Grindead, Culture Decline/Machines Arise

O álbum de estreia dos Grindead, “Culture Decline / Machines Arise”, é uma abrasiva colecção de jardas que misturam death, grind e d-beat.

Formados em 2018, os Grindead são um nome relativamente recente na cena portuense que, em jeito de super-grupo, reúne nomes associados ao efervescente underground do norte do país. Luís Gonçalves (voz), Mário Ribeiro (guitarra), David Teves Reis (baixo) e Miguel “M&Ms” Brandão (bateria) debitam death/grind como manda o cânone, com violência e destreza técnica. No currículo dos seus elementos constam passagens por nomes como Genocide, Web, Raising Fear, Agnosia, Lost Gorbachevs, Hospital Psiquiátrico, Bal-Onirique e Assassiner. Em Março de 2019 chegou o primeiro registo, um curto trabalho homónimo com cinco temas, captados em live take, também editado pela Larvae Records.

Gravado, misturado e masterizado por Luis Barros, nos Rec’N’Roll, histórico estúdio na cena headbanger portuguesa, o álbum segue na linha daquilo que se ouve na demo de 2019, mas desta vez com ainda maior fidelidade na produção. Traduzindo por miúdos, mais dinâmica e articulação, permitindo fazer sobressair um tremendo groove. Esse é o traço mais marcante do disco e no qual se congregam as valências e influências de cada um dos batidos músicos, com as guitarras a exalarem poder e com a secção rítmica a destratar-nos com arrogante violência gratuita que navega entre convulsos blast beats e glorioso d-beat.

O death e o grind, as referências à esconjuração de escumalha dos Napalm Death, são os suportes que sustentam um gigante caldeirão de onde exala uma profusão de estéticas como o sludge e o crust (mais intuídos que efectivos). Amiúde, com “Scenario Of Total Resignation” em destaque, sentem-se os anos dourados dos Gorefest. Talvez porque o espectro vocal de Luís Gonçalves nos remeta para Jan-Chris de Koeijer. Os hammer-ons e pull-offs de “The Flood” remetem-nos para “The Bleeding”, o mais glorioso dos trabalhos de Cannibal Corpse.

Abusamos das referências apenas para situar aqueles que se deparem a primeira vez com este disco. Porque, uma vez mais, o groove, a excelência de execução instrumental, aliada à crudeza e ferocidade do som, emprestam uma aura de enorme carácter aos Grindead. Desde os avassaladores breakdowns de “The Great Territory”, às irresistíveis síncopes de “Death Calling”. “Culture Decline/Machines Arise”, dois dos maiores momentos registados nesta magnífica e super coesa colecção de malhões.

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