João Brandão (Arda Recorders) e Guilhermino Martins (Blind & Lost Studios) no Circuito Malmandado, revelando distintos percursos e filosofias de produção musical no eixo do Douro e Trás-os-Montes.
O Circuito Malmandado é uma plataforma digital gratuita que pretende documentar os processos de criação e identificar intervenientes da música independente em Portugal. Por aqui, já apresentámos episódios dedicados a bandas, a editoras e até a estúdios, casos do Hertzcontrol ou Arda Recorders. Também demos conta de quando o Circuito aproveitou para visitar alguns locais de culto para verdadeiros melómanos, lojas de discos da vizinhança onde, fora dos catálogos massificados da grandes cadeias espalhadas pelo país, se pode encontrar aquele 7”, 10” ou 12” mais recôndito. A plataforma tem continuado a revelar novos episódios, documentários, rig rundown ou entrevistas e, recentemente, revelou as suas conversas com João Brandão e Guilhermino Martins, dois sonoplastas de carácter distinto, cujo dedos vão deixando impressão digital em inúmeros trabalhos no underground musical português. Estas entrevistas são uma excelente oportunidade para absorver diferentes filosofias de produção musical.
João Brandão fundou, no Porto, os estúdios Sá da Bandeira e, em 2017, o Arda Recorders. Produtor, engenheiro de som e mistura, trabalhou com artistas de todos os géneros. Apaixonado por gravação analógica e técnicas criativas de estúdio, criou um espaço à medida, que incita à inspiração, às experiências, que alia a técnica às possibilidades da imaginação. Nesta entrevista, o Odair Lisboa senta-se com João Brandão para falar do seu percurso, desde jovem músico até produtor musical, à frente de um dos estúdios mais apaixonantes da cidade do Porto.
Metaleiro old school e amizade de longa data deste que vos escreve, Guilhermino Martins é músico e produtor de Santa Marta de Penaguião, uma vila situada na Zona Demarcada do Douro, distrito de Vila Real. Só por isso, um brinde! Foi membro fundador de ThanatoSchizO, banda que esteve activa entre 1997 e 2011 e cujos discos cresceram progressiva e exponencialmente – ainda que o Guilhermino saiba que, por aqui, o death metal e rudeza stoner do EP “Melégnia” permaneça como mais acarinhado trabalho. Em 2013, integrou os Serrabulho . Conhecido projecto português de um género que apelidam de “Party Death/Grind”, música extrema cheia de fortes raízes transmontanas, de repente uma gaita de foles, um adufe ou um rabel, e ali no meio um provérbio e uma tradição popular. A performance em palco, notória pelo humor e o exotismo, já percorreu mais de 17 países e têm três discos lançados (Ass Troubles, em 2013; Star Whores, em 2015; Portugal, em 2018) e um split (Grind is love, em 2016). No ano 2000 criou os Blind and Lost Studios, um espaço criado à medida onde grava, mistura, masteriza e produz projetos de diversos géneros e oriundos de várias partes do globo. É lá também que Guilhermino vai passando o seu conhecimento às gerações mais novas, com a estrutura a funcionar como uma espécie de Escola de Rock e Metal (em instrumentos como guitarra, baixo, bateria, piano/teclados e engenharia de som), e ainda como sala de ensaios para as bandas da região.
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