Manel Cruz é um dos ícones do rock português, com uma linguagem musical e poética inimitáveis, e um acérrimo defensor da contracultura. Joaquim Durães idealizou uma das mais importantes editoras independentes no panorama nacional, a Lovers & Lollypops. Estão entre os mais recente convidados do Circuito Malmandado.
O Circuito Malmandado é uma plataforma digital gratuita que pretende documentar os processos de criação e identificar intervenientes da música independente em Portugal. Por aqui, já apresentámos episódios dedicados a bandas, a editoras e até a estúdios, casos do Hertzcontrol ou Arda Recorders. Também demos conta de quando o Circuito aproveitou para visitar alguns locais de culto para verdadeiros melómanos, lojas de discos da vizinhança onde, fora dos catálogos massificados da grandes cadeias espalhadas pelo país, se pode encontrar aquele 7”, 10” ou 12” mais recôndito. A plataforma tem continuado a revelar novos episódios, documentários, rig rundown ou entrevistas como aquelas com João Brandão e Guilhermino Martins, dois sonoplastas de carácter distinto, cujo dedos vão deixando impressão digital em inúmeros trabalhos no underground musical português. A ideia de internevientes da música independente em Portugal é mais alargada em outras duas recentes conversas, onde os protagonistas são dois fotógrafos, nomeadamente Pedro Roque e Vera Marmelo.
«E um dia ainda se vão inventar palavras só para caracterizar a genialidade das suas letras, obras de arte em estado cru, emoções sem artifícios, são o que são», assim apresenta o Circuito Malmandado um dos seus mais recentes convidados. Manel Cruz nasceu sob o signo da liberdade, corria o ano de 1974. Ainda se dedicou, com sucesso, à banda desenhada, mas foi na música que se destacou, como vocalista, guitarrista e letrista, com a formação de Ornatos Violeta em 1991, durante 11 anos. Integrou as bandas Foge Foge Bandido, SuperNada e trabalha actualmente num projeto a solo, Pluto.
A sua postura de acérrimo defensor do underground e da contracultura valem ainda mais admiração, pois nunca se tratou de algo circunstancial, mas de autêntico credo, bastando recordar a forma como defendeu com unhas e dentes os trabalhadores precários da Casa da Música, na ressaca das atitudes de repressão da direcção a protestos ordeiros que pediam melhoria das condições laborais. Mas também no apoio que prestou a pequenos clubes como o Barracuda ou o Woodstock 69 no pico da crise pandémica. Nesta entrevista, na Musicoteca do M.Ou.Co, o Manel Cruz conta ao Circuito Malmandado algumas aventuras da sua carreira.
Com mais de uma década de experiência nos bastidores das indústrias criativas, Joaquim Durães é diretor artístico, manager, agente, produtor e programador. Corria o ano de 2005 quando, depois de participar no circuito independente de Barcelona, voltou a Portugal com novas ideias e objetivos, e o resultado já se conhece. A Lovers & Lollypops ocupa hoje um lugar de destaque na cena musical portuguesa, destacando-se pelo seu espírito eclético e uma incessante procura de novas ideias e linguagens. Como codirector da Lovers & Lollypops é de assinalar a sua atividade editorial, com quase cem discos editados e os festivais Milhões de Festa e Tremor, ambos referências incontornáveis na atividade independente nacional. O contributo notável de Joaquim Durães para a cultura portuguesa inclui ainda colaborações, como curador e programador, com entidades como a Casa da Música, Plano B, VICE Portugal ou Red Bull Portugal.
2 pensamentos sobre “Manel Cruz & Joaquim Durães no Circuito Malmandado”