“La Realidad De Los Sueños” ainda não traz música nova, mas traz bastantes inéditos e raridades, reunindo a discografia completa dos The Mars Volta num luxuoso volume de vinil. Momento, para recordar ainda a Ernie Ball/Music Man de assinatura de Omar Rodriguez-Lopez.
Nascida, dos resquícios da banda At the Drive-In, em 2001, os Mars Volta gravaram 6 álbuns. A boa recepção de “De-Loused in the Comatorium”, editado em 2003, culminou no sucesso da banda. Em 2009, o tema “Wax Simulacra” ganha um Prémio Grammy para Melhor Performance Hard Rock. Só depois do lançamento de “Noctourniquet” surgem os conflitos e o consequente fim da banda. Foi em 2013 que Omar Rodriguez-Lopez decidiu fundar uma nova banda – os Bosnian Rainbows. Isso fez estalar o verniz entre Omar e o seu companheiro em Mars Volta, Cedric Bixler-Zavala. Este último decidiu mesmo anunciar o final dos The Mars Volta através de uma declaração no seu Twitter, na qual acusa Omar de falta de compromisso: «É suposto ser uma dona de casa do prog que vê o seu parceiro ir “dar umas” com outras bandas e não me importar?»
Na altura, no comunicado no Twitter do músico podia ler-se ainda: «Obrigado a todos os fãs, vocês mereciam muito mais após a forma como torceram por nós após o último álbum, dei o meu melhor para continuar. Ao invés tudo o que temos são os Bosnian Rainbows. Já não consigo fingir mais. Já não faço parte dos The Mars Volta. Agradeço-vos honestamente a todos por terem comprado os nossos discos e terem aparecido nos concertos. Foi o máximo ter tocado diante de vós.» No entanto, os músicos pacificaram a sua relação logo no ano seguinte, quando Cedric Bixler-Zvala e Omar Rodriguez-Lopez voltaram a reunir-se juntamente com o baterista David Elitch. O novo projecto “Antemasque” contava também com a participação de Flea, dos Red Hot Chili Peppers. Os músicos focaram-se novamente nos At the Drive-In, passando inclusivamente em Portugal, num infame e extraordinário concerto, que vale a pena recordar…
Muito se referiu o “efeito pinheiro” do concerto dos Pearl Jam no NOS ALIVE ’18 e nenhum outro concerto terá sido tão afectado como o de At The Drive-In, no Palco Sagres. Com Vedder e companhia a alargarem consideravelmente o seu set, a banda liderada pelo irascível Cedric Bixler-Zavala começou quase meia-hora depois do horário marcado. Segundo algum “diz-que-disse”, os At Drive In armaram confusão no backstage, recusando-se subir a palco sem ninguém presente e com os Pearl Jam ainda a tocar. E, antes de “One Armed Scissor”, o tema que encerrou um curtíssimo concerto, Bixler-Zavala atirou culpas à organização e à banda de Seattle: «Queríamos tocar mais para vocês, mas a m*erda dos Pearl Jam demorou demasiado. Culpem esses gajos (enquanto apontava para os logos que ladeavam o palco). Fiquei sem cú, para o Eddie Vedder», exclamou enquanto baixava as calças e dizia que o concerto de Pearl Jam foi quase tão longo como o seu pénis.
Por essa altura, a plateia estava reduzida a cerca de duas centenas de pessoas, após alguns incautos terem fugido, literalmente, do estridente vendaval post hardcore promovido pela banda. À nossa frente um trio de amigos, torcia os narizes uns aos outros enquanto se apressava a abandonar o espaço. Com o backline completamente envolto em filme extensível de plástico, os At The Drive In foram frenéticos e o seu frontman esteve maníaco durante o concerto. Duvidamos que o microfone que usou tenha sobrevivido à porrada que levou. “Sleepwalk Capsules”, “Pendulum In A Peasant Dress”, “No Wolf Like The Present” e pouco mais, misturaram o feroz “Relationship of Command” com “In•ter A•li•a”, o recente álbum que quebrou um hiato de 17 anos. A selvajaria de médios e agudos manteve os fracos à distância do concerto da banda mais deslocada em todo o festival.
