Grady Champion, único guitar tech que Dimebag Darrell teve em toda a carreira nos Pantera, confirmou que vai juntar-se à equipa que levará a reunião da banda para a estrada e garantiu que Zakk Wylde terá acesso ao gear do falecido guitarrista. Principalmente aos efeitos, que aqui revisamos.
Os rumores de uma reunião dos Pantera já vinham desde 2014, durante uma digressão dos Down e Black Label Society em que Phil Anselmo se juntava regularmente à banda de Zakk Wylde para tocar “I’m Broken”, clássico dos texanos. A intensidade dos rumores aumentou nessa mesma digressão quando, na passagem pelo Texas, Rex Brown se juntou à jam. Fast forward e algumas semanas atrás foi anunciado que Rex Brown e Phil Anselmo decidiram reactivar os Pantera. Pelo menos para uma digressão em 2023. De acordo com a Billboard, o duo assinou com a Artist Group International, para agendar datas, pelo menos, nos Estados Unidos. Os seus agentes serão Dennis Arfa e Peter Pappalardo. Este último declarou «estar excitado por trabalhar com uma banda tão icónica e trazer a sua música de volta aos fãs». Na bateria estará Charlie Benante [Anthrax], enquanto a posição de guitarrista será ocupada por Zakk Wylde.
Grady Champion, antigo guitar tech de Dimebag Darrell, também vai estar envolvido na reunião da banda e revelou que Zakk Wylde irá utilizar algum do equipamento de Dimebag na digressão que irá trazer de volta os Pantera. O anúncio foi feito nas redes sociais de Champion. Ainda que aquele que foi o único guitar tech de Dimebag em todos os anos de carreira da banda texana não vá substituir o próprio técnico de Wylde, ficando encarregue de ajudar a equipa a ajustar os efeitos e assegurar que o carácter sónico do falecido guitarrista estará o mais próximo possível de ser recordado.
Numa declaração publicada no Instagram, Champion revelou que lhe tinha sido concedido acesso ao equipamento do Dimebag pela namorada do músico, Rita Haney, que é a fiduciária da sua propriedade: «Para todas as pessoas a quem não tenho respondido e para qualquer outra pessoa que esteja interessada. Há uma cena que vou fazer. Vou estar na tour dos Pantera. @[Rita Haney] deu-me acesso a algum do equipamento do Dime e vou trazê-lo para o Zakk. Não sou o seu técnico, ele tem um bom para caraças há muito tempo. Para já, o plano por agora é que trate dos efeitos e ajude a trazer o som dd Dime para a festa».
Na longa publicação, fica por esclarecer qual o gear exacto que será usado e se, por exemplo, Zakk Wylde vai usar os seus modelos da Wylde Audio/Schecter Guitars ou se irá munir-se de algum velho modelo Dean de Dimebag. Champion refere que esses detalhes ainda estão por determinar. O que o guitar tech garante é que, ao contrário do que tem sido sugerido por muitas vozes críticas, esta decisão de ressuscitar os Pantera não se trata de oportunismo financeiro. «Comecei com os Pantera e vou retirar-me com os Pantera. Não sabia a coisa ‘certa’ a pensar, a dizer, a fazer. Quando vi a manchete como qualquer, vomitei, as palmas das mãos suadas, o coração a passar-se, pois tinha visto essa manchete 1000 vezes nos meus pesadelos. Depois de assentar e de falar com toda a gente, senti que seria uma loucura empinar o nariz e mandar foder isso. Preciso de estar envolvido SE for necessário e acontece que sou necessário e estou a fazê-lo. Qualquer pessoa que fale em ‘sacar dinheiro’ não tem noção da realidade. De quanto é exigido das pessoas para o fazer. Mais dedicação que alguma vez se viu, lágrimas, tudo isso. Se querem odiar, não vão, não quero saber. Se querem experienciar Pantera, é agora. Estamos a trabalhar infernalmente e vamos dar tudo o que há para dar. O Philip, o Rex Brown, o Zakk e o Char Benante vão conseguir».
A decisão do guitar tech juntar-se à digressão tem sido amplamente elogiada. Em resposta ao post, Scott Ian, colega de Benante nos Anthrax escreveu: «O som dele [Dimebag] é, literalmente, a pedra angular de tudo isto… E é realmente fantástico que vás estar lá». No mesmo sentido, Christian Olde Wolbers, dos Powerflo, comentou: «Nunca estaria perto daquilo que era sem ti, meu. És a extensão do Dime e do seu som. Acho que o Zakk também devia usar a guitarra do Dime – como disseste, a experiência completa». Outros fãs de Pantera que se tinham mostrado cépticos em relação à reunião também manifestaram a sua aprovação. Um escreveu: «[Este é] literalmente, o primeiro post que me fez sentir bem sobre isto».
No final de contas, concretamente que efeitos se notabilizaram no som de Dimebag Darrell? Sem aprofundar muito e sem esmiuçar coisas utilizadas pontualmente, não foram muito mais que uma mão cheia de unidades e diríamos que apenas três delas vão necessitar de uma monitorização atenta de Champion, na sua interacção com os amplificadores, até porque os pedais que o texano usava estavam mais ligados a essa dinâmica. Os amps, como é sobejamente reconhecido e considerando a era entre “Cowboys From Hell” e “Far Beyond Driven”, tratavam-se principalmente de unidades Randall, do RG100 ao Century 200. Se Wylde não usar amps da Randall, poderá optar por fazer o mesmo que Dimebag nos seus últimos anos, em que desenvolveu com a MXR e passou a usar o DD11 Dime Distortion, pedal de distorção que procurava replicar o carácter solid-state dos amps. Ora, antes do seu sinal chegar a qualquer amp, Dimebag usava um pedal equalizador (normalmente também MXR) como boost e para moldar o seu som, esculpindo magistralmente os graves e criando um poderoso foco nos médios.
Quanto aos restantes efeitos, Zakk Wylde até poderá usar o seu wah de assinatura, em vez do Cry Baby From Hell, o wah com a assinatura de Dime, mas será difícil ter uma malha como “Becoming” e sacar aquelas icónicas estridências sem usar um Whammy. A jóia da coroa de tudo isto eram os já descontinuados (e agora raríssimos9 processadores analógicos Flanger/Doubler da MXR. Nos Pantera, Dime apenas usava a função Doubler e, basicamente, estava sempre ligado para dar espessura ao seu som. Já agora fica a dica: com a licença oficial da Dunlop, a Unuiversal Audio criou um soberbo plug-in dessas unidades.