Em 2012, “Freak Puke” inaugurou uma nova era na história dos Melvins, com o virtuoso Trevor Dunn ao lado de Buzz Osborne e Dale Crover.
Se excluirmos os splits e “cenas”, este foi o 18º álbum dos Melvins. Numa altura em que a banda começava a preparar-se para celebrar três décadas de carreira (o que sucedeu em 2013), este foi ainda o primeiro da era “Melvins Lite”, em que as lendas do sludge passaram a ser, basicamente, Buzz Osborne e Dale Crover e, a partir daí, variando o baixista ou restantes convidados.
Com uma carreira tão extensa, seria difícil que a discografia passada da banda não fosse uma influência determinante para si própria, mas os arranjos de cordas extravagantes do contrabaixo de Trevor Dunn (o terceiro elemento nesta altura), que abrem o disco em “Mr. Rip Off”” que improvisam na curta “Inner Ear Rupture” ou se conjugam com o som “sabbathiano” dos Melvins em “Baby, Won’t You Weird Me Out”, faziam a banda soar renovada, como uns Kronos Quartet sob a influência de ácidos. No final de “Worm Farm Waltz” quase parece estarmos a ouvir as madeiras serem pressionadas até partir!
O charme sonoro do disco, fornecido pelo baixo (especialmente nesses momentos tocado com arco), aumenta o sentido jazzístico da bateria de Dale Crover. Sensivelmente a meio do seu alinhamento, o álbum começa a ganhar, progressivamente, o sentido “roqueiro” mais clássico da banda. Esse cruzamento experimental com a solidez musical de um mestre de riffs como é King Buzzo, torna este “Freak Puke” num disco fenomenal e aí, como antes e actualmente, se fazia prova dos Melvins como uma das raras bandas que a cada álbum consegue reinventar-se (ainda que existam alguns discos menos conseguidos).
Movendo-se numa familiar estranheza, há ainda o bónus da versão a “Let Me Roll It”, de Paul McCartney no álbum de 1974 “Band on the Run”, o seu melhor disco pós Beatles.