Melvins Regressam a Portugal

Em Julho e 20 anos depois da presença no Vilar de Mouros, os Melvins estreiam-se em nome próprio nas nossas fronteiras. Os pioneiros do grunge e do sludge vão celebrar 40 anos de carreira em Lisboa e no Porto.

Afirmando-se definitivamente como uma das bandas mais criativas dentro do espectro mais pesado e alternativo da música moderna, os Melvins comemoram o 40.º aniversário durante este ano e decidiram acrescentar paragens à digressão já anunciada para Maio e  Junho. Surpreendentemente, pela primeira vez durante quatro das mais activas e criativas décadas de carreira de que há memória na história do rock, vão fazer a sua estreia em nome próprio no nosso país – e logo com uma data-dupla.

O grupo norte-americano “aterra” em Portugal nos dias 8 e 9 de Julho, para actuações no Hard Club e no Cineteatro Capitólio, no Porto e em Lisboa, respectivamente. Naquela que é a sua primeira tour europeia em cinco anos, celebram 40 anos de um percurso exemplar e sobem ao palco em formato de trio, com Buzz Osborne na guitarra e voz, Dale Crover na bateria e Steven McDonald no baixo.

Entre os artistas mais influentes dos últimos quarenta anos, os Melvins nunca desistiram de ser a banda mais pesada de todos os tempos. Desde o dia em que deixei cair a agulha no LP de estreia “Gluey Porch Treatments”, senti-me inspirado pela abordagem deles, aquele ritmo sincopado, muito próprio, que também influenciou inúmeras outras bandas que os consideravam os reis do Noroeste. Ah, e obrigado por me darem o número de telefone dos Nirvana.

Dave Grohl

Massivamente influentes e altamente prolíficos, seja ao vivo ou em estúdio, os Melvins andam a escrever uma banda-sonora excêntrica e não conformista há quatro décadas. Mantendo os membros fundadores Buzz e Crover na banda desde 1984, tiveram inúmeras iterações e forjaram um pioneiro legado musical que deixou uma marca indelével na face do rock como o conhecemos. Permaneceram consistentemente relevantes através de inúmeras tendências e mudanças de formação – e continuam a tocar com um nível que fica cada vez mais refinado com o passar do tempo.

Com mais de 30 álbuns e uma biblioteca incontável de EPs e singles num fundo de catálogo impressionante, nunca pararam de escrever, gravar e tocar. Assinaram com a Atlantic Records durante a explosão do grunge nos anos 90 e gravaram três álbuns no mesmo selo dos Led  Zeppelin, The Rolling Stones e Aretha Franklin. Ao longo dos anos seguintes, tiveram associações de longa data com algumas das independentes mais respeitadas da cena underground – caso da Boner Records, Amphetamine Reptile Records e Ipecac Recordings – e, desde que se juntaram, corria o ano de 1983, transformaram-se num dos nomes mais respeitados da sua geração.

Nas nossas páginas, é bem expressa a admiração por álbuns como o histórico “Houdini” (abre novo separador), que combina um teor mais comercial com o sentido “sabbathiano” dos álbuns mais pesados e também o ambiente de garagem dos primeiros trabalhos – isso reflecte-se não só no som, mas também no formato, e “Houdini” tem descargas de 3 ou 4 minutos, mas também rolos compressores de 7 minutos e 10; o exploratório “Freak Puke” (abre novo separador), cujo charme sonoro fornecido pelo baixo de Trevor Dunn (especialmente nesses momentos tocado com arco) aumenta o sentido jazzístico da bateria de Dale Crover; ou o mais recente “Pinkus Abortion Technician” (abre novo separador), que deve ser colocado ao lado de “(A) Senile Animal” e “Hold It In”, entre os melhores álbuns dos Melvins nas duas últimas décadas.

Os álbuns mais recente da banda são “Working With God” (2021) – meses mais tarde chegou “Five Legged Dog” (uma compilação de versões acústicas de malhas extraídas da discografia dos Melvins) – e “Bad Moon Rising” (2022), editado sem qualquer antecipação, sem anúncios prévios ou singles. Além da digressão que a assinala os 40 anos de carreira, as celebrações deverão ainda incluir um novo álbum, no qual os músicos estão a trabalhar.

Os bilhetes para o concerto custam 32€, à venda nos locais habituais, a partir de sexta-feira, dia 31 de Março de 2023. Da nossa parte, que já nos sujeitámos a dispendiosas viagens a outros países europeus para os ver, não conseguimos senão expressar a maior gratidão à Prime Artists por promover este concerto.

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