Impulsionados por um projecto de Henrique Amaro e André Tentugal, os Mão Morta juntaram-se a Pedro Sousa nos Arda Recorders, para criar os exploratórios temas de “Tricot”. O disco chega agora em edição limitada via Rastilho.
A “ESFERA” é um projecto que «junta nomes da música portuguesa que ainda não se tinham encontrado em estúdio». Colaboram nesta actividade «artistas de vários quadrantes e géneros do universo musical» português, entre os quais, Sensible Soccers com Carlos Maia Trindade, Mão Morta com Pedro Sousa, Joana Gama com Angelica Salvi, Miramar (dupla que junta Frankie Chavez e Peixe) com JP Simões, Adolfo Luxúria Canibal e Haarvol e ainda Manel Cruz com Miguel Ramos e André Tentugal. O projecto resulta de uma residência artística levada a cabo no Estúdio Arda Recorders, em Campanhã, Porto, durante três dias.
Cada um dos grupos de artistas gravou dois temas inéditos a editar numa colecção de edição limitada e exclusiva em vinil, dedicada a cada um dos participantes, a sair desde Abril. Com direcção e curadoria de André Tentugal e Henrique Amaro, o projecto ruma no «sentido de criar soluções de alta qualidade e total liberdade criativa para a gravação, edição e comunicação de novos fonogramas, promovendo também a proximidade entre músicos que, em muitos casos, nunca antes tinham trabalhado juntos». A iniciativa faz parte do programa Garantir Cultura, promovido pelo Ministério da Cultura em 2021. Com design e identidade visual da autoria do Studio Dobra, todos os temas gravados vão também ter direito a vídeos realizados por André Tentugal. O realizador acompanhou todas as sessões em estúdio com os vários músicos e retratou o ambiente vivido nestas sessões, assim como o processo criativo de cada grupo.
As edições em vinil serão da responsabilidade de cada artista e/ou dupla criativa e uma das primeiras a chegar é a de Mão Morta e Pedro Sousa. As lendas bracarenses abodarm o seu disco, em comunicado. «’Tricot’ surgiu como resposta a um estímulo de Henrique Amaro e André Tentúgal, quando convidaram os Mão Morta para integrar o seu projecto ‘Esfera’ – a ideia era proceder à gravação e edição simultânea de 5 máxi singles com temas originais de 5 artistas diferentes, contando cada um desses discos com a colaboração de mais um artista convidado. Para o nosso disco pensamos de imediato em Pedro Sousa por ser saxofonista e um músico que junta o improviso e a electrónica de uma forma que muito apreciamos. Isso enquadrava-se na nossa vontade de jogar com novos timbres e de interpretar temas onde a electrónica e o improviso fossem determinantes, saindo da nossa zona de conforto».
A banda detalha também um pouco da dinâmica criativa das sessões. «O Miguel Pedro compôs duas bases electrónicas e o António Rafael outra e foi sobre estas bases que assentaram os improvisos colectivos de todos os músicos envolvidos, quer dos Mão Morta quer de Pedro Sousa. Estes improvisos obedeceram ainda assim a algumas guidelines e orientações de produção dadas por Miguel Pedro, de forma a dar coerência a cada tema e aos temas entre si (tipologia de timbres, sons mais drones ou mais noisy ou mais ambientais, ritmos mais partidos ou mais directos, em função da dinâmica pretendida). Para cada base Adolfo Luxúria Canibal construiu um texto recorrendo às técnicas do desvio e do cut-up, que posteriormente montou e transformou para dar narrativa visual à tensão sonora instalada».
«Não existiram ensaios prévios e nenhum dos músicos conhecia as bases electrónicas que serviram de suporte aos temas – aliás, nenhum dos músicos fazia ideia do que iria fazer quando as sessões de gravação se iniciaram. Foi tudo construído em estúdio, a partir dessas bases electrónicas e das orientações de produção dadas em função do que cada tema ia necessitando conforme ia sendo tocado», recordam os Mão Morta.
O seu disco, limitado a 300 cópias, está disponível via Rastilho. As letras podem ser consultadas no site oficial da banda.
Um pensamento sobre “Mão Morta & Pedro Sousa na ESFERA”