A Torre do Tombo de Varatojo

Luís Varatojo criou um vibrante e completo arquivo de toda a sua carreira musical, repleto de informação técnica sobre todos os seus projectos – dos Peste & Sida à Luta Livre – e com hiperligações para se ouvir cada um dos discos. Música, vídeo, conteúdos inéditos (fotos, memorabilia), artigos de imprensa, etc., formam um extraordinário compêndio da música pop rock portuguesa contemporânea.

«Desde as primeiras notas e beats retorcidos de “Política” percebemo-nos diante dum funk de excêntrica composição, misturando linguagens urbanas do hip hop, com extravagância de samples, com síncopes transatlânticas e um cheirinho punk e, mais especificamente dos Clash na sua fase mais popular, ali por alturas do “Combat Rock”, bases tão estimadas por Varatojo e parte das raízes. Mas também há algo de Frank Zappa quando nos bate um tema como “Iniquidade”. Vamos lá ver, parece mal citar de enxurrada referências ao disco de um músico, ele próprio, de referência. Fazemo-lo apenas para, vendo as que apontamos, se perceba a magnitude deste trabalho que, ainda que lhe falte a vertente romântica, pelo seu vibrante corpo sónico, é como o “Viagens” (o álbum de estreia de Pedro Abrunhosa e Bandemónio) da nossa era, mas ainda mais vanguardista. Infelizmente, devido ao agudo empobrecimento cultural e pífio critério actual dos media, não será celebrado da mesma forma», é desta forma que descrevemos o estupendo disco de estreria de Luta Livre, um dos álbuns que elegemos na lista dos melhores discos de 2021.

Este e todos os outros discos de Luís Varatojo estão agora reunidos num abrangente e ultra-completo website oficial do músico e produtor luso, naquele que é um dos mais vibrantes arquivos contemporâneos da música pop rock portuguesa.

Varatojo iniciou a sua carreira musical no final dos anos 80, com a banda de punk rock Peste & Sida, com a qual gravou quatro álbuns. Em meados da década de 90 criou o heterónimo Despe & Siga, onde se dedicou a sonoridades mais quentes como o reggae e o ska e criou esse imenso blockbuster que foi o homónimo álbum de estreia. Aproveitando a Wiki, “Despe e Siga” chegou às lojas em 1994, e incluía versões que a banda costumava tocar em bares, como “Festa” (versão do original dos The Pogues, “Fiesta”), “Bué de Baldas” (inspirado em “Baggy Trousers” dos Madness) e “Bule Bule” (versão para “Woolie Buly”, já dos tempos dos Peste & Sida). O disco contava com participações dos músicos convidados Gui (saxofone), dos Xutos & Pontapés, «e a Sandra [Baptista] e o seu acordeão», dos Sitiados.

Varatojo foi também fundador, com João Aguardela (Sitiados), do projecto de electrónica e poesia Linha da Frente e do vanguardismo d’A NAIFA (2004-2014), banda que explorou os caminhos do fado e da nova poesia portuguesa e que editou cinco álbuns. Em 2015 forma o projecto Fandango, com Gabriel Gomes (ex-Madredeus), onde experimenta o diálogo entre a guitarra portuguesa e o acordeão num contexto electrónico. Em 2021 criou a Luta Livre. Paralelamente, desde 2009, dedica-se também ao trabalho de concepção e direcção artística de vários eventos e espectáculos.

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