Composta pelo lendário Giorgio Moroder e escrita por Keith Forsey, Limahl gravou a canção cantada em inglês e francês. “The Never Ending Story” é um caso raríssimo na pop, iniciando com fade in e terminando com fade out, tornando-se num loop infinito, numa história interminável.
Mesmo entre aqueles nascidos depois dos anos 80, haverá quem não conheça “Never Ending Story”? Aliás, a canção que, em 1984, ilustrou musicalmente a adaptação cinematográfica do romance de Michael Ende, foi revivida entre as massas graças à vibrante homenagem de que foi alvo na série “Stranger Things”. É uma canção mágica, encantadora e cativante como o filme e como o próprio romance, com uma candura que se manifesta, platónica, no mundo sensível e inteligível. Giorgio Moroder escreveu-a com os fades no começo e no final, um truque simples, mas marcante, que torna a canção interminável, em referência ao filme e livro que a inspiram.
Talvez já não sejam muitos os que sabem que foram gravados duas versões da canção, uma cantada em inglês e outra em francês. Limahl, o antigo frontman dos Kajagoogoo, é o intérprete em ambas – na versão inglesa é acompanhado pelos coros femininos de Beth Anderson e na francesa por Ann Calvert. Com as letras de Keith Forsey, a canção foi gravada em Janeiro de 1984. Forsey assumiu também as baterias, Dee Harris as guitarras. Poderia pensar-se que Giorgio Moroder executou as sintetizações (e terá tido algum contributo), mas o grosso do trabalho foi executado por Arthur Barrow – fê-lo bastante nas bandas-sonoras de Moroder entre ’83 e ’86.
Um dos grandes destaques da sintetização é o seu complexo arpeggio. Há quem afirme que se trata de uma sequenciamento através de um Roland Jupiter-8 e disparado por uma Linndrum, que depois era “tocado” no Jupiter mantendo pressionadas as notas correctas no teclado, enquanto o pulsar era disparado pelo trigger. Mas, alega-se que Barrow chegou a confessar que não há qualquer sequenciação no tema, tratando-se somento do arpeggiator do Jupiter-8. Além do som de sitar, trabalhado num Emulator, a maioria dos sons de sintetização que se podem escutar provêm dessa unidade lendária da Roland, seja o trigger de baixo, os arpeggios ou os pads e strings. Barrow também utilizou abundantemente, na sua carreira, um Oberheim Xpander, mas talvez ainda não estivesse disponível no mercado na altura em que a canção foi gravada. Poucos meses depois, em “Together In Electric Dreams”, que Moroder e Philip Oakney assinaram em conjunto, Barrow já usou o Xpander, mas em Janeiro de ’84 a sua referência era ainda o Jupiter-8.
“Never Ending Story” foi editada no dia 25 de Julho de 1984, com “Ivory Tower” no lado B do single. Foi número um em Espanha, Noruega, Suécia e Suíça. Também liderou a Japanese Oricon International Singles Chart. Nos Estados Unidos chegou ao #6 na Billboard Hot Adult Contemporary Tracks.
Um pensamento sobre “A História Interminável”