Em “Dwell In The Fog”, os Firebreather continuam a aumentar a força da sua “shield wall”. Uma táctica usada desde a Idade Média, cuja brutalidade e eficácia permanecem intactas e são aqui transformadas numa impressionante parede de amplificação.
Os Firebreather são uma banda recente. A primeira vez que os vimos foi no “dia zero” do SWR XXI, em 2018, na ocasião a apresentar o seu homónimo EP de estreia, editado um ano antes. Nesse trabalho, cruzavam uma clara devoção a Matt Pike, o riffeiro de serviço em High On Fire e Sleep, uma ferocidade viking e uma sonoridade reminiscente dos primeiros trabalhos dos Big Business. A solidez da produção e o groove do EP deixavam antever uma banda séria no dizia respeito à sua carreira. Em 2019 chegou o primeiro LP, “Under A Blood Moon”, cuja sonoridade passava a ostentar as marcas do peso dos Conan numa demonstração crua de poder.
“Dwell In The Fog”, o segundo LP do trio sueco, transporta muita da sonoridade estabelecida até aqui (ao fim de apenas cinco anos nem podia ser de outra forma), mas acrescenta alguns novos dados à equação. Desde logo, uma certa subtileza riff-o-melódica dos primórdios dos Mastodon ou, como a própria banda admite, dos Inter Arma. O que não possui qualquer subtileza, mas uma abrasadora fúria é a parede de amplificação com que soa este disco, evocativa afinal dos Monolord, seus copanheiros de digressões passadas e de casa editorial. Os sons de guitarra e baixo são esmagadores. Mais ainda emparelhados com o rugido barbárico do vocalista/guitarrista Mattias Nööjd e com o groove e trovejante batida do baterista Axel Wittbeck. Este trio de Gotemburgo respira fogo, não da forma bufa que o fazem os formandos do Chapitô, mas como os mais temíveis vermes na mitologia nórdica, Níðhǫggr, Jǫrmungandr ou Fáfnir.
Tal como os dois trabalhos anteriores, “Dwell in the Fog” foi gravado e misturado pelo engenheiro Oskar Karlsson, no Elementstudion, em Gotemburgo. O baixista Nicklas Hellqvist estreia-se neste trabalho, que parece ter aumentado dez vezes o estrondo trovejante da banda que surge, num crescendo drone, sobre a emergência propulsiva das baterias no tema de abertura, “Kiss Of Your Blade”, e vai revelando ritmnos sabbathianos. Em temas como “Dwell In The Fog” e “Weather The Storm”, os riffs possuem um fogo que arde mais rápido, num dinamismo mais mutável, mas com essa agilidade paquidérmica e, consequentemente, capaz de esmagaer aquilo que pisam.
É certo que, para os não iniciados neste espectro sonoro, as coisas possam soar repetitivas, mas para os que já suplantaram os primeiros mistérios aquilo que se percebe é um groove monolítico, aerodinâmico (se subirem o volume desse HiFi vão sentir o ar a deslocar-se) e coeso.