Os Death Feast convocaram hostes a bandas tão emblemáticas no underground nacional como os Decayed, Alastor, Nethermancy, Hoth, Paranormal Waltz, Sacred Sin ou Corpus Christii. O resultado é um disco de horror e demência numa indistinta mistura sónica dos primórdios estéticos do black, death e thrash metal.
Edição conjunta da Haloran Records e Larvae Records, “Risen From The Tomb” é o terceiro álbum dos Death Feast – a injustamente ostracizada banda do J.A. (o mentor dos Decayed, entre outros projectos) onde está latente a sua geracional estruturação estética, através de referências como Mutilator, Sodom, Venom, Sarcófago, Celtic Frost ou Chakal. São 40 minutos que funcionam como uma cápsula temporal da década de 80, na qual o metal era apenas metal. A edição física (limitada a 200 cópias em CD) ostenta uma imagem da voluptuosa actriz Ingrid Pitt, retirada do filme “The House That Dripped Blood” (1971), de Peter Duffell.
A intro é sonorizada, precisamente, por um dos momentos mais icónicos da vampírica Scream Queen. “Crossing Fire”, “Banish From Monastery” e “Commandments Of Metal” criam um arco ilustrativamente perfeito da proposta sónica dos Death Feast. Riffs e cavalgadas clássicas do thrash, progressões melódicas dentro da mais calibrada filigrana do death metal old school e a rispidez de produção do black metal. E se, principalmente no último dos temas destacados, os riffs soam invariavelmente implacáveis, o pico deste primeiro arco surge em “Devoted Assassins”. Os solos de guitarra, competentes até aqui, são redimensionados melodicamente por harmonização twin guitar.
“Hell Funeral” parece determinar nitidamente (ainda que não fisicamente) o segundo lado deste álbum. O funéreo riff, passe a redundância, abre numa cadenciação sabbathiana, para dar lugar a furioso blast beat numa atmosfera agora mais aproximada ao black metal. O solo de guitarra do tema é o mais diferenciado neste álbum e o malévolo trabalho vocal também é um pouco mais dinâmico nesta malha. Também o tema-título demonstra esses predicados e, possivelmente, maior arrojo na exploração da paleta de sombras profanas que os Death Feast possuem. Antes dessa, “The Evil Crown” é um malhão super orelhudo, como só a velha guarda metaleira é capaz de gerar.
No final, a propulsividade demolidora de “Volcano” revela-nos um clássico imediato. Se leram até aqui, é muito provável que já nos tenhamos cruzados no SWR – imaginem, portanto, o frenesim que esta malha será capaz de provocar no palco LOUD! Dungeon.
“Risen From The Tomb” não é um disco perfeito, a dados momentos sentem-se algumas impurezas nas execuções instrumentais e na sua conjugação, na sua totalidade acaba por se sentir algo repetitivo, mas tem cojones para dar e vender e alguns momentos verdadeiramente marcantes.
Um pensamento sobre “Death Feast, Risen From The Tomb”