Ian Gillan Recorda Dias de Cão

Ian Gillan recordou o seu início de carreira, antes dos Deep Purple, e a dieta composta por biscoitos para cães que os seus bolsos vazios impunham…

Quando falamos de rockstars, muitos pensam nos luxos extravagantes que costumam estar associados ao estatuto. Mansões, modelos, bólides, riqueza. Faz parte do pacote, em certa medida. Todavia, a grande maioria das bandas tem esses cenários elísios tão longe do seu alcance como qualquer outro dos comuns mortais. Ao invés, a vida de uma jovem banda em digressão faz-se de dormir nas traseiras de autocarros de digressão apertados (e um autocarro já é elevar a fasquia), incapazes de pagar hotéis confortáveis, usar a mesma roupa interior durante dias, ser pago miseravelmente, quandos e é pago, enfim… Tudo menos glamour.

Uma coisa é certa, no rock ‘n’ roll está para surgir a banda que, por maior estatuto que tenha adquirido, não sofreu na pele as agruras do início de carreira. Mesmo quando essa banda se chama Deep Purple. Ian Gillan, o quase-eterno frontman da banda, recordou em entrevista com a MOJO que no início da sua carreira era pobre como Job, o desgraçado patriarca bíblico, e que a sua dieta chegou a ser complementada com biscoitos para cães. Todavia, apesar das dificuldades, Guillan refere estoicamente que «a adversidade faz parte da diversão. Não se pensa que assim seja, na altura, mas é». As coisas começaram a melhorar em 1969, quando Gillan e o baixista Roger Glover, que tocaram juntos nos Episode Six, substituíram o frontman original dos Deep Purple, Rod Evans, e o baixista Nick Simper, formando o clássico “Mark II”, juntamente com Ritchie Blackmore, Jon Lord e Ian Paice.

Reflectindo sobre esse momento crucial na sua carreira, Gillan diz: «Fiquei assustado e entusiasmado. Pensei, ‘É a isto que tudo tem estado a convergir’». Mesmo atingido o sucesso – o grande breakthrough surgiu em 1971 – a luta e as dificuldades são sempre uma constante, tanto que a certa altura, o vocalista chegou a afirmar que «preferia cortar a garganta a cantar novamente com aquela banda [Purple]». Nos dias de hoje, apesar de décadas de muitos altos e baixos, Gillan diz que ainda gosta de tocar com o grupo, mas admite: «Não consigo imaginar nenhum de nós a ser socialmente próximo, se não estivéssemos nos Purple. O elo de ligação é a música e o humor. Estou a relativizar um pouco, mas adoro absolutamente fazê-lo».

Recentemente chegou aos escaparates o primeiro álbum de covers dos Deep Purple. Produzido por Bob Ezrin, “Turning To Crime” inclui versões de temas como “Oh Well”, dos Fleetwood Mac, “Watching The River Flow”, de Bob Dylan, “Let The Good Times Roll”, de Ray Charles & Quincy Jones, “White Room”, dos Cream ou “Shapes Of Things”, dos Yardbirds.

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