A História do Paredão Marshall

Dos primeiros modelos 2×12 que, literalmente, explodiam a toda a hora, às 8×12 exigidas por Pete Townshend e finalmente convertidas nas históricas 4×12 1960A e B, passando por Hendrix, até aos Blue Öyster Cult. Eis como surgiu a famosa “Marshall Wall”.

É uma das mais poderosas imagens na história da música, que nos remete imediatamente para uma era clássica do rock, mas ainda hoje surge amiúde em palcos por todo o lado e a sua força permanece intacta. Falamos de uma parede de colunas Marshall. Há poucas coisa que afirmem de forma tão clara aquilo que uma banda estás prestes a fazer como um stack Marshall, então imaginem uma parede. Aliás, há casos em que a parede é apenas um cenário, com colunas vazias, apenas para evocar uma certa aura sobre o palco e diante do público. Mas, qual a história da parede Marshall?

Não se pode falar da parede Marshall sem falar de Jim Marshall e sem referir a importância das colunas 4×12 – o formato original da Marshall stack, mais especificamente os modelos 1960A e 1960B. Se não pretendem abrir o link, aqui fica um resumo. A primeira coluna 1960 surgiu no final de 1962. Estreou pouco depois dos JTM45, os amps de 50 watts, terem sido criados. Após ter desenvolvido colunas para baixo e sistemas PA, Jim Marshall decidiu que era preciso acomodar especificamente o som desses amps. Inicialmente tentou emparelhar o cabeço com uma coluna 2×12, mas a sua equipa acabou por concluir que a esta solução faltava o som e poder certos. Talvez por isso explodissem, recorrentemente…

MARSHALL STACK

Foi em 1965 que surgiu a primeira Marshall stack. Desde que o JTM45 fora criado, em 1962, toda a gente pedia constantemente mais potência, mais volume e mais resultados [vai daqui um aceno aos Sunn o)))]. Uma das vozes mais insistentes era Pete Townshend, o lendário guitarrista dos The Who. Nas palavras de Jim Marshall: «O Pete Townshend pediu-me que lhe construísse uma cabeça de 100 watts e uma coluna de 8×12. Concordei, avisando-o que os seus roadies não gostariam de carregar uma coluna tão grande, e sugeri desenhar uma 4×12 angulada, para encimar uma 4×12 normal como alternativa. O Pete não quis ouvir nada do que lhe estava a dizer, então construímos o que ele queria e ficou feliz da vida». Contudo, a previsão de Jim mostrou-se correcta e o guitarrista dos The Who acabou por aceitar cortar a mítica coluna 8×12 em duas. O resultado foi a criação daquilo que, hoje em dia, é um dos ícones mais reconhecidos no universo do rock – um stack Marshall de 100 watts!

As colunas 8×12, agora divididas em 4×12 era os modelos 1960A e 1960B. As diferenças entre ambos os modelos dizem respeito apenas à sua disposição no stack. A 1960A é a coluna que fica por cima, possuindo uma face frontal ligeiramente angulada e a 1960B é a coluna que fica em baixo, com a face frontal completamente recta.

Há quem diga que, devido a essas ligeiras diferenças de design, as colunas soam diferentes uma da outra. Que a 1960A soa mais nítida e equilibrada, uma vez que o ângulo do altifalante está projectado na direcção dos ouvidos do músico. Já a 1960B possui um corpo mais grave. Na verdade, ambas as colunas usam os mesmos exactos componentes e são construídas precisamente da mesma forma, excluindo naturalmente o detalhe angular. Assim, é possível que, num cenário de proximidade às colunas, se sintam essas diferenças no carácter sonoro, mas se estiverem mais afastado e, principalmente, se as colunas estiverem micadas, é praticamente impossível notar diferenças substanciais de carácter.

Ao longo dos anos, os modelos 1960A e 1960B nunca deixaram de ser produzidos. Obviamente têm sofrido alterações e se acham que os originais eram o real deal, mas são inacessíveis, há variações que surgiram que são bastante aclamadas, nomeadamente os seguintes modelos: AX/BXAV/BV e AHW/BHW.

MARSHALL STACK WALL

Na peugada de Townshend e dos The Who,  Jim Marshall deu uma nova vida ao som de Jimi Hendrix. O Mago da guitarra passou a amplificar a sua guitarra, por influência de Pete Townshend, com 4 stacks encadeados de Marshall, com o glorioso plexi de 1965, o Marshall 1959, e Sound City (os amps tinham dois inputs, com o sinal de guitarra presente em ambos, ligava-se directamente o outro amp). Não havia como voltar atrás numa procura constante por volume.

Essa procura levou mesmo os Blue Öyster Cult a tornarem-se a primeira banda a utilizar uma parede de Marshall como backline, uma imagem que passou a povoar o imaginário de qualquer miúdo que tenha decidido alguma vez pegar numa guitarra eléctrica! Aliás, os Blue Öyster compuseram e gravaram mesmo uma canção dedicada a esse aspecto particular do seu som. «I’m gonna play some heavy music/I’m gonna play bad, I’m gonna play loud».

A foto na entrada do artigo é de Henry Ho, para a GuitarPlayer Brasil, capturando um tradicional paredão Marshall de Yngwie Malmsteen.

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