Dois dos mais icónicos fotógrafos no underground musical português, ambos boa gente (bom, a Vera pelo menos), em conversa com o Circuito Malmandado.

O Circuito Malmandado é uma plataforma digital gratuita que pretende documentar os processos de criação e identificar intervenientes da música independente em Portugal. Por aqui, já apresentámos episódios dedicados a bandas, a editoras e até a estúdios, casos do Hertzcontrol ou Arda Recorders. Também demos conta de quando o Circuito aproveitou para visitar alguns locais de culto para verdadeiros melómanos, lojas de discos da vizinhança onde, fora dos catálogos massificados da grandes cadeias espalhadas pelo país, se pode encontrar aquele 7”, 10” ou 12” mais recôndito. A plataforma tem continuado a revelar novos episódios, documentários, rig rundown ou entrevistas e, mais recentemente, revelou as suas conversas com João Brandão e Guilhermino Martins, dois sonoplastas de carácter distinto, cujo dedos vão deixando impressão digital em inúmeros trabalhos no underground musical português. A ideia de internevientes da música independente em Portugal é mais alargada em outras duas recentes conversas. Os protagonistas são dois fotógrafos, nomeadamente Pedro Roque e Vera Marmelo.

A Vera Marmelo, um doce de pessoa, foi o Barreiro que a viu nascer em 1984. Fotografa música, é a sua forma de diálogo e pertença ao que a rodeia, desde 2006. Autodidacta, começou pela cena musical que lhe era mais próxima, ali no eixo Barreiro-Lisboa, motivada pelo Out.fest ou o Barreiro Rocks. Hoje, depois do registo de tantos músicos, concertos, salas, festivais, e tudo a que o seu olhar disser que sim, um pouco por toda a parte, Vera tem lugar de destaque na história da música portuguesa dos últimos anos.

A fotografia e a música, lado a lado, são universos indissociáveis na sua vida. Pedro Roque começou por integrar bandas de garagem com amigos, explorando os limites da sua voz. Em 2006 começa a fotografar os primeiros concertos, apoiando o meio underground que frequentava. E assim começa a Eyes Of Madness. Juntou-se aos quadros de algumas fanzines online e, desde 2012, colabora com a revista LOUD!. Podem ver também algumas fotografias suas espalhas pelo nosso site, além de informação sobre a sua exposição Forging Light. Nesse período, foi participando em algumas bandas e, em 2020, criou o projecto Cavernancia. Desta vez, é a fotografia que o chama para a música, procurando uma linguagem nova e desafiante na exploração do seu sentir e intuição.