Motörhead, O Epítome do Heavy Metal em Hammersmith

“No Sleep ‘Til Hammersmith” dos Motörhead é um dos melhores álbuns ao vivo de sempre. O único disco da banda de Lemmy a chegar a #1 nas tabelas britânicas, cinco dias depois da sua edição a 22 de Junho de 1981.

Lançado em 1981, “No Sleep ‘Til Hammersmith” é o derradeiro documento que define a marca incessante da música dos Motörhead. Acabada de sair do lançamento do quarto álbum, o emblemático “Ace of Spades”, de 1980, a banda está em pleno voo sónico. Canção após canção, Lemmy e companhia mostram o seu poderio em cima do palco, não sendo por isso surpresa que este disco esteja muitas vezes no topo das listas de álbuns ao vivo de todos os tempos.

A edição expandida, que chegou a 25 de Junho, apresenta áudio remasterizado das fitas analógicas originais, faixas bónus, gravações de soundcheck nunca antes ouvidas e uma gravação de concerto completa, anteriormente inédita, no Newcastle City Hall a 30 de Março de 1981. Na caixa de 4 CD, os três concertos completos a partir dos quais o álbum foi lançado foram restaurados e serão agora editados na sua totalidade pela primeira vez. Os conjuntos de vinil e CD também incluem um livro com entrevistas inéditas com a road crew dos Motörhead, juntamente com fotografias e memorabilia raras. Entre os outros artigos estão um cartaz de concerto de dupla face de 1981, reprodução do passe da digressão dos EUA de 1981, uma palheta Motörhead “England”, um pin da digressão europeia de 1981, a reprodução do bilhete no Newcastle City Hall e ainda um cartaz do concerto de Port Vale.

“No Sleep ‘Til Hammersmith” foi para o nº 1 nas tabelas do Reino Unido após o seu lançamento a 27 de Junho de 1981 e continua a ser um marco indelével na carreira dos Motörhead, apesar de isso nunca ter surpreendido Lemmy. «Somos realmente uma banda ao vivo. Não se pode ouvir um disco e descobrir do que se trata. Têm de nos ver». Entre os inéditos da reedição, em 2021, estreou uma nova versão de “The Hammer” (no player em baixo). O álbum é uma espécie de manual hard rock, heavy metal e punk. Rápido, áspero e alto, muito alto. Lemmy, “Fast” Eddie e “Philthy” Phil escutam-se vibrantes, a soarem no melhor da fusão da banda dos estilos atrás referidos e ainda com alguns fumos thrash, através de riffs explosivos, tremenda energia e um significativo sentido melódico. Em qualquer lista de “Melhores Álbuns Rock”, tal como sucede com “Ace Of Spades”, este é um trabalho de referência obrigatória e de enorme consensualidade, sendo ainda um trabalho em que toda a gente percebeu que a banda jamais trocaria o seu estilo e substância por modas.

Não há muito mais por onde adjectivar um disco simples, rápido e directo ao assunto em todos os momentos. E, depois, a autenticidade e visceralidade das emoções que transmite. Funciona como shots de tequila, dá tremendos coices e mete o sangue a ferver! Não pensem, por um segundo que seja, que podem abdicar deste álbum na vossa colecção e auto-proclamar-se fãs de rock ‘n’ roll…

«Havia uma honestidade nos Motörhead. Os putos da minha geração… Adorávamos os Led Zeppelin, adorávamos os Kiss, adorávamos todas estas bandas diferentes, mas eram personagens maiores do que a vida. Já os Motörhead eram os tipos do lado, os tipos do bar. Os Motörhead eram os nossos amigos. Os Motörhead eram quem nós éramos», afirmou Lars Ulrich numa entrevista à revista Classic Rock, que celebrava os 40 anos do álbum “Ace Of Spades” e “No Sleep ‘Til Hammersmith”.

«A única coisa que era diferente nos Motörhead era que eles uniam pessoas de todos estes géneros diferentes. Em 1980, o mundo da música era muito mais segregado do que é agora. Por isso, se fosse um tipo do heavy metal, havia um olhar particular, um uniforme. Se fosse um miúdo punk, era o mesmo, ou um miúdo alternativo, se gostasse da Joy Division ou o que quer que fosse. Tudo era muito segregado, especialmente em Inglaterra. Portanto, todos estes punks, skinheads, miúdos alternativos e miúdos de metal… Todos adoravam Motörhead. Numa época de divisão e segregação do tipo ‘Vai-te foder, não fazes parte do meu grupo’ ou ‘Vamos bater uns nos outros, estilo hooligan do futebol’, os Motörhead foram a primeira banda a realmente unir fãs de todos estes diferentes géneros. Eles acabaram com toda essa divisão. Essa é uma peça importante a recordar na história dos Motörhead», nota o baterista dos Metallica.

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