Charles Mingus, O Icónico Concerto no Carnegie Hall

A edição integral do histórico concerto, de mais de duas horas, de Charles Mingus no Carnegie Hall em 1974, pela Rhino Records. Uma das noites mais fascinantes do prodigioso músico e do jazz.

“Mingus At Carnegie Hall”, gravado em 19 de Janeiro de 1974, foi originalmente lançado como um LP com apenas uma malha de cada lado (“C Jam Blues” e “Perdido”), com a participação de Jon Faddis, Charles McPherson, John Handy, George Adams, Rahsaan Roland Kirk, Hamiet Bluiett, Don Pullen e Dannie Richmond. Portanto, o concerto durou duas horas, mas ficaram de fora quase 70 minutos de música. Dado o declínio do jazz nos EUA nos anos 70, é possível que se tenha receado lançar três LPs, com um preço mais elevado, que só os fãs mais hardcore comprariam.

Pois bem, 47 anos depois e integrada na iniciativa “Black Music Month” promovida pela Rhino Records, em 2021, essa situação foi corrigida com o lançamento do concerto integral “Mingus At Carnegie Hall”, numa edição que inclui mais de 72 minutos de material inédito e com o alinhamento do álbum a respeitar o alinhamento do concerto. Estas Deluxe Editions de 2xCD e 3xLP, que chegaram nos dias 11 de Junho e 16 de Julho de 2021, respectivamente, incluem fotos originais inéditas da autoria de Costa Peterson e comentários do historiador e produtor de jazz Michael Cuscuna.

Charles Mingus, uma das figuras mais importantes da música norte-americana do século XX, foi um baixista virtuoso e um pianista, chefe de orquestra e compositor de excelência. Mingus nasceu numa base militar em Nogales, no Arizona, em 1922, e foi criado em Watts, na Califórnia. As suas primeiras influências musicais vieram dos coros da sua igreja, do gospel, e de «ouvir Duke Ellington na rádio quando tinha oito anos». Na sua primeira experiência profissional, na década de 40, fez digressões com as bandas de Louis Armstrong, Kid Ory e Lionel Hampton, entre outras.

Durante os seus trinta anos de carreira, colaborou com outras lendas do jazz, tais como o já referido Louis Armstrong, Duke Ellington, Charlie Parker, Dizzy Gillespie e Herbie Hancock. As composições de Mingus têm o sentimento quente da alma do hard bop, são muito inspiradas na música gospel e nos blues e, por vezes, contêm elementos de Third Stream, free jazz e música clássica. Devido às suas composições brilhantes para bandas de média dimensão, nas quais traz ao de cima os pontos fortes dos seus músicos, Mingus é frequentemente considerado o herdeiro de Duke Ellington. Desde os anos até à sua morte, em 1979, com 56 anos de idade, Mingus esteve na vanguarda da música americana. Quando lhe pediram que comentasse as suas realizações, Mingus afirmou que as suas capacidades como baixista tinham sido adquiridas com muito trabalho, mas que o seu talento como compositor vinha de Deus.

Charlie Mingus morreu no México, em 5 de Janeiro de 1979, e a sua mulher, Sue Graham Mingus, espalhou as cinzas no rio Ganges, na Índia. Nova Iorque e Washington honraram-no a título póstumo com um “Dia de Charles Mingus”.

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