Os Radiohead disponibilizaram no seu site a Radiohead Public Library, uma biblioteca digital que reúne e compila uma série de raridades da banda britânica, incluindo faixas, gravações ao vivo, artwork, fotografias inéditas e links para stream de discos e concertos.
Em press release da Popstock lê-se que «a internet, no geral, nunca foi uma fonte fidedigna para informação detalhada e precisa sobre os Radiohead. Muitos sites que tentaram oferecer algum tipo de serviço útil digno de registo há muito se silenciaram. Isso fez com que os resultados de buscas por “Radiohead” se tornassem aleatórios ou muito abreviados: canções ou títulos de álbuns sem o respectivo e detalhado artwork ou qualquer contextualização adicional, vídeos de baixa qualidade, precedidos por publicidade e enfiados em algoritmos, e por aí fora»…
Essa frustração para banda e melómanos é eliminada com a revelação da Radiohead Public Library. A partir de hoje, os visitante do site Radiohead.com poderão criar o seu cartão pessoal, com número de cliente/membro, e aceder a essa preenchida e organizada biblioteca de arquivos da banda, que percorre todo o seu catálogo acompanhada de elementos visuais e outros artefactos correspondentes a cada álbum.
Para celebrar a inauguração da Biblioteca, Colin e Jonny Greenwood, Ed O’Brien, Philip Selway e Thom Yorke irão servir como bibliotecários (cada um durante um dia) entre 20 e 24 de Janeiro. Cada um dos músicos da banda irá apresentar uma selecção pessoal de material de arquivo dos Radiohead através dos canais das redes sociais do grupo.
Por último, para comemorar a efeméride, um vasto número de raridades dos Radiohead, até aqui inéditas, foi feita disponível para streaming e download, incluindo o álbum de estreia, o Drill EP, “I Want None Of This”, da compilação de 2005 “Help!: A Day In The Life” e ainda o EP de remixes de 2011, TKOL RMX.
HARRY PATCH (IN MEMORY OF)
Tendo que escolher uma das raridades que ilustram este excelso arquivo musical, escolhemos “Harry Patch”. Lançado em Agosto de 2009, o single confirmava uma sonoridade mais trabalhada orquestralmente. O título é o nome daquele que era o último soldado vivo que sobreviveu à guerra das trincheiras durante a 1ª Guerra Mundial – dentro dum formato de venda similar ao que havia sucedido com “In Rainbows”, o tema esteve à venda digitalmente no site da banda, com o preço de uma libra inglesa, que revertia para a The Royal Biritish Legion, uma associação de caridade para veteranos de guerra.
A letra do tema coloca-nos na perspectiva de um soldado da 1ª Guerra Mundial, tendo sido revista e modificada pelo próprio Harry Patch. O enfoque é colocado no sofrimento dos soldados anónimos e num profundo desejo de paz, com uma estrofe particularmente marcante: «Give your leaders each a gun and then let them fight it out themselves». O ambiente sonoro, gravado numa abadia inglesa a 25 de Julho de 2009, é construído através dum ensemble de cordas, sem o uso de qualquer elemento tradicional na música rock, que desenvolve um minimalismo denso, tocado pelas linhas simples de voz.
Com os arranjos de cordas totalmente desenvolvidos pelo guitarrista Jonny Greenwood, poderá pensar-se em algo como o seu trabalho na banda sonora de There Will Be Blood, contudo excluindo a voz num falsete feérico de Yorke e essa sensação minimalista que nos aproxima um pouco de momentos duns Sigur Rós. Há também um certo sentido na música que nos reporta para coisas, uma certa estrutura, que a banda fez em temas como “Pyramid Song”, embora “Harry Patch (In Memory Of) seja um tema carregado duma suavidade melancólica muito mais acentuada. A verdade é que é uma das mais belas peças musicais que já surgiram associadas ao nome Radiohead.
Para visitar e obter todas estas preciosidades, Radiohead.com.