James Hetfield

James Hetfield, «É Inútil Tentarmos Ser os Mais Rápidos ou os Mais Pesados»

Na digressão de “…And Justice For All”, devido a temas cada vez mais longos e tecnicamente exigentes, os Metallica estavam à beira da exaustão. A decisão que tomaram em relação à sua música, tornou-os no maior fenómeno de sempre no heavy metal. James Hetfield explica a mudança radical que resultou no Black Album.

A mudança dos Metallica, das suas raízes thrash metal para a criação de malhas com maior apelo mainstream, no Black Album permanece como uma das evoluções mais controversas e bem sucedidas da história da música contemporânea. Por um lado, os Four Horsemen irritaram muitos puristas, fazendo com que as vociferações que lhes chamavam «Sell-out!», que perseguiam a banda desde o surgimento das guitarras acústicas em “Ride The Lightning”, se tornassem ainda mais ruidosas. Por outro lado, essas vozes eram sussurros quando comparadas com os rugidos de aclamação de legiões de público nos estádios que James Hetfield & Co. passaram a encher noite após noite.

No entanto, o Black Album nunca foi apenas um disco idealizado para tomar as rádios de assalto. Os Metallica explicaram já que o álbum nasceu verdadeiramente durante a digressão de “…And Justice For All”, na qual estavam a tocar malhas prog/thrash de dez minutos em todos os concertos e a ficar absolutamente exaustos com isso. Uma entrevista em vídeo (no player seguinte) de 2018 com James Hetfield, também lança alguma luz sobre o motivo pelo qual a banda optou reduzir os bpms e abraçar a simplicidade em 1991.

Durante a conversa, o jornalista David Fricke comenta com James Hetfield: «Disseste-me isto [em 1988]: ‘Vai haver sempre alguém mais rápido do que tu’. Parecias aperceber-te disso mesmo já na digressão do Justice, o que sugere que o que viria a ser o Black Album já estava a germinar».

«Concordo. A competição é uma coisa boa. Fomos alimentados por muito ódio e muito medo de não sermos suficientemente bons. Essas duas coisas combinadas levaram-nos até onde precisávamos de estar para o “…And Justice For All”. Mas, ao fim e ao cabo, percebemos: ‘O que estamos a fazer? Ouviram esta outra banda? Eles são mais rápidos que nós. E daí! Que mais é que temos?’», responde James Hetfield.

O frontman dos titãs do heavy metal recorda o que a banda decidiu, diante dessa realização: «’Vamos tornar isto mais musculado, mais poderoso!’ Isso ajudou-nos a mudar de direcção e a perceber que era um objectivo inútil tentar ser os mais rápidos ou os mais complexos, ou ter o riff mais demente do planeta. Essas são coisas finitas – vamos apenas ser nós próprios e ser honestos connosco».

No final, o resultado desse processo que James Hetfield refere como os Metallica a tentarem ser honestos com eles próprios foi um dos discos de maior sucesso comercial e aclamação crítica de todos os tempos. O lançamento do Black Album em 1991 deu aos Metallica o seu primeiro álbum #1 em nada menos do que 10 países, incluindo uma corrida de 4 semanas em #1 nos EUA, e a sua série extraordinária de singles – “Enter Sandman”, “The Unforgiven”, “Nothing Else Matters”, “Wever I May Roam”, e “Sad But True” – alimentou a ascensão da banda a uma dimensão que poucos artistas atingiram, assumindo o protagonismo em estádios e rádios de todo o mundo.

30th Anniversary & Blacklist

Para comemorar o 30º aniversário deste colosso multi-platinado e ultra vencedor dos Grammy, a banda trabalhou na mãe de todas as reedições. Remasterizado para a melhor qualidade sonora, o Black Album estará disponível em múltiplos formatos, incluindo duplo LP de 180, CD e 3 CD Expanded Edition, versão digital e a gargantuesca Limited Edition Deluxe Box Set (contendo o álbum remasterizado em 180G 2LP; um picture disc; três LPs ao vivo; 14 CDs e 6 DVDs que incluem pré-misturas, demos, entrevistas, concertos, outtakes, bastidores, e vídeos oficias; e ainda um livro de capa dura de 120 páginas, quatro laminados de digressão, três litografias, três palhetas de guitarra, uma pasta com as letras e um cartão de download).

Entre as muitas pérolas e preciosidades encerradas nesta reedição, por exemplo, está uma versão demotape do tema que tem um dos riffs mais famosos de todos os tempos, “Enter Sandman”, aqui gravado por James Hetfield e Lars Ulrich na cave do baterista a 12 de Julho de 1990 e que podes disparar no player seguinte.

Além desta remasterização, a reedição do 30º Aniversário do disco estará acompanhada do álbum “The Metallica Blacklist”, um companion disc que, mais que um álbum de tributo, deixa bem claro o alcance dos Metallica e o quão determinante foram com este trabalho. Numa acção sem qualquer precedente na história da indústria da música, o Blacklist irá reunir mais de 50 artistas de todos os quadrantes do planeta e da música, cada um deles tendo gravado uma reinterpretação do seu tema favorito do clássico álbum dos Metallica.

O disco Metallica Blacklist oferece novas dimensões e perspectivas ao trabalho discográfico que catapultou a banda para o mainstream, mantendo o seu carácter apelativo e clássico e a força inabalável das suas doze canções. St. Vincent, Ghost, Mac DeMarco, Miley Cyrus, Elton John, Royal Blood, Jason Isbell, Biffy Clyro, Portugal. The Man e Imelda May, entre muitos outros, deixam claro o impacto do disco no punk, indie, country, hip hop, rock, metal e até na world music.

Os lucros que o disco obter através da venda de cópias físicas, downloads ou streaming digital irão reverter para caridades escolhidas por cada um dos artistas e para a All Within My Hands Foundation, dos Metallica. Podem descobrir mais sobre o lançamento e fazer encomenda no site oficial.

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