O AL-METAL FEST avança para a sua primeira edição com um luxuoso cartaz composto por algumas das melhores bandas do underground português. O evento realiza-se na Casa das Virtudes, em Faro, nos dias 08, 09 e 10 de Dezembro de 2022.
As hostilidades abrem no dia 08 de Dezembro. E fazem-no em grande estilo com Process of Guilt; The Ominous Circle; Dawnrider; Theriomorphic; Gary Yamamoto e Saci Pererê; Horus; Vil e Anymal Racional. Os Process Of Guilt estão nos esforços promocionais do seu mais recente disco. Intitulado “Slaves Beneath The Sun”, o álbum chegou em Maio de 2022, pela Alma Mater Records, selo independente nacional e é descrito em comunicado de imprensa como «uma experiência sónica que eleva a música a uma nova dimensão de desolação e peso. Profundamente conectado ao processo de culpa que todos nós enfrentamos enquanto estamos na Terra, ‘Slaves Beneath the Sun’ actua como uma viagem através da nossa própria culpa ao longo de seis faixas mais abrasadoras do que qualquer outra coisa que os Process Of Guilt já tenham feito antes. Movendo-se de forma constante através de diferentes dinâmicas, a banda explora uma abordagem vocal mais diversificada, grooves como mantras, uma sessão rítmica esmagadora, um amor eterno por feedback e mais riffs enormes do que se pode pedir em menos de 45 minutos». Tem merecido amplo destaque e imensos louvores nas nossas páginas e é um sério contendente a figurar nas listas de melhores do ano. Eis a recensão que fazemos a “Slaves Beneath The Sun”.
As identidades ocultas revelam músicos que, em “Appalling Ascension”, criaram um álbum com um peso sonoro esmagador e um ritualismo que percorre estéticas do brutal death metal, passando pelo sludge, até ao black metal. Em 2017, com o selo 20 Buck Spin na América do Norte e Osmose Productions na Europa, The Ominous Circle criaram um dos discos do ano e da última década dentro das sonoridades extremas. Muitas vozes refereriam-se a este álbum apontando a sombra dos Morbid Angel. Também afinamos esse diapasão, acrescentando que a banda nacional acrescenta ao death das lendas norte-americanas um manto negro de sub frequências que envolve o seu som com tremenda densidade atmosférica. Destaca-se a tempestade de blast beats de “From Endless Chasms”, o groove gigantesco de “Poison Fumes” (favorita pessoal), os solos de guitarra demoníacos de “As The Worm Descends” e a unidade da banda através das várias dinâmicas que se cruzam nos temas ao longo de todo o álbum. No final de 2021, a banda deixou uma mensagem críptica nas suas redes sociais: «Brewing in the pits, darkness awaits». De facto, está na altura de novas trevas lovencraftianas.
De resto, Dawnrider e Theriomorphic são bastiões de respeito do underground nacional. Os primeiros serão a mais séria proposta portuguesa dentro do doom metal tradicional. Já os Theriomorphic são meio indissociáveis do seu frontman, Jó “Beastlike”. Celebram 25 anos de carreira este ano e o seu álbum “The Beast Brigade” já foi alvo de destaque nestas páginas.
No dia 09 de Dezembro sobem a palco os Serrabulho, Holocausto Canibal, Prayers of Sanity, Inhuman, Okkultist e Shadowmare. Os Serrabulho não são a típica banda sobre a qual nos debruçamos na ROMA INVERSA, não obstante, a sua pitoresca fusão grind/agro-pimba tem conquistado mais e mais fãs a cada concerto que a banda tem dado um pouco por toda essa Europa fora. Os Holocausto Canibal são outro nome venerável no nosso underground e com uma reputação que já extravasa amplamente as nossas reduzidas fronteiras. O álbum “Crueza Ferina” é outro dos grandes trabalhos nacionais de 2022, todavia a banda irá apresentar um alinhamento capaz de abranger os seus 25 anos de carreira. Neste momento, o grupo é um quarteto, contando com Z. Pedro, no baixo, António C. na guitarra, Diogo P. na bateria e Orca R. nos vocais. Esta é a mesma formação que gravou as faixas preparatórias do mais recente disco, além do qual a banda está a preparar uma edição que englobará todos os LPs da sua discografia. Portanto, é bom fazerem as contas a copos, bilhete e estadia, para estarem precavidos. Os Inhuman são outros dos históricos do metal luso, que se reformularam e lançaram recentemente o álbum “Contra”, via Alma Mater – casa também dos Okkultist, que também deverão chegar ao festival com novo álbum para exibir.
