A 6.ª edição do Porto Blues Fest acontece nos próximos dias 21 e 22 de Julho de 2023. No palco da Concha Acústica dos jardins do Palácio de Cristal. Confirmar o porquê da ascensão meteórica de Tia Carroll e homenagear uma lenda do blues ucraniano são alguns dos destaques.
Numa altura em que passam mais de um ano sobre o início da guerra na Ucrânia, os promotores do festival, Trovas Soltas e In Rock We Trust, decidiram fazer algo de especial: homenagear em palco um dos ícones musicais da Ucrânia, o músico de blues Alexander Dolgov. Adalberto Ribeiro, da Trovas Soltas, afirma «com este concerto o Porto Blues Fest manifesta a sua solidariedade para com o povo ucraniano e as populações afectadas nomeadamente os artistas que desta forma estão impedidos de levar a cabo a sua missão junto da sociedade. A arte e a cultura são, na sua essência, veículos de aproximação entre os povos, de estímulo ao diálogo e à multiculturalidade, de enraizamento de valores humanistas e de promoção da paz».
No cartaz da 6.ª edição do Porto Blues Fest encontramos ainda nomes como Montalvor, Little Hands Blues Band, The Animals ou Tia Carroll. Vejamos o cartaz por dias e ordem de actuação. No dia 21, logo pelas seis e meia da tarde, sobe a palco o lisboeta (ou será ‘lisblueta?’). Depois de ter feito parte de bandas de rock alternativo como The Brunch e Uruguay, assumiu a roots music e o country blues, mantendo as sombras do rock pesado, e editou o seu primeiro álbum a solo, “The Highway Of Regret”, em 2018, via Raging Planet. É esse o disco que vai ser o centro desta apresentação na Invicta.
Depois chegam os nomes internacionais do primeiro dia. Primeiro os alemães Greyhound’s Washboard Band e a sua abordagem direccionado para o blues que pulsava nas ruas do Sul dos Estados Unidos nos anos em torno da Grande Depressão, quando o blues e o boogie ainda se faziam sem a guitarra eléctrica e só com a visceralidade da própria vida. E não há muitos artistas mais viscerais que Tia Carroll por aí, uma encarnação da soul, do blues, da força e da paixão. Dona de um vozeirão e de enorme carisma em palco, a norte-americana encerra as festividades, subindo ao palco pelas onze da noite. Oportunidade para perceeber o porquê de tantos prémios como os de West Coast Best Female Blues Vocalist (2017), Traditional Blues Woman of The Year (2018) ou Band Leader of the Year (2016).
O segundo dia do Porto Blues Fest arranca com outro projecto nacional. Os Little Hands Blues Band, sob a orientação de José Carlos Mãozinhas (mestre na guitarra e dono de voz imponente), transversam o blues clássico, o funk e a fusão logo pelas 18:30. De seguida, sobe a palco Alexander Dolgov, acompanhado pela banda do Porto Blues Fest. O músico, considerado um dos fundadores do movimento blues ucraniano, oriundo de Karkhiv, viu a sua casa e estúdio serem arrasados por bombardeamentos das forças militares russas. O músico foi induzido no The Blues Hall Of Fame®, do qual é o Embaixador da Ucrânia, na categoria Great Blues Artist.
Depois de terem visitado Portugal no último trimestre de 2022, passando no Festival Blues Nova Arcada, os míticos The Animals, na versão em que o baterista John Steel lidera o guitarrista/vocalista Danny Handley, o teclista Barney Williams (dos Milltown Brothers) e o baixista Roberto Ruiz, encerram o Porto Blues Fest. Não há muito a dizer sobre uma banda que se tornou uma autêntica instituição e, em certo sentido, devia ser colocada no mesmo patamar dos Rolling Stones. Um estatuto de reverência que a sua discografia, basicamente toda firmada na explosão do blues no Reino Unido, na década de 60, ainda impõe.
O Porto Blues Fest não se limita a concertos, o mesmo oferece um plano de formação através de workshops e um plano de inclusão com lugares reservados na plateia e lugares de estacionamento reservados. Também há um plano de sustentabilidade, onde 1 euro de cada bilhete vendido será um contributo para a reflorestação da floresta. O passe diário do festival custa 20€, enquanto o passe geral tem o valor de 30€.