No seu álbum de estreia, “Luta Pela Manutenção”, os 47 de Fevereiro conseguem um dos grandes encantos do bom rock experimental: a capacidade de fazer coisas sérias sem prepotência.
A introdução do disco seria quanto baste para o escutar (vamos evitar o spoiler). Por princípio, nunca é uma coisa má que um novo projecto de rock nacional nos remeta para alguns dos máximos expoentes exemplos da nação, como são os Mão Morta, Ornatos Violeta, Clã ou… Já Fumega! E se o consegue fazer acrescentando carácter singular, como fazem os 47 de Fevereiro, tanto melhor. Muito melhor.
Com uma estrutura rítmica simples e “riffalhões” como manda a lei, a banda agarra-nos facilmente e desenvolve progressões de guitarra e vocalizos entusiasmantes, com abundância de groove e um humor peculiar – e aqui há um aceno aos side projects de Mike Patton como Tomahawk e Fantômas, o mesmo que dizer que a “Luta Pela Manutenção” tem muitas coisas à Melvins. Como num bom jogo de futebol, o ritmo vai aumentando e a meio da partida atinge-se a nota artística plena, com o bloco (bem subido, por sinal) de canções “Vagabundo”, “Líder À Condição” e “Porcos No Sótão”.
Em 2018, quando o álbum foi editado, o plantel do F. C. 47 de Fevereiro era composto por El Killo (Francisco Beirão), na bateria, Capitão Moura (Jorge Loura), na guitarra; Roque Xandeiro (Nuno Xandinho), na guitarra tuga e eléctrica e voz, Fiscal Santos (Pedro Santos), no baixo e voz, e Capadócio (Rui “Caps” Ferreira) no áudio. Uma equipa bem arrumadinha em campo. Acabe-se com a graçola óbvia: “Luta Pela Manutenção” é para enganar, este é um disco capaz de discutir, no mínimo, o apuramento para as provas europeias. Uma grande surpresa, este disco que cresce a cada audição.
No dia 05 de Outubro do ano de edição, dia da Implantação da República, o seu álbum (produzido por Rui “Caps” Ferreira) foi reeditado em vinil pelo colectivo, por acreditarem que esse formato faz parte da história da música. Para melhor ponderarem na sua aquisição, disparem o Bandcamp…
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