No último dia estarão os Toxikull, Seventh Storm, Pitch Black, Buried Alive, Alcoholocaust, Wanderer, Diabolical Mental State e Jarda. As palavras são do Emanuel Ferreira, na LOUD!: «Foram seis singles, editados ao longo de quase dezoito meses. Um gesto inédito por cá, que levou os Toxikull num projecto reactivo à estagnação provocada pela COVID-19. Na recta final, tudo acabou por baralhar-se, mas finalmente está cá fora o último título. “Let There Be Metal” encerra a série “Warriors Collection” com uma curiosa adaptação do clássico “Let There Be Rock”, dos AC/DC. Nas palavras de Lex Thunder, esta é ‘uma versão em formato speed metal do lendário tema, mas com as letras adaptadas para recordar a história do heavy metal’. Agora que a colecção ficou completa, todos os temas serão reunidos numa edição em vinil a sair futuramente». Entretanto, o quarteto de thrashers voltou ao asfalto e depois de concertos avulsos em Portugal e Espanha, prepara-se para a nova digressão, a Metal Defender European Tour 2022. São mais de duas dezenas de datas, a terem início a 28 de Outubro, em Valladolid, Espanha, e a banda vai passar por vários países, tais como França, Bélgica, Alemanha, República Checa e Áustria. O ano será fechado no AL-METAL.
Fazendo, uma vez mais, uso do trabalho de Ferreira e dos nossos comparsas da LOUD!, o novo festival e presenças um pouco por todo o país, marcam o calendário do muito aguardado retorno dos Pitch Black à estrada. Trata-se, nas palavras de Álvaro Fernandes, o guitarrista e timoneiro do grupo, de «tentar recuperar todo o tempo perdido» e, por isso, todos os elementos estão «mais focados em tocar do que propriamente em lançar um novo trabalho». Em declarações à LOUD! o músico referiu que «durante os períodos mais conturbados da pandemia optámos por cancelar todas as datas marcadas devido a toda a incerteza relativamente ao futuro dos espectáculos e às condições dos mesmos. Todas as datas estavam a ser constantemente adiadas e, depois, também não queríamos acabar por tocar para público sentado, ou à mesa. Decidimos entre todos não dar concertos nessas condições e achámos que devíamos esperar por melhores dias. Por todos estes motivos decidimos que, uma vez que regressada a normalidade, deveríamos recuperar tempo perdido, ganhar mais rodagem e também juntar algum dinheiro para a gravação do novo álbum. É que uma banda parada não vende, então esse factor também é importante para a nossa sobrevivência, como é óbvio. Entretanto vamos escrevendo e fazendo umas pré-produções no estúdio do Marco, o nosso guitarrista, de forma a termos material novo quando chegar a altura de gravar».
Os Pitch Black foram mesmo a primeira banda confirmada para este novo evento no calendário metaleiro luso. Fernandes refere-se, por isso, ao significado do apoio dos fãs. Para o público pode não ser perceptível a dificuldade de levantar eventos como este, principalmente agora que os custos de transporte subiram imenso. «É muito complicado, digo eu que não sou promotor de eventos, mas o custo de vida está cada vez mais caro, principalmente o combustível, as portagens e a manutenção dos automóveis. Tudo isso pesa imenso no orçamento, nomeadamente em viagens grandes, que é o caso do concerto em Faro. Actualmente, diria que é simplesmente absurdo suportar uma viagem de ida e volta ao Algarve, aliás já não tocamos lá desde 2004, mas depois também depende da gestão que cada promotor faça e do retorno financeiro que esteja a contar. Pode resultar mesmo sem ter um bilhete a um preço elevado, mas é complicado».
Por fim, destacar ainda a presença dos Seventh Storm. Sendo um elemento crucial dos Moonspell, a mais importante banda portuguesa de metal, durante quase 30 anos, Mike Gaspar estabeleceu finalmente um novo veículo criativo para celebrar o seu amor pelo heavy metal, a sua herança cultural e a sua paixão pela música mais selvagem com raízes profundas no tecido do nosso mundo. Ancorado num forte sentimento de dor e raiva, o primeiro registo do colectivo liderado pelo ex-baterista e fundador dos Moonspell – cuja formação fica completa com Rez na voz, Ben Stockwell e Josh Riot nas guitarras e Butch Cid no baixo –, foi totalmente gravado nos Dynamix Studios em Lisboa, entre Maio e Outubro de 2021, com as misturas a cargo do reputado Tue Madsen. Descritos pela editora como «uma demonstração de pura força de vontade», os temas de “Maledictus” funcionam também como uma verdadeira declaração de intenções, com os quatro músicos a fundirem toda a experiência acumulada no passado com um engenho sem igual para a criação de canções memoráveis, que misturam de forma exemplar peso com melodia. Um óptimo disco de estreia, este “Maledictus” já foi alvo de review na ROMA INVERSA, que será mostrado no festival.

O AL-METAL FEST é uma produção da VectorSound, para cujo e-mail (vectorsoundproductions@gmail.com) devem enviar as vossas dúvidas ou fazer reservas dos bilhetes que, de resto podem comprar na BOL FNAC CTT Worten, El Corte Inglês e em https://vectorsound.bol.pt/. Os bilhetes diários valem €15. O passe para os três dias custa €35 até ao dia 31 de Outubro e sobe depois para os €40. Há ainda a oferta (limitada a 50 unidades) de passe geral com t-shirt e copo incluídos. Vale €45.