Em 2015, o primeiro concerto do memorável Burning Light Fest foi, coincidentemente, o primeiro concerto dos Wells Valley, no qual a banda apresentou o seu álbum de estreia, “Matter As Regent”. Podem vê-lo na íntegra.
Qualquer músico ou qualquer melómano batido em concertos sabe muito bem as vicissitudes de um primeiro concerto: menos dinâmica de palco, menos colagem nos temas, cuja economia em palco será refinada com as horas em cima do mesmo e, como consequência de tudo, ou como catalisador de tudo, o inevitável nervosismo.
Aqueles são factores invariáveis e transversais a qualquer músico, por mais capacidade técnica que tenha. E os Wells Valley demonstraram possuir, em excesso, essa capacidade. Mas nesse concerto de estreia, que abriu a edição singular do memorável Burning Light Fest, o flow ainda saiu intermitente, com a banda a procurar mostrar “tudo”. O concerto, no entanto, provou claramente que os Wells Valley são mais uma das jardas do underground português. Ao vivo, o som da banda ultrapassa, largamente, aquele que ficou registado no disco de estreia. Mais densidade, mais groove e mais peso. Factores que redimensionam a fusão estética do pós metal “Gojiresco” com a execução instrumental “clínica” da cena da Flórida.
Comandado por Filipe Correia, um dos arquitectos da técnica cirúrgica dos Concealment, o trio gravara recentemente o álbum “Matter As Regent”. Aí fundem Metalurgia, Matemática, Filosofia e Metafísica, num processo de groove e alquimia de guitarras em low tuning. Há algo irrefutável em “Matter As Regent”, que apesar de todo o ambiente de estreia foi, ainda assim, redimensionado pela maior parede sonora do palco, a pertinência de arranjos e a criatividade instrumental.
Acompanhados pelo baterista Pedro Mau, o guitarrista/vocalista Filipe Correia e o baixista Pedro Lopes, formaram o primeiro line-up dos Wells Valley e mostram aqui muita da alquimia que criou o álbum da banda, gravado em registo home studio pelo primeiro.