Barroselas Metalfest, Bootleg Series: Os Irredutíveis Guerreiros de Aço

O SWR Feast tem lugar nos dias 29 e 30 de Abril de 2022, com o cartaz reformulado depois dos contratempos pandémicos. Se muito do que “faz” um festival é o seu ambiente e espírito, o Barroselas Metalfest é único! Esta é a nossa carta de amor ao SWR.

Quando os irmãos Tiago e Ricardo Veiga formaram a SWR Inc. e decidiram agitar a freguesia de Barroselas, com um festival dedicado à brutalidade do death metal e grindcore, trouxeram os espanhóis Avulsed ao nosso país, em 1998, numa altura em que a banda contava com dois álbuns bem recebidos pelos exigentes ouvintes do género, “Carnivoracity” e “Eminence In Putrescence”. A acompanhá-los estavam os nacionais Agonizing Terror, Defaulter, Kamikazes e Casablanca. Estava também impressa a vontade de erigir um altar dedicado ao profundo underground das guitarras extremas e destruição de amplificadores.

Nesse dia 25 de Abril, iniciava-se outra força de revolução no nosso país, que foi crescendo até tornar-se o mais significativo festival ibérico do género. Com uma longevidade ininterrupta que, em Portugal, só é suplantada pelo gigante MEO SW e pelo “irmão” metaleiro HMF, de Mangualde. Há mais festivais que surgem neste país, uns crescem também e solidificam-se e outros nem tanto. Não há nenhum outro festival igual ao SWR. Nenhum que, tendo crescido, preserve o mesmo espírito, os mesmo princípios, o mesmo… romantismo!

O SWR é hardcore, punk, indie, sujo, ruidoso, agressivo, excessivo, do Grande Bode.

Em entrevista, na edição #41 da AS, publicação da qual era editor na altura, o Mike Gaspar dizia-me: «O metal, enquanto género musical, explodiu de uma maneira que, quando começámos, nunca imaginámos possível. Nunca imaginei estar em LA e ver pessoal trendy com t-shirts de Dimmu Borgir, que era cena completamente underground e “proibida”». A associação desta observação do baterista dos Moonspell ao festival não transporta qualquer intenção de afirmar o ambiente do SWR como elitista, porque não é, mas antes realçar que, ao longo dos 18 anos, também nunca foi moda. Ali permanece o romantismo, ali paira o “Espírito do Metal”: hardcore, punk, indie, sujo, ruidoso, agressivo, excessivo, do Grande Bode. E, acima de tudo, irmandade. Uma irmandade muito maior e bem mais visceral do que aquela que liga melómanos.

Não é comum, e em Portugal será único, um festival onde uma larga parte do seu público já aí tocou. É um festival cheio de músicos. De músicos de um género ainda bem marginalizado em Portugal, de músicos com batidos e com anos de experiência e de músicos verdinhos, ainda cheios de ilusões. É, portanto, um festival à medida da ROMA INVERSA – cuja presença, em outros contextos (inclusive como músicos que já tocaram no SWR) tem sido quase permanente, edição após edição. Mas não é apenas isso que nos faz ansiar, cada ano, pelo festival. É o prazer de enfrentar o “serrote” de toneladas de thrash e grind, de descobrir bandas arrasadoras, de as ouvir pela primeira vez em palco, de beber essa zurrapa que se dá a ares do bagaço oficial do festival, é a certeza de que se está ali com algo transversal a todos: irmandade e dedicação a uma cena. A certeza de que, ao SWR não vai quem é trendy, quem é “da cena”, quem é disto ou daquilo… Vai quem é feito de aço!

Nestas páginas, já referimos os concertos que aguardamos com mais expectativa este ano e recordamos o espírito do festival através de bootlegs oficiais de alguns dos concertos, para nós, mais marcantes na história desta venerável assembleia, casos dos Goldenpyre e dos Cobalt, em 2017, dos Kreator e dos Triptykon, em 2010, ou dos Avulsed, na primeira edição. No player em baixo, deixamos ainda o documentário que a Lula Gigante criou para comemorar o 15º aniversário do festival, partilhado pelo YouTube Festivais de Verão.

Em 2022, a 23ª edição do evento, pelas razões sobejamente conhecidas será mais reduzida, apropriadamente apelidada SWR FEAST. Nesta altura, as condicionantes são ainda muitas, particularmente financeiras e os passos a dar são curtos, para não comprometerem o futuro. Por tudo isso, a edição deste ano apenas inclui dezasseis bandas, divididas por dois dias e o mesmo número de palcos. 29 e 30 de Abril são as datas marcadas para o festival. Os bilhetes para o festival estão à venda em swrfest.bigcartel.com e nas Lojas Oficiais. Os fiéis guerreiros que conservaram os seus passes podem usá-los neste evento e pedir o troco em Steels. Em todo o caso, os bilhetes para o SWR FEST 23 mantem-se válidos para 2023.

A épica foto na entrada do artigo é do André Henriques. Marquem na agenda e no browser a página do evento. Vemo-nos dia 29 de Abril. 

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