Os Pelican vão reeditar os seus três primeiros álbuns entre 2022 e 2023, através de edições deluxe em vinil via Thrill Jockey. A banda irá ainda juntar a sua formação original para uma digressão.
Em 2019, depois de seis anos sem editar álbuns, os Pelican apresentaram “Nighttime Stories”. O sucessor de “What We All Come to Need” foi um exercício de catarse para várias tragédias pessoais e um tributo a Jody Minnoch, vocalista dos Tusk, que morreu inesperadamente em 2014. Foi o primeiro álbum com o novo guitarrista, Dallas Thomas, que ocupou o lugar vago deixado pelo fundador Laurent Schroeder-Lebec, que deixara a banda em 2012. Depois chegou a pandemia e a banda tornou a mergulhar, como tantas outras, num mar de dúvidas e hesitações.
Agora, dez anos depois de ter saído, Lebec está de regresso. E os Pelican vão procurar reinventar-se através dum estudo aos seus primeiros anos. A banda anunciou vai reeditar os seus axiomáticos três primeiros álbuns: “Australasia” (2003), “The Fire In Our Throats Will Beckon The Thaw” (2005) e “City Of Echoes” (2007). Originalmente, os discos foram editados pela Hydra Head – e Hydra é uma designação em voga por estes dias, hein – e agora serão alvo de reedição deluxe pela Thrill Jockey. Cada um dos álbuns estará acompanhado por outtakes das sessões de gravação, raridades e versões demo tape.
Recordando os primeiros anos desta banda fundada em Chicago, entretanto mudada para Los Angeles, atingiu meio mundo com ondas de choque violentas: guitarras em afinações baritonais graves, riffs ultra pesados, com algumas aproximações ao sludge e experimentação nas guitarras, assente numa parede colossal de ritmo. Normalmente, este tipo de sonoridades surgia com dificuldades de delimitação de frequências entre as guitarras e baixo, devido às afinações com tonalidades tão próximas, que terminavam por soar algo indistintas. Mas nestes discos dos Pelican, cada espectro instrumental surge no seu espaço próprio, interligado com o que o rodeia. O som das guitarras, principalmente, ganha uma definição incrível que se alia ao punch da secção rítmica e torna o som monolítico, sem ser saturante. Isto é uma mais-valia considerável se pensarmos que as estruturas de composição dos discos, totalmente instrumentaais, assentam sobre a repetição de grandes blocos de ritmo, com poucas variações melódicas que surgem apenas a pontuar os temas (mais verdade em “Australasia”, e principalmente no devastador EP de estreia, menos verdade nos outros dois álbuns), para permitir variações de dinâmica aos mesmos.
A banda anunciou ainda uma mini digressão europeia, que arrancará já no final da próxima Primavera e passará pela Bélgica, Áustria, República Checa, Alemanha e França, onde culminará com a presença no Hellfest.
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