A Gibson Custom Shop apresentou a Theodore, uma guitarra que recupera um design não utilizado e ligeiramente invulgar, criado (e descartado) pelo seu antigo presidente, o visionário Ted McCarty, em 1957.
Estávamos no início da década de 50 e a Gibson, já sob o comando de Ted McCarty, decidiu, finalmente, chamar Lester “Les Paul” Polsfuss e criar a sua primeira solid body. Em 1952 surgiu a primeira “encarnação” da Les Paul. Até ao finald essa década o visionário McCarty iria ainda impulsionar o desenvolvimento das pontes tune-o-matic e acrescentar guitarras com um visual mais arrojado, mais “eléctrico”, na linha de produção da marca. Os primeiro protótipos da Flying V foram desenvolvidos ao longo do ano de 1957 e o primeiro modelo oficial foi lançado em Janeiro de 1958. Tal como nas, também agressivas Explorer, desenvolvidas e estreadas nos mesmo anos. Todavia, nem tudo aquilo em que este Midas moderno tocou se transformou em ouro. Algumas coisas, eles deixou no caixote do lixo, como a Theodore…
Os outros designs de McCarty ajudaram a conceber ou a desenvolver a maior parte dos mais icónicos instrumentos do catálogo da marca: a Les Paul, a ES-335, a Flying V, a SG, a Firebird e a Explorer. A Theodore, o tempo o dirá. A guitarra foi concebida no mesmo impulso de modernização que fez nascer a Flying V, a Moderne e a Explorer, mas nunca saiu do papel. Até agora, com a Gibson a procurar fazer uma pasta com tudo o que mexe. A nova Theodore foi resgatar os planos originais de McCarty para a guitarra nunca antes fabricada, que foram encontrados nos arquivos da Gibson e datados de 18 de Março de 1957. Aliás, a cabeça deste design antecede a da Explorer, que foi daqui resgatada. O protótipo original da Explorer (também conhecida como Gibson Futura) tinha um headstock em V invertido dividido, cujo design foi alterado para o formato “taco de hóquei” final, em 1958.
Essa cabeça está presente na nova Theodore, cujo corpo (um corte duplo) é construído em alder, com a faixa central em walnut, braço (fixo) em mogno e escala em rosewood indiano, com um raio de 12”, 22 trastes narrow-tall e uma extensão de 24,75”. Os cutaways do corpo são em estilo florentino, cortando radicalmente com o visual tradicional dos cutaways Les Paul Junior, Special ou SG – para referir outros modelos double-cut no catálogo da Gibson. E, de resto, o hardware e a electrónica fazem lembrar uma Les Paul Special, com a tailpece wraparound, duas unidades P90 e a disposição de controlos ao estilo Les Paul – um volume e um tone para cada pickup e um switch de três vias para os escolher/combinar. Os afinadores são Klusons de estilo vintage.
Quais os problemas aqui, na nossa opinião e sem nunca ter pegado numa. Nesta cabeça, a corda Mi parece ainda mais distante do que nas Explorers, portanto podem esperar-se sérios problemas de afinação. As falhas de simetria entre a pestana e os afinadores são bastante óbvias. Talvez a solução pudesse ter sido a opção por locking tuners. De facto electrónica e hardware tornam esta guitarra, basicamente, numa LP Special, a questão é que essas guitarras custam menos de metade do preço desta. O visual, pode ser radical, mas não é tão diferente de uma Epiphone Genesis, apenas com os cutaways mais extremos e o corpo alongado, uma guitarra da altura das Flying V e Explorer. Isto para falar apenas em modelos da família Gibson. Feia que dói, mas isso já é subjectivo. Joe Bonamassa diz que adora…
Os acabamentos disponíveis são Natural, Cherry e Ebony, com verniz nitrocelular. Com apenas 318 guitarras construídas, a Theodore vale cinco mil dólares. Se esta aberração vos enche as medidas, podem descobrir mais informações em gibson.com.
Um pensamento sobre “Theodore. Porquê, Gibson?”