O Deslumbrante Piano Conceptual do 50º Aniversário Roland

Impressionante e arrojado, o Piano Conceptual do 50º Aniversário Roland combina som, design e conectividade num instrumento do futuro. Impossível não destacar os drones altifalantes num instrumento que mistura o clássico e o vanguardismo.

É da mais elementar justiça que, ao longo dos seu 50 anos, a Roland tornou-se numa das empresas que tem constantemente ultrapassado os limites do que um instrumento musical pode ser. Este ethos faz parte da concepção do futuro, um dos slogans da marca e bastante adequado para o 50th Anniversary Concept Piano, um instrumento que permite vislumbrar o advir, respeitando ao mesmo tempo os fundamentos tradicionais do piano. Completo com drones altifalantes e conectividade global, é uma maravilha para contemplar e ouvir por muitas razões.

Aparentemente no último estágio de desenvolvimento, este extraordinário instrumento está a ser apresentado na CES de Las Vegas, importante cimeira tecnológica a decorrer nestes dias 5 a 8 de Janeiro de 2023. Usando como guia o comunicado oficial da Roland, vamos dar uma vista de olhos à história do seu desenvolvimento e às suas principais características.

Conceito Dual: Jóia & Guarda-Jóias

Os instrumentos conceptuais são normalmente audaciosos. Tal como Atena que brota da cabeça de Zeus, encarnam a criatividade e engenho dos seus criadores – neste caso, os engenheiros da Roland. Não são produtos acabados, mas sim obras em evolução ou um trabalho em curso. Requerem desafios a serem enfrentados em tempo real, impulsionados pela visão, desenvolvimento tecnológico e experimentação. «Estes temas são uma parte central do ADN da Roland», explica Mars Hopkins, Director Criativo da Roland. «E mesmo que nem sempre acertemos, sabemos que, a menos que tentemos, nunca conseguiremos atingir algo».

O anterior piano conceptual de Roland foi o GPX-F1 Facet Grand Piano de 2020. Um teclado deslumbrante cristalino, a empresa concebeu-o para agraciar os palcos do mundo. As suas linhas aguçadas e rectilíneas evocam um bloco de obsidiana, com a aparência de uma jóia. Em 2022, a Roland criou aquilo a que chama 50th Anniversary Concept Piano. Caloroso, arredondado e natural, reflecte a visão da empresa para o futuro dos grande pianos verticais. Se o Facet Piano é uma jóia, o 50th Anniversary Concept Piano é uma caixa de jóias – uma caixa requintada que guarda uma grande quantidade de tesouros.

Expandir o Corpo Sónico & Drones

Os pianos são o culminar de anos de evolução tecnológica. Em eras de amplificação pré-eléctrica, as suas formas emergiram da engenharia que projectava o som para fora, quer o piano fosse de cauda, de grandes dimensões, ou vertical. Abdicar deste campo sónico, faz perdfer parte do que torna o piano um instrumento tão rico sonicamente. É mais do que martelos a bater nas cordas; é a ressonância do corpo e as reflexões acústicas do som a sair. Contudo, num piano digital, a geração sónica ocorre dentro de microchips e placas de circuito. Como reproduzir, então, um campo sónico natural?

«Altifalantes de 360 graus tornam isso possível», responde Takahiro Murai, Director Geral do Departamento de Desenvolvimento de Instrumentos de Teclado da Roland. «A ideia é que se colocarmos altifalantes em qualquer direcção, podemos criar qualquer campo sónico, dependendo das configurações». O Facet Piano copiou a forma básica de um piano de cauda para reproduzir um campo sónico natural. Neste, Murai percebeu que o podia fazer sem restrições pelas estruturas convencionais do piano. Podia até usar a distinção 50th Anniversary Concept Piano livremente, «desde que cada som possa ser reproduzido». A chave eram altifalantes de 360 graus, uma “bola altifalante” capaz de disparar som em qualquer direcção. Ao colocá-los em áreas chave do piano – nomeadamente na tampa e nos bordos superiores – Murai conseguia reproduzir o som de qualquer piano. Para o conseguir, precisavam de um número de altifalantes sem precedentes: «Há 14 altifalantes gerais de 360 graus, sete à direita e sete à esquerda. Este conjunto único de 14 altifalantes pode recriar um espaço sónico tridimensional não alcançável com os sistemas convencionais de altifalantes stereo, encontrados nos pianos digitais».

Este novo sistema conseguiu reproduzir fielmente os imersivos campos sónicos dos pianos verticais acústicos ou dos pianos de cauda. Isto muda completamente a amplitude do som e da sua expressão. O campo sónico dos altifalantes de 360 graus é espantoso no seu realismo. Em última análise, não soa como ouvir os altifalantes. Aproxima-se mais da experiência de se estar rodeado de sons naturais de piano. Note-se que o campo sónico muda em função do som que o intérprete toca. Os grandes pianos de cauda oferecem uma experiência marcadamente diferente e mais completa do que os verticais. Os sons dos 50 anos de história dos piano da Roland – como o EP-10, RD-1000, JD-800, V-Piano All Silver e SuperNATURAL Pianon – estão todos disponíveis aqui. O campo sónico ajusta-se a cada cenário, fornecendo ao músico o som do instrumento e o seu campo acústico específico.

Há mais no som de um piano do que naquilo que emana da sua estrutura – há também o som da sala. Estes reflexos reverberantes são ouvidos pelos músicos à medida que as ondas sonoras batem e ressaltam das paredes e do tecto. Em vez de simplesmente acrescentar reverberação ao áudio, Murai e a sua equipa queriam que o som caísse literalmente do ar à volta do músico. Várias empresas desenvolveram sistemas que colocam múltiplos altifalantes numa sala, controlando a forma como o som é feito para conseguir movimento e efeitos sonoros. Mas estes sistemas de altifalantes convencionais não podem ser movidos ou instalados noutro local. A solução da Roland? Altifalantes de som que pairam sobre o piano.

