Gulbenkian, Ciclo Músicas do Mundo

O Ciclo Músicas do Mundo está de regresso à Gulbenkian Música com fascinantes sonoridades de diversas culturas e civilizações. Ao longo da Temporada 23/24, passarão pelo Grande Auditório intérpretes e agrupamentos da Arménia, da Turquia, de Marrocos e da Ásia Central.

A reserva de assinaturas para o ciclo 2023/24 da Gulbenkian Música está disponível até 31 de maio! Dele fazem parte os concertos de Músicas do Mundo que arrancam em Setembro. Podem consultar todas as modalidades de assinaturas (bilhete único para Plateia, durante a fase de venda de assinaturas, o Balcão não se encontra disponível) e ciclos de concertos na página oficial da Gulbenkian. Por aqui, focamo-nos nos concertos já anunciados dentro da world music.

No dia 30 de Setembro de 2023, no concerto que marca o regresso do Ciclo Músicas do Mundo, a Gulbenkian Música volta a receber o Ensemble Al-Kindi, grupo fundado pelo músico francês Julien Weiss em 1983, dedicado à preservação da música clássica árabe, em especial da tradição sufi. Reunindo instrumentistas e cantores da Síria, do Iraque e da Turquia, o Al-Kindi tem explorado uma variedade de reportórios, de temas profanos e sagrados, reinterpretando e divulgando as mais mágicas canções que atravessam territórios e culturas. Nesta noite, trazem consigo um espectáculo intitulado Cantos Sufis de Damasco.

A 4 de Novembro de 2023, Ali Doğan Gönültaş trará música da Anatólia Oriental. Depois de um período em que trabalhou como arqueólogo na região da Anatólia, e em que compôs bandas sonoras e tocou com o grupo Ze Tije, Ali Doğan Gönültaş decidiu iniciar-se num percurso a solo, visitando e reinterpretando 150 anos de história musical da Anatólia Oriental. O seu primeiro álbum, Kiği, tem por título o nome da localidade onde Gönültaş nasceu e é o corolário de dez anos de pesquisa de campo. Uma lógica de salvaguarda da tradição da região, à qual o músico empresta a sua voz de enorme expressividade, serpenteando por melodias ancestrais de uma beleza tocante.

Sucede-se um hiato até 2 de Março de 2024, data de um concerto focado no virtuosismo do alaúde. A música de Driss El Maloumi, virtuoso marroquino do alaúde, é uma contínua busca pelo tarab – um estado de “êxtase musical”, um maravilhamento tanto para quem interpreta como para quem escuta as notas indutoras de tal momento de sublimação. Formado em ambas as tradições clássicas, árabe e ocidental, El Maloumi destaca-se pela versatilidade e pela riqueza de execução que o levaram a ser colaborador próximo de artistas que se movem entre a criação erudita e a tradicional, tais como Jordi Savall, Françoise Atlan ou Ballaké Sissoko. Sempre com o arrebatamento no horizonte.

No mês seguinte, no dia 13 de Abril, dá-se o concerto Arménia e Turquia: Reconciliação musical entre dois povos. Isto porque a música que Vardan Hovanissian e Emre Gültekin fazem em conjunto soa à reconciliação entre dois povos. Juntando a tradição do duduk arménio e do saz turco, um instrumento de sopro e um cordofone, os dois músicos criam música tão bela quanto misteriosa e um espaço de harmonia indiferente a fronteiras e à forçada separação entre as suas culturas. Chamaram Karin ao segundo álbum que assinaram os dois – um dos preferidos nas listas de melhores do ano entre as músicas do mundo de 2019. Karin é a antiga designação arménia da cidade de Erzurum, hoje em território turco.

O último concerto deste ciclo de Músicas do mundo ocorre no dia 4 de Maio de 2024. Nasim Khushnawaz herdou do seu pai, Ustad Rahim Khushnawaz, a tradição do rubab, instrumento popular afegão semelhante ao alaúde. Exilado no Irão, Khushnawaz tem desenvolvido uma ligação às técnicas e aos repertórios seculares do Afeganistão, khorasani e herati, explorados de forma tocante e exemplar no disco Songs from the Pearl of Khorasan. É esse universo único, envolvendo o público num belo transe colectivo, que traz à Gulbenkian Música, apoiado numa série de temas de elevada carga emocional e com uma capacidade incomum de surpreender. Para Khushnawaz, a música é como um regresso a casa.

A foto de capa do artigo, pela Luísa Ferreira. 

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