A reunião da formação original dos Pelican trouxe a banda numa curta digressão a solo europeu. O garboso concerto no Freak Valley Festival foi registado para a posteridade e integralmente disponilizado em streaming pela Rockpalast.
Nos seus primórdios, os Pelican nem sempre estavam satisfeitos por não encontrarem um cantor adequado para o seu som. Hoje em dia, a banda de Chicago contenta-se em demonstrar o seu pós-metal e pós-rock para o mundo de forma completamente instrumental. E fazem-no com força, velocidade e uma enorme porção de peso.
Já há algum tempo que tentavam. Mas não encontraram o que procuravam. E assim a posição do cantor nos Pelican permaneceu sempre aquilo que foi: não preenchida. Bryan Herweg (baixista) explicou uma vez, em entrevista, porque é que isto é assim. Se tivessem optado por um tipo robusto, com poder de vociferação, teriam sido descritos como uma banda de metal. Se tivessem optado por um tipo mais para o magricela, teriam acabado na gaveta do emo. Os músicos não queriam nem uma coisa nem outra. E é por isso que há mais de duas décadas que é tudo puramente instrumental. Hoje em dia, o quarteto de Chicago está completamente satisfeitas com isso. Como uma banda instrumental, dizem os músicos, não sofrem com limites de género pré-estabelecidas.
Mas para aqueles que ainda assim precisam de rótulos: no seu álbum “Nighttime Stories” de 2019, o riff segue o riff; os Pelican confiam na força, peso e velocidade – e assim fazem soar pós-metal de guitarras muito densas. Depois de seis anos sem editar álbuns, o sucessor de “What We All Come to Need” foi um exercício de catarse para várias tragédias pessoais e um tributo a Jody Minnoch, vocalista dos Tusk, que morreu inesperadamente em 2014. Foi o primeiro álbum com o novo guitarrista, Dallas Thomas, que ocupou o lugar vago deixado pelo fundador Laurent Schroeder-Lebec, que saiu da banda em 2012. Depois chegou a pandemia e os Pelican tornaram a mergulhar, como tantas outros, num mar de dúvidas e hesitações.
Dez anos depois de ter saído, Lebec está de regresso. E os Pelican vão procurar reinventar-se através dum estudo aos seus primeiros anos. A banda anunciou que vai reeditar os seus axiomáticos três primeiros álbuns: “Australasia” (2003), “The Fire In Our Throats Will Beckon The Thaw” (2005) e “City Of Echoes” (2007). Esses exercícios de reformulação trouxeram a banda numa mini digressão europeia, que passa pela Bélgica, Áustria, República Checa, Alemanha e França, onde culminará com a presença no Hellfest. Precisamente, em território teutónico, o concerto mais recente teve lugar nos Freak Valley, festival dedicado ao espectro mais lento e contemplativo do metal, que tem lugar em Netphen, burgo a norte do Reno, e decorreu entre os dias 15 e 18 de Junho.
A Rockpalast acompanhou o festival e disponibilizou várias actuações. Eis os Pelican, cuja setlist foi: Lathe Biosas; Dead Between The Walls; March To The Sea; Ephemeral; Drought; The Creeper; Sirius; Strung Up From The Sky; Australasia; Mammoth.