se juntado recentemente à banda de Ozzy Osbourne e queria construir uma nova guitarra. O resultado dessa reunião foi o modelo Concorde, com o seu característico design em “V” desigual, construção neck-through-body e, pela primeira vez, o próprio nome de Jackson na cabeça.
Este primeiro modelo seria depois descartado pelo próprio Rhoads por um novo com mais características sugeridas pelo guitarrista. Devido à morte prematura do músico, o Concorde acabou por ficar pouco conhecido. Mas o segundo modelo tornar-se-ia na primeira guitarra bem reconhecida da marca, a Jackson Rhoads. Desde essa altura que a história do metal foi escrita com muitas guitarras assinadas pela marca. No nosso país, na próxima edição do VOA Heavy Rock Festival vão estar dois dos utilizadores actuais e endorsers Jackson Guitars ou das associadas Charvel e EVH (marcas do grupo Fender Musical Instruments) mais proeminentes.
GODZILLA
Duas décadas de carreira e sete álbuns depois, os Gojira, os irredutíveis gauleses liderados pelos carismáticos irmãos Joe e Mario Duplantiers, tornaram-se um dos nomes mais emblemáticos no espectro da música extrema. As últimas vez visitas a Portugal tiveram lugar no dia 7 de Julho de 2016 e três anos depois no dia 6 do mesmo mês, para apresentar “Magma”. O sexto longa-duração do grupo mostra os quatro intrépidos músicos a pegarem na sua fórmula complexa de extremismo sonoro e a apimentarem-na de forma muito inteligente, cada vez mais maduros, mais focados e, fruto de toda a experiência acumulada, mostrando saber exactamente como fazer passar a sua mensagem da forma mais eficaz possível. Em 2021, chegou o sétimo álbum. As gravações do álbum “Fortitude” foram produzidas pelo próprio Joe Duplantier nos estúdios nova-iorquinos Silver Cord, onde se juntaram os demais companheiros: Mario Duplantier (irmão de Joe) na bateria, Christian Andreu na guitarra e Jean-Michel Labadie no baixo. A mistura ficou a cargo de Andy Wallace que, sinceramente, depois de Rick Rubin deve ser o mais impactante sound designer nas sonoridades alternativas.
O som imenso, como o icónico monstro japonês, dos Gojira mistura thrash com ambientes e cadenciações post metal. A carapaça sonora dos franceses é composta por Jackson, Charvel e EVH Gear. Uma parceria estabelecida com a Fender no início da década passada. O guitarrista Christian Andreu criou uma assinatura com a Jackson Guitars, baseando-se num modelo USA Rhoads carregado de sustain através do humbucker Charvel MFB na ponte. A guitarra possui corpo e braço em mogno, com uma escala de 22 trastes com um raio composto velocíssimo de 12”-16”. Próximo do nut (em grafite) o braço é mais denso, facilitando acordes e aqueles gravalhões do bordão, e vai adelgaçando nos registos mais agudos da escala, para permitir velocidade nos solos. A ponte fixa tem design strings-through-body. Uma maquinão de shred e riffs com um visual deslumbrante.

Já em 2021 chegou a Pro Series Signature Christian Andreu RRT. Acabamento Natural num corpo poplar com tampo em maple. Braço through-body em maple reforçado em grafite, com design scarf joint e acabamento acetinado. A escala de raio composto 12”-16” é em ébano, com 22 trastes jumbo. O PU é um humbucker genérico da Jackson, controlado apenas pelo botão de volume. A ponte ajustável e compensada Jackson TOM é um sistema string-through-body. Os afinadores são Jackson sealed die-cast.
O frontman Joe Duplantier usa um modelo de assinatura bastante singular. A Charvel Joe Duplantier Signature San Dimas Style 2 obedece às especificações do guitarrista francês e está equipada com um par de humbuckers Charvel MFB modificados. O corpo San Dimas Style tem um contorno especial, para facilitar o acesso às zonas mais agudas da escala. O braço e o corpo são unos em mogno. O acesso ao truss rod é feito através de um volante de ajuste na extremidade do corpo. A escala imita as especificações do modelo Jackson do seu colega Andreu, excepto nos trastes que, neste caso, são medium-jumbo. No décimo segundo traste encontra-se o entalhe em madre pérola do “G” dos Gojira. De resto, o selector de pickups tem três posições e há apenas um knob de volume (à Eddie Van Halen), posicionado de modo mais deslocado que o tradicional. A ponte Tune-O-Matic possui stop tailpiece.

Então em 2020 estreou a Joe Duplantier Signature Pro-Mod San Dimas Style 2 HH E Mahogany, equipada com o novíssimo humbucker DiMarzio também com a assinatura do guitarrista, posicionado na ponte. Desenhada com a sempre crescente capacidade de engenharia da Charvel, a guitarra segue os specs do seu modelo anterior, que exaltámos aquando da passagem dos franceses por Lisboa, no Verão passado. A nova versão possui uma beleza crua. O corpo San Dimas é construído em mogno, com o contor no especial do corno para facilitar o acesso às zonas mais altas da escala. O braço também em mogno está reforçado com grafite, para aguentar todas as sovas que se lembrem. O volante de ajuste do truss-rod está acessível no corno também, para simplificar o acesso, e o acabamento em óleo no braço suaviza imenso o esforço da mão. A velocidade também foi considerada na escala em ébano, com 22 trastes e raio composto 12”-16”.
Fanboy do DiMarzio’s PAF 36th Anniversary (no braço), Duplantier desejava todavia algo com um low end mais robusto para o seu pickup da ponte, daí o desenvolvimento do Joe Duplantier DiMarzio Fortitude, um humbucker demolidor (vídeo no fundo do artigo). Outras características incluem o switching de três posições, a ponte compensada da Charvel, para responder ao raio de escala, com tailpiece ancorada e os locking tuners também da Charvel. O acabamento é Natural, com hardware cromado, revestimento dos pickups em níquel desgastado e ainda a cabeça licenciada Fender Telecaster.


Ambos os músicos usam amps EVH 5150 III, nas versões EL34 e 6L6, com cada cabeça a obedecer a diferentes propósitos e a ser usada de forma independente na mistura ou com os técnicos a somarem os sinais, totalizando quatro fontes. Pudera que soe enorme.
RED ROCKS
O Red Rocks Amphiteatre é um espaço de concertos que tem ganho cada vez mais relevância e reunido a preferência de incontáveis bandas para se apresentarem ao vivo, devido à arquitectura híbrida do anfiteatro criado pelas formações rochosas naturais do Colorado. Em 2017, os Gojira passaram ali numa noite que os reuniu a Devin Townsend e aos Opeth, no dia 11 de Maio. Os Opeth, aliás, editaram um DVD e álbum ao vivo da sua actuação nessa noite. Os Gojira também gravaram a sua actuação nessa data e a meio do confinamento, transmitiram o filme do concerto através do seu website e redes sociais, nomeadamente no Youtube. O concerto reporta a digressão de apoio ao álbum “Magma”, de 2016, que assume a maior fatia de protagonismo na setlist. O filme esteve oficialmente disponível durante 24 horas, a partir das 21h do dia 20 de Maio de 2020.
Oficiosamente também está disponível e é um bom aquecimento para a actuação dos gauleses no VOA Heavy Rock Festival, que tem lugar a 30 de Junho, o primeiro dia do evento. Os bilhetes diários estão à venda nos locais habituais e custam 50€. Os passes para os três dias estão esgotados. Para mais informações, contactar através do email: info@voa.rocks.
Um pensamento sobre “Gojira, Red Rocks & Jackson Guitars”