Samantha Fox, Greatest Hits

Apenas um single bastou para a tirar Samantha Fox da célebre Página 3 do The Sun e torná-la numa estrela à escala planetária nos loucos anos 80. Depois seguiu-se um álbum que, entre dance-pop e flirts com o hair metal, apostou tudo no fenómeno da hipersexualidade.

Samantha Karen Fox tinha 20 anos quando editou o seu primeiro álbum. Em 1986, “Touch Me” mostrava um dance-pop cujo single, “Touch Me (I Want Your Body)”, se tornou um sucesso estrondoso. Número 1 nos Estados Unidos – um mercado difícil de conquistar, mesmo para bandas como os Beatles ou os Rolling Stones – Número 3 no UK, por aí fora…

A equipa que trabalhou o disco sabia quais os pontos fortes de Fox. Se como cantora apresentava uma voz mediana (e meta-se mediana nisso), a jovem tinha outros predicados que não deixavam ninguém indiferente. A produção e promoção do álbum apostou tudo na sensualidade da “menina da página 3”. «Like a tramp in the night, I was begging for you/To treat my body like you wanted to», parece um truque descaradamente óbvio, mas a verdade é que funcionou em cheio num mundo que começava a nessa década a revelar-se cada vez mais hipersexualizado.

Sem grande propósito, além da óbvia exploração da imagem de Samantha, o álbum vai disparando músicas com poucos pontos de contacto entre si. Com um sem número de produtores e co-produtores apostando numa esquizofrenia estética, cheia de fillers. A ver o que colava. É percorrido pelo sentido naughty girl da estética pop punk de Cindy Lauper; claramente descarado em títulos como “I’m All You Need”, “Suzie, Don’t Leave Me With Your Boyfriend”, “Wild Kinda Love”,”He’s Got Sex” ou no outro single, “Do Ya Do Ya (Wanna Please Me)”; e há temas que roçam o hair metal e que mostram que o género estava realmente a precisar que as bandas de Seattle o substituíssem nos estúdios de gravação e na MTV.

Muitos poderão pensar que o álbum de ’86 é um caso único na carreira de Samantha, mas a verdade é que a artista conta com mais 6 álbuns de estúdio, um par (esta expressão foi pura coincidência) de greatest hits (leiam depressa) e várias reedições. Samantha Fox totaliza mais de 30 milhões de discos vendidos. Ainda que depois de “Touch Me”, nenhum outro álbum tenha tido o mesmo tipo de sucesso deste que, no final, até acabou por ganhar um certo estatuto de culto.

Hoje, como nos anos 80, o corpo feminino continua a ser uma estratégia usada pela indústria sem olhar a escrúpulos. Isto é emancipação da mulher ou exploração? Como não somos moralistas, deixamos uma galeria NSFW para vos ajudar a tirarem as vossas próprias conclusões…

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