Mastodon Recrutam Músico Brasileiro

João Nogueira vai integrar a formação dos Mastodon na sua próxima digressão de promoção ao álbum “Hushed & Grim”. O músico brasileiro, radicado nos Estados Unidos, tem ligações a Portugal. Descobre!

O teclista João Nogueira vai integrar a formação ao vivo dos Mastodon. Na realidade, ao vivo, há já algum tempo que o músico brasileiro anda a colaborar com a banda de Atlanta, Geórgia, como se pode observar na versão captada ao vivo de “Teardrinker” que se pode ver no player seguinte. A LOUD! avançou que o teclista irá integrar a banda também na digressão com os Khemmis, uma rota que abarcará dezasseis datas, antes de ambos os grupos se juntarem aos Opeth para mais três concertos. Tudo isto irá decorrer entre Abril e Maio.

Vale a pena recordar “Hushed And Grim”. Álbum que foi gravado no estúdio West End Sound, localizado dentro de Ember City, o complexo de salas de ensaio que os membros do colectivo administram em Atlanta. Também envolvido nas gravações esteve o produtor e engenheiro de som David Bottrill, que já trabalhou com os Muse, Dream Theater e Tool, entre muitos outros. Os Mastodon nunca se fizeram rogados a escrever discos conceptuais. Já nos mostraram uma reinterpretação da grande obra literária de Herman Melville, já nos levaram numa perseguição sanguinária numa montanha habitada por monstruosas criaturas ciclópicas e já nos contaram sobre um rapaz paraplégico que projecta o seu corpo astral para habitar o de Rasputin. Já em “Emperor Of Sand”, abordaram a morte.

Como avisava o baterista Brann Dailor, em 2017, esse disco é como «o verdugo. Sand (areia) representa o tempo. Se tu ou alguém que conheces alguma vez recebeu um diagnóstico de uma doença terminal, o primeiro pensamento é sobre o tempo. Invariavelmente, surge a questão: ‘Quanto tempo me resta?’». Essa ideia foi subscrita por Troy Sanders, o baixista afirmava que nesse álbum os Mastodon «reflectem sobre a mortalidade. Para isso, o álbum liga todas as pontas da nossa discografia. São 17 anos de evolução, mas há também uma reacção directa ao que foram os últimos dois anos. Tendemos a retirar inspiração das coisas reais da nossa vida». Sanders refere-se, muito claramente, ao facto de ter sido diagnosticado cancro da mama à sua esposa em 2015. No álbum, conceptual, seguimos a caminhada de um viajante, sentenciado à morte, através do deserto…

A morte continua presente no quotidiano da banda e, por isso, “Hushed and Grim” é mais um violento murro no estômago. Em Setembro de 2018, os Mastodon perderam o seu estimado manager, Nick John – um homem que descreviam como “o pai da banda”. Aliás, editaram no Record Store Day 2019 um 10″ com uma cover de “Stairway To Heaven”, pouco depois da sua morte, intitulado “Stairway to Nick John”. Todos os lucros reverteram para a investigação do cancro pancreático. Aparentemente, no recente álbum, a banda continua a procurar a catarse. E assim, em 2021, tivemos o álbum mais longo dos Mastodon até à data (com quase 90 minutos) e gravado à sombra de uma enorme tristeza. Se há um conceito, então é um conceito simples: o luto. Já estivemos aqui antes, como vimos atrás ou quando o irmão de Brent Hinds foi morto por um disparo acidental em 2010, algo que se reflectiu em “The Hunter”. Desta feita, temos uma meditação colectiva dos quatro músicos, que tiveram tempo de processar a morte do seu mentor. Naturalmente, a qualquer um de nós, Nick John dir-nos-á muito pouco. Todavia, a empatia será natural, pois a maioria irá sentir ou já sentiu o luto um par de vezes na sua vida. É algo universal e inevitável, mas isso não torna mais fácil ouvir a dor de outras pessoas e ver o reflexo da nossa. É aqui que surge o single “Sickle And Peace” e o seu anseio, tão estranho e tão familiar a quem já o sentiu diante de alguém que amava e viu definhar, de que a morte chegue e encerra o sofrimento.

Voltando ao assunto que aqui nos trouxe: as ligações de João Nogueira ao nosso país. Além de falar português (uma língua que, com a excepção da tribo dos Sepultura, e em certa medida dos Angra ou Moonspell, não costuma ser ouvida nas altas esferas do metal) tem também uma ligação a Portugal através da sua banda de origem. O músico integra o colectivo Stone Giant, que inicialmente congregava na sua formação um português, um argentino, um brasileiro e um chileno, todos estudantes na Berklee, em Boston. O português é Pedro Zappa que trocou a Póvoa de Varzim e a música clássica pelo hard rock. “Stone Giant” é o disco de estreia, lançado em 2015, após o qual Zappa deixou de integrar a banda. Dispara o player para o ouvir…

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