A podridão e violência do crossover dos Bas Rotten captada ao vivo no Maus Hábitos, no Porto, em concerto promocional a essa besta de álbum que é “Surge”.
É comum dizê-lo, como será em todos os países, que o underground metaleiro nacional tem evoluído muito. Mas quem está familiarizado com a cena heavy portuguesa sabe que depois dos picos de intensidade no início dos anos 90 e alguns apontamentos esporádicos na década seguinte, os grandes discos de música extrema portuguesa não surgiam num fluxo constante. Felizmente, na última década, as coisas mudaram e há cada vez mais bandas e lançamentos com padrões bem elevados na composição, na atitude e nos aspectos sónicos, seja nas proezas instrumentais ou no enorme salto nos valores de produção que advieram da democratização das ferramentas de gravação. Ainda assim, o metal continua a ser um género bastante guetizado em Portugal e há discos que passam despercebidos aos mais desatentos, quando deveriam ser alvos dos maiores louvores. Caso de “Surge”.
«Blast beat crossover», intitulam-se assim os Bas Rotten. Bom, não precisam de ser ouvintes batidos nas sonoridades mais pesadas, para perceber que a dinâmica, a vibrante execução instrumental e a agressividade deste álbum são algo que, de facto, funde de modo vibrante o thrash e o grindcore. Se estão reticentes a ler esta catalogação, não hesitem em descobrir um disco que tem uma atitude punk (até crust punk) e um sentido rock ‘n’ roll inegável em cada um dos seus curtos temas – como manda a ortodoxia nenhum ultrapassa os dois minutos. Rápido, pesadão, intenso. Um dos melhores álbuns de música extrema nacional nos últimos anos.
O álbum editado em 2020 viu a sua promoção ao vivo interrompida pela crise pandémica. Com o regresso de alguma normalidade na segunda metade de 2021, a banda conseguiu lançar-se novamente à estrada. Uma das datas teve lugar dentro da programação Filha da Cvlto, no Maus Hábitos, no Porto. A produtora Underfiles captou o evento e disponibilizou integralmente no YouTube. Oportunidade para ver a demência evocada em palco por Eduardo Narciso (bateria), João Branco e João Tobio (guitarras), Bruno Guerreiro (voz) e Rui Conceição (baixo) num violento setlist de cerca de 20 minutos, onde desfilam “The Blow”, “Dissociation”, “Prime Cuts”, “Violence”, “Worth”, “Follow”, “Primate”, “Spent”, “Burnout”, “Self”, “Surge”, “Safe” e “Mogul”. Para disparar no player em baixo.





As fotos são do João Torres Neves (Seven Concept Media).
3 pensamentos sobre “Bas Rotten Live @ Filha da Cvlto”