O aclamado designer e construtor de amplificadores de guitarra, Howard Alexander Dumble faleceu. A notícia foi confirmada, hoje (18 de Janeiro), nas redes sociais dos Dumble Amps. Dumble construiu amps para titãs como Stevie Ray Vaughan, Robben Ford, John Mayer, Eric Johnson, Santana e Kenny Wayne Shepherd.
«É com grande tristeza que anunciamos a morte de Howard. O seu trabalho trouxe alegria e inspiração a inúmeros músicos e engenheiros», lê-se em publicação no Instagram oficial da Dumble Amps. E não há grande dúvida de que Dumble será recordado como um dos maiores engenheiros de amplificadores de guitarra boutique de todos os tempos, conhecido pelo seu processo de design personalizado altamente conceituado. Os designs mais famosos do engenheiro, o Overdrive Special de dois canais e o Steel String Singer de canal singular, permanecem entre os amps mais desejados do planeta.
Howard Dumble, que era um guitarrista de talento considerável, tinha a extraordinária capacidade de adaptar a enorme resposta dos seus amplificadores ao músico específico para o qual os construía, o que significa que cada um tem características únicas. Dumble começou a construir amplificadores na primeira metade da década de 1960 e, em grande parte, através do passa-a-palavra, até ao final dos anos 70, tinha-os construído para guitarristas que como Jackson Browne, David Lindley, Lowell George e Bonnie Raitt. Depois, nos anos 80, os seus clientes incluíram Stevie Ray Vaughan e Robben Ford – este último forjou uma forte ligação pessoal com Dumble que resultaria na criação do Overdrive Special. «Ele disse-me que tinha tido a ideia de construir o Overdrive Special ao ouvir-me tocar através de um Fender Bassman, um piggyback [alusão ao formato das grelhas na face traseira do amp] e respectiva coluna dos anos 60. Sempre tive muito orgulho nisso. Penso que pode ter algo a ver com a relação realmente amistosa que temos. Considero-o um amigo muito chegado; quer dizero, como família», revelava Ford em 2017.
O processo de Dumble era de tal forma singular que, diz-se, os músicos teriam frequentemente de esperar por uma chamada sua ou dos seus representantes, se ele estivesse disposto a construir-lhes um amplificador. E um dos guitarristas que criou uma relação profissional com Dumble, nos últimos anos, foi Kenny Wayne Shepherd. Também numa entrevista de 2017, a respeito da reputação tremenda dos Dumble Amps, o bluesman referia: «A palavra-chave é inspiração. Não estou a falar-vos como uma pessoa que comprou alguma propaganda. Estou a falar-vos como uma pessoa que tem experiência legítima do antes e depois. Muito literalmente, esses amps, o ponto por detrás dos amps que ele construiu para mim e o que eles fazem é inspirarem. Inspiram-me a tocar coisas novas. Inspiram-me a tomar caminhos diferentes e a criar novos sons. A forma como ele faz isso é a que, provavelmente, já ouviram contar. Quero dizer, ele constrói, literalmente, o amplificador à medida do estilo de tocar e abordagem do músico».
Esta habilidade, algo elusiva, admita-se, é aperfeiçoada durante horas passadas com músico, como explicava Shepherd. «É ir ter com ele. Vejo-o numa base realmente regular. Chego e sento-me ou vamos sair juntos. Sentamo-nos os dois e ficamos a tocar guitarra durante horas e horas. Durante todo o tempo, ele está a ouvir. Ele tem óptimos ouvidos. Obviamente. Ele ouve como uma pessoa toca. Ele sabe o que é que eu estou a tentar tirar do amplificador. Ouve com quanta força toco, o ataque que uso, o toque dos meus dedos. Tudo isso. Consegues perceber que a sua mente está o tempo todo a trabalhar. Ele está a ouvir. Então, passa a trabalhar no amplificador. Depois voltas, tocas novamente e vemos como está a responder. Depois ele aperfeiçoa ainda mais, se necessário. No meu caso, isso não tem sido necessário. Volto lá. Ligo-o e está tudo óptimo e é por isso que penso que ele sempre foi inflexível ao afirmar que os amplificadores que constrói são para a pessoa particular. Ele construiu-o em torno do meu estilo de tocar. Em teoria, se mais alguém fosse tocar através do meu amplificador, este não responderia necessariamente da forma como foi pretendido que fizesse, porque é uma pessoa diferente a tocar».
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