Para conseguir um som ambiente mais realista, os engenheiros quiseram criar altifalantes voadores que envolvem o músico numa torrente de som. Combinando a tecnologia de uma versão avançada do PureAcoustic Ambience da Roland (encontrada em pianos de alta gama como o LX708) com modernos drones de controlo remoto, podiam começar a tornar este sonho numa realidade. Através da conectividade do instrumento, os drones são operados num canal específico de comunicação de baixa latência. Isto significa que os utilizadores podem controlar a posição dos drones. «Existe uma patente pendente para uma tecnologia que recolhe o som emitido pelo altifalante do drone, enquanto o piano (ou um microfone instalado noutro local) mede se a qualidade de som e o volume são ideais e depois move o drone», explica Murai. «O exemplo mais simples é um método de controlo que faz com que o drone se aproxime quando o som é suave e se afaste quando o som é alto. Assim, pode dirigir-se o drone para encontrar o sweet spot e mantê-lo aí».

Sustentabilidade & Furniture Music

A maioria dos pianos verticais arrumam-se encostados a uma parede, meio escondidos para o lado. Essa não foi a filosofia de design por detrás do 50th Anniversary Concept Piano. A Roland queria um piano que fosse a peça central de uma sala. Para o efeito, a empresa trabalhou novamente com o fabricante de mobiliário japonês Karimoku, que criou a estrutura para o KIYOLA KF-10 de 2015. Com a sua forma arredondada e elíptica e madeira natural, o novo piano tem um aspecto incrível de qualquer ângulo. Isto é completamente diferente do Facet Grand Piano. O 50th Anniversary Concept Piano é um instrumento que complementa o dia-a-dia da pessoa. É relaxante, acessível e praticamente convida a sentar-se, descontrair e tocar.

O instrumento foi inicialmente inspirado pela ideia de Erik Satie de “Furniture Music” ou música que se torna como mobiliário num espaço. O conceito resultante é uma adorada peça de mobiliário musical com a qual não se pode deixar de se envolver. Karimoku criou este intrigante piano, cortando à máquina camadas de peças de madeira e juntando-as para formar o corpo. O instrumento resultante homenageia tanto o passado como o futuro. Incorpora métodos antigos de fabrico de estátuas budistas de madeira e técnicas de impressão em 3D. Isto reflecte a tecnologia dentro do classicismo do piano e a tecnologia de ponta no campo acústico.

Sustentabilidade e Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) são questões importantes tanto para Roland como para Karimoku. Estes princípios surgiram no desenvolvimento não como uma reflexão posterior, mas como pontos cruciais em todo o conceito de construção. O piano utiliza a Nara japonesa, madeira de carvalho de Hokkaido. Contudo, as empresas limitaram-se a usar apenas madeira não utilizada, como desperdícios laminados, conseguindo obter a resistência e durabilidade necessárias para um instrumento deste calibre sem sacrificar o ambiente.

Conectividade

O século XXI é definido pela conectividade. De facto, todos nós estamos unidos pelos nossos vários dispositivos. Mas ligados por um piano? Essa é a ideia de vanguarda incorporada no 50th Anniversary Concept Piano. Juntamente com o som e o design, a conectividade forma o terceiro pilar da sua construção. «O nosso objectivo não é apenas desenvolver um piano, mas também outros elementos», explica Murai. «Ao trabalharmos ideias diferentes, adquirimos uma variedade de conhecimentos, tomando-a como uma oportunidade valiosa para realizar experiências». A experimentação é fundamental – só se pode descobrir o que é possível experimentando diferentes abordagens.

O centro de conectividade é tablet de ecrã táctil embutido na tampa, visível apenas quando esta está aberta. O ecrã e a conectividade à Internet podem suportar videoconferência, aulas de piano e tutoriais de streaming. E como está ligado à Roland Cloud, pode-se instalar o software de criação musical Zenbeats e utilizar o piano como o centro de controlo de estúdio. Além disso, o ecrã pode também exibir partituras musicais. O piano inclui também USB MIDI e Bluetooth. O que pensaria Beethoven de tudo isto?

Esta conectividade deixa muitas promessas para o futuro. Imaginem um concerto transmitido em todo o mundo. Os ouvintes poderiam receber cada toque de tecla de um intérprete através dos seus próprios pianos. «A informação sobre o desempenho pode ser enviada para todo o mundo, incluindo o espaço à volta de uma pessoa. Todo o espectáculo – incluindo o espaço do espectáculo – pode ser reproduzido em qualquer lugar», diz Murai. «E, claro, também pode levar os dados que estão a tocar e enviá-los para outro lugar». A tecnologia básica para transmissões de concertos deste tipo já existe. No entanto, ainda existem obstáculos que a equipa terá de ultrapassar. Murai diz que devem abordar «como sincronizar os dados de desempenho, áudio e vídeo com locais de audição remota a longas distâncias através da Internet». As boas notícias? «Já temos ideias elementares de como resolvê-lo».

Gostamos de imaginar que o futuro chega sem qualquer esforço da nossa parte. O hoje conduz naturalmente ao amanhã. A Roland garante não se conformar dessa forma. As equipas de engenheiros desenvolvem constantemente o futuro, forçando os limites do que é possível. Desafiam-se a criar novos instrumentos, formas de tocar e métodos para interagir com o público. O 50th Anniversary Concept Piano é um instantâneo do futuro, um vislumbre estimulante do que está para vir.

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