Lançado a 20 de Abril de 1993, “Get A Grip”, o 11º álbum dos Aerosmith tornou-se o seu maior sucesso de vendas. Um dos últimos mega álbuns de uma era…
Em 1989, os Aerosmith lançaram “Pump”, o seu 10º álbum de estúdio, e era difícil crer que, depois de temas como “Love In An Elevator”, “Young Lust”, “Janie’s Got A Gun”, “Monkey On My Back” ou “F.I.N.E.”, a banda conseguisse elevar ainda mais a sua sonoridade. Contudo, em 1993 foi editado “Get A Grip”. Para muitos, entre ambos os dois álbuns, com “Toys In The Attic” pelo meio, centra-se a discussão de qual o melhor da banda. Comercialmente não tem paralelo na discografia da banda. Dois anos depois da sua edição já ultrapassara os 7 milhões de vendas (só “Pump” se aproxima) e, actualmente, segue nos 20 milhões em todo o mundo. Foi o primeiro disco da proclamada America’s Greatest Rock and Roll Band a tornar-se #1 nos EUA. Valeu ainda dois Grammy à banda.
Em “Get A Grip”, com níveis de produção ainda mais ricos e com um som perfeito, a banda conseguiu composições mais épicas, basta ouvir as baladas “Amazing” ou “Cryin” e o magnífico “Livin’ On The Edge”, mantendo a força das guitarras do seu hard rock misturado com blues em temas como “Eat The Rich”, “Get A Grip” ou mesmo na outra balada do álbum, “Crazy”. E depois há sempre aquele swing típico da banda, como nos mostram temas como “Shut Up And Dance” ou “Line Up”.
A produção de “Get A Grip” é o marco sonoro e o fim de uma era no hard rock
Tal como em “Pump”, a banda contou com imensos convidados, entre os quais se destaca Lenny Kravitz – que talvez tenha passado despercebido, pois na altura não tinha o reconhecimento actual. Steven Tyler e Joe Perry não tiveram qualquer preconceito em recorrer a grandes nomes da composição, como Desmond Child [KISS, Dream Theater, Bon Jovi, Alice Cooper] ou Taylor Rhodes [Ozzy Osbourne, Journey, Cheap Trick]. Isso permitiu variedade e níveis de frescura dentro da produção de dois álbuns quase gémeos, dos quais “Permanet Vacation” e “Pump” parecem ter sido o tubo de ensaio e “Get A Grip” a experiência finalizada. Também por isso, há quem defenda “Pump” como um álbum melhor, precisamente por ser mais cru, mais focado e menos experimental, é uma questão de perspectiva e preferência, obviamente. Para que não pensem que estamos a tentar mandar aquele ar de durões do rock, a verdade é que, se uma rifalhada como “Eat The Rich”, o glam de “Love In An Elevator” ou o funk de “Dude (Looks Like A Lady)” nos encheram mais as medidas, sentimos falta de outras baladinhas, como a sulista “Crazy” ou a vibrante “Cryin’”.
No fundo, tal como os álbuns dos anos 80, “Get A Grip” também capta o pomposo estilo do hair metal ao mesmo tempo que é capaz de retrospectivar o som original dos Bad Boys from Boston. E depois, Joe Perry. Além dos níveis extraordinários no dinamismo das interacções com Brad Whitford, o guitarrista (filho de um descendente de madeirenses, sabiam?) está com um feeling sem paralelo neste álbum. As notas saem todas quando devem sair e com a intensidade com que devem sair. Incrível. Amazing…
De qualquer das formas, “Get A Grip” tornou-se um marco geracional – haverá alguém na casa dos 40 que não tenha o álbum ou não o conheça de uma ponta à outra? Quanto aos mais novos, há que procurar conhecê-lo até porque este álbum, junto com os “Use Your Illusion” dos Guns N’ Roses ou o homónimo dos Metallica, é um dos últimos a mostrar uma era em que o rock era o género, por excelência, dos grandes investimentos de produção. Nesta altura, era tudo em escala megalómana.