Steve Albini, Masterclass de Gravação de Cordofones Acústicos

Steve Albini, o engenheiro de alguns dos maiores álbuns do rock alternativo, partilha a sua sabedoria e experiência na sempre delicada gravação de guitarras acústicas e outros cordofones. Além do desenvolvimento teórico, o vídeo produzido no seu estúdio, o Electrical Audio, inclui vários exemplos práticos.

A gravação de uma guitarra acústica, a tradução de toda a ressonância do seu corpo e a sua envolvente riqueza harmónica, pode ser uma experiência desconcertante. De facto, o instrumento soa muito bem numa boa sala, mas imensas vezes acaba por soar pífio depois de gravado. Steve Albini, o homem por detrás das gravações clássicas dos Nirvana, Pixies, Breeders, e muitos outros como Neurosis ou Esben & The Witch, além de ser o guitarrista/vocalista dos seminais Shellac, pretende ajudar a resolver esse dilema e partilhou uma masterclass no YouTube, com esse intuito.

Filmada no seu estúdio em Chicago, o Electrical Audio, esta lição de Albini não só oferece conselhos sobre como gravar guitarra acústica, mas ainda a guitarra acústica com vozes e uma variedade de outros instrumentos de cordas, incluindo violoncelo, violino e banjo, antes de demonstrar como estas técnicas podem ser levadas a cabo num arranjo de ensemble, com cada instrumento a ocupar o seu próprio lugar na mistura e mínimo bleed dos seus micros. Albini abre a sessão com uma explicação do que estamos a ouvir quando ouvimos um instrumento acústico. Isto é, o que estamos a tentar captar em fita. «Quando falo em gravar um instrumento acústico, o que realmente quero dizer é recriar a memória sensorial de ter ouvido um instrumento acústico. Quando se está a ouvir um instrumento acústico, a maior parte do som que se está a ouvir é o efeito do corpo no som. A corda faz algum som por si só, mas o processo da corda tocar e ser amplificada pela mecânica e a acústica do corpo, é isso que ouvimos e é isso que nos permite reconhecer a diferença entre um instrumento e outro. Esta é a razão pela qual podemos distinguir um violoncelo e um violino, uma guitarra e um banjo; os corpos são diferentes e este processo cria um efeito cumulativo e um som global diferentes», diz o guru.

As coisas complicam-se um pouco quando se introduz um pickup de guitarra acústica debaixo do cavalete. «O que este pickup faz é amplificar o movimento da ponte – ou seja, o som inicial da corda – e ignora completamente o resto do processo. O tampo da guitarra ou do instrumento, o volume de ar dentro do deste, a contribuição do corpo/ilhargas, os reflexos acústicos formados pela forma do instrumento, o seu tamanho físico, o ar bombeado para dentro e para fora através dos buracos de ressonância – todo o resto do sistema acústico e mecânico do processo é completamente ignorado». Isto, diz Albini, neutraliza as variações de som entre instrumentos, ao ponto de se poder pegar num modelo de topo-de-gama e, com um PU no cavalete, este não soar muito diferente de um modelo económico, pois o «pickup está a fazer o mesmo trabalho em ambos e a ignorar a qualidade que é incorporada no resto do instrumento».

Albini deixa também algumas ideias sobre os melhores microfones para gravação e uma metodologia que, em última análise, permite a opção de overddubing de takes alternativos. Disparem o vídeo no player seguinte. Podem subscrever o canal YouTube do Electrical Audio.

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