Sem a descarga libertadora de energia do seu antecessor, o segundo álbum do renascimento dos Alice In Chains, “The Devil Put Dinosaurs Here” é denso, contemplativo e cerebral. Todavia, as suas ambições são frustradas por alguma tepidez dinâmica.
Este era um dos discos que mais expectativas gerava no universo rocker em 2013, especialmente após o excelente regresso da banda, que se traduziu no álbum “Black Gives Way to Blue” (2009). Aquele que foi o segundo álbum dos Alice In Chains após o hiato que a banda enfrentou devido à morte do seu icónico frontman Layne Staley, foi anunciado em Fevereiro de 2013 e teve edição em Maio desse ano. Os leaks e singles que foram surgindo potenciaram ainda mais essas mesmas expectativas. No final, talvez até pela sua extensão, o álbum acaba por não as cumprir totalmente…
O disco é sólido, mas são 12 temas que ultrapassam largamente os 60 minutos no total. Um álbum que poderia ser mais curto, passe o cliché, e em que muitos dos seus temas não necessitariam de ultrapassar a marca dos 4 minutos, o que acontece a todos eles. Acaba por ser tudo algo avassalador, excessivo, e há temas que acabam por ser algo amorfos, como são exemplo “Phantom Limb” ou “Hung On A Hook”. Talvez seja um álbum mais destinado aos fãs hardcore da banda, um molde (muito) menos perfeito de “Dirt” (1992).
O álbum anterior não colocara em evidência a ausência do famigerado Layne Staley, nem se pode dizer que DuVall não tenha até à data cumprido tudo o que se esperava de si, mas aqui a extensão dos temas coloca mais ênfase nas harmonizações de Jerry Cantrell e esse trunfo, que a banda sempre usou como distracção (ou descontração), torna-se o objecto central das malhas, o que desgasta a atenção na escuta e, em certa medida, as próprias composições, removendo-lhes dinâmica e impacto. Não fôssemos também fãs hardcore de Alice In Chains e a tentação seria usar a palavra tédio.
“The Devil Put Dinosaurs Here” soa mais a uma recaída de Cantrell à obsessão de repetição dinâmica que denotou no trabalho a solo, “Degradation Trip” (2002), que a uma continuação do trabalho feito no seu antecessor de 2009. Não deixa de ser curioso que, e apesar de ser uma crença deste que vos escreve em relação a qualquer disco, o álbum soa substancialmente melhor consoante arriscamos exagerar o volume, essencialmente na respiração que ganha o som de bateria. Essa característica não será um acaso. O disco, recorde-se, foi gravado em Los Angeles, com o produtor Nick Raskulinecz, que já se focara em bandas com os bateristas como protagonistas, caso dos Foo Fighters ou dos Rush, e também assumira as rédeas de estúdio no disco anterior dos Alice In Chains.