As referências nacionais do goregrind celebram 25 anos de carreira em 2022. Enquanto não chega o novo álbum dos Holocausto Canibal, previsto para Maio, viajamos aos primórdios da banda e a um dos seus mais célebres feitos, o “Box Sized Die”.
Este ano celebram-se duas décadas e meia da fundação dos Holocausto Canibal, força maior do goregrind português e um dos nomes consagrados do género no underground internacional, que será marcado por algumas iniciativas de jubileu. Desde logo o novo álbum que chegará dia 27 de Maio via SELFMADEGOD RECORDS e Larvae Records (no lançamento internacional) e Xaninho Discos (Brasil). Pelas redes sociais é possível perceber que, em finais de 2020, foram feitas gravações, existindo temas prontos. Neste momento, o grupo é um quarteto, contando com Z. Pedro, no baixo, António C. na guitarra, Diogo P. na bateria e Orca R. nos vocais. Esta é a mesma formação que gravou as faixas preparatórias do próximo disco. Mais detalhes serão conhecidos em breve. Além deste novo disco, a banda está a preparar uma edição que englobará todos os LPs da sua discografia.
Enquanto não chegam as novidades, vale a pena viajar ao passado e à regravação da primeira demo “oPus I” e do álbum de estreia “Gonorreia Visceral”, cuja reedição conjunta foi baptizada de “Catalepsia Necrótica: Gonorreia Visceral Reanimada”. O disco foi lançado em Abril de 2017, em formato vinil 12”, limitado a 400 cópias vinil preto e 100 cópias vermelho/preto através dos seguintes selos: Chaosphere Recordings e Larvae Records [Portugal], Grindscene Records [Reino Unido], No Humano Rec [Espanha] e Black Hole Prod [Brasil]. Gravado e misturado no HNK Studios (Portugal) por Max T., produtor de longa data, excepto baterias, captadas no 213 Studios (Portugal) por Bruno Silva. A masterização ficou nas mãos de Dano Swanö dos Unisound Studios (Suécia).
“Instintos Necrófilos”, na altura, foi o primeiro avanço do álbum. «É um dos nossos temas mais antigos, que teve pouco ou nenhum tempo de antena numa altura em que não existia streaming ou plataformas de download, sendo que apenas 50 cópias das “oPus I” foram feitas e trocadas. “Instintos Necrófilos” é Death Metal puro e duro mas apresenta certas características que ainda estão presentes no nosso som. Esta regravação e reinterpretação com o line-up actual e com recurso às novas tecnologias é algo que nunca imaginaríamos ser possível aquando da composição destes temas. Aliás, se naquela altura alguém nos dissessem que algum dia iríamos andar em tour nas Américas ou na Europa como fizemos nestes últimos anos, o mais certo era rirmo-nos de forma incessante, mas a realidade é que ainda cá estamos, e com este tema oferecemos um cheirinho daquele feeling característico do Death Metal portuense dos anos 90 com que todos crescemos», explicava Zé Pedro, baixista de Holocausto, sobre essa malha em particular e sobre a regravação no geral.
Outro dos momentos marcantes na carreira da banda é a instalação “Box Sized Die”, que remonta originalmente a 2013. O conceito da instalação é simples, um grupo local de death metal é colocado dentro de uma caixa de aço, na realidade um cubo, forrada interiormente com espuma, que a torna completamente à prova de som. Iniciada a actuação, a porta fecha-se e os músicos permanecem a tocar até o oxigénio rarear. Esta instalação tem estado em diversas cidades. Konkhra, Avulsed, Gorod, Serial Butcher ou Unfathomable Ruination estão entre os nomes que viveram a experiência. Em Portugal, têm sido os Holocausto a integrar a performance embora os pioneiros tenham sido os Sacred Sin, na primeira apresentação a sul. Já a banda portuense materializou a experiência por duas vezes na Biblioteca Almeida Garret, 2013 e 2014, e em 2018 no Museu de Arte Contemporânea de Serralves. Nos dias 15 de Fevereiro e 17 de Maio de 2019, esteve na Culturgest.
«A sensação de estar aprisionado em 183 centímetros cúbicos de ferro completamente isolado acusticamente e com uma acentuada, e crescente, componente térmica ao longo da actuação, faz desta performance uma perfeita incubadora da mais agonizante asfixia claustrofóbica que possam imaginar», comentava Zé Pedro. «Na verdade qualquer descrição que possa fazer fica muito aquém das sensações vividas no interior da caixa, onde iremos tentar ampliar o recorde de permanência na caixa, que de resto já nos pertence».
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