Para os que suportaram três dias de festival para os ver, o concerto foi explosivo, mas soube a pouco. Para aqueles que são mais adeptos de Mars Volta, a aura de alguma “rebaldaria” desse concerto não dava muita esperança em relação a compromissos futuros. Até que…

Após oito anos, eis “La Realidad De Los Sueños”, um impressionante volume de 18 LPs que chegou no dia 23 de Abril de 2021 e inclui a discografia completa da irreverenete banda, além de material inédito. O título é emprestado das letras de “Concertina”, tema do EP “Tremulant”, de 2002. Esta luxuosa colecção teve edição limitada de 5 mil cópias. Os discos surgem em luxuoso vinil de 180 gramas e acompanhados de um livro de fotografias, via Clouds Hill, e havia a opção de optar por um bundle que inclui mais merch da banda.
Além de “Tremulant”, “De-Loused in the Comatorium”, “Frances the Mute”, “Amputechture”, “The Bedlam in Goliath”, “Octahedron” e “Noctourniquet”, a caixa inclui o inédito “Landscape Tantrums”, que reúne as gravações originais incompletas de “De-Loused”. Também dessas sessões estará disponível a raridade “A Plague Upon Your Hissing Children” e uma versão alternativa de “Eunuch Provocateur”. Se, apesar de tudo isto, preferiam mesmo era ouvir música nova dos Mars Volta, em 2019 Bixler-Zavala deixou uma sugestão sobre isso, de que estava a trabalhar num novo disco com Rodríguez-López: «Estamos na cozinha a descobrir novas formas de fazer lançamentos laterais».
Há mais boas notícias, no entanto. Sendo de esperar que poucas ou nenhumas das 5 mil cópias de “La Realidad De Los Sueños” tenha chegado aos comuns mortais, pelo menos ganhou-se o direito a poder usufruir do supracitado inédito álbum “Landscape Tantrums”. Na verdade, tratam-se das gravações que a banda fez antes de entregar a produção do disco a Rick Rubin, acabando então por avançar para o título conhecido até aqui. O álbum, no seu estado pré-Rubin, teve direito a edição digital separada da colecção maior. Estreou no dia 23 de Abril. «Quem ouvir estes temas poderá vislumbrar a alma de Omar naquela época. É uma parte nuclear na história da banda. As gravações provam o quanto a banda tinha para dar, ainda que mal tivesse começado», referiu Johan Scheerer, um dos directores da Cloud Hill, a editora destes novos discos, à Rolling Stone.
MARIPOSA
Neste contexto, vale a pena recordar a extraordinária Mariposa, a guitarra de assinatura de Omar Rodríguez-López de 2019. O guitarrista dos Mars Volta e At The Drive-In criou o design com a Ernie Ball Music Man, que disponibilizou estes modelos offset em quatro acabamentos. Possui um corpo super leve em mogno africano, com um formato offset retro-futurista. Além disso, Mariposa tem que ser o nome mais fixe de sempre para um modelo de guitarra (talvez descontando Firebird). Há dois modelos diferentes, o Deluxe ou o Standard. A Mariposa Deluxe surge nos acabamentos Imperial Black ou Imperial White. possui controlos e hardware dourados. A Mariposa Standard está disponível nos acabamentos Dorado Green ou Pueblo Pink, com controlos e hardware cromados. Sinceramente, todas as opções são uma cena. Destaca-se o pickguard com os motivos florais gravados a laser, o braço burnt maple e a escala em ébano.

As guitarras partilham também afinadores Schaller e sistema floating tremolo com dois pontos de fixação, além de um par de Ernie Ball Music Man Humbuckers e o respectivo selector de três posições. Já agora, o braço das guitarras é polido a cera. O braço é um bolt-on com cinco parafusos e o acesso que permite aos frets mais agudos salta à vista. Por falar nisso, as guitarras possuem escala de 25.5” com 22 trastes elevados e de largura média; truss rod ajustável; botões de volume com largura de 500k, oferecendo enorme controlo de gain.
A Mariposa Standard vale aproximadamente €2,659. A Deluxe cerca de €2,759. Mais info e specs na Ernie Ball Music Man.
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