Iron Maiden, O Epílogo Apoteótico no Estádio do Jamor

O maior e mais ambicioso concerto de sempre dos Iron Maiden em Portugal. Os discos que surgiram entre os adiamentos impostos pela pandemia e a sumptuosa bateria de Nicko McBrain, a Legacy Of The Beast Sonor SQ2. E, já agora, as assinaturas de Adrian Smith na Jackson e o Precision Bass de Steve Harris.

Foi ainda em 2019, quando ainda não nos sentíamos tanto neste “Brave New World”, e após uma primeira etapa de concertos que incluiu uma data (esgotadíssima) na Altice Arena, em 2018, que os Iron Maiden anunciaram uma nova ronda de concertos na Europa para a despedida da Tour Legacy Of The Beast. Portugal tornou a ser incluído Portugal e, finalmente, os Maiden vão tocar num estádio, no nosso país. É fácil adivinhar que será o maior (em número de público) e o mais ambicioso da lendária banda britânica dentro das nossas fronteiras.

Desde o arranque da tour em 2018 e agora que foi retomada, os Iron Maiden visitaram umas quatro dezenas de países em todo o mundo, tocando para uns dois milhões de fãs, incluindo uma multidão de 100.000 pessoas no lendário festival Rock In Rio, no Brasil. Bruce Dickinson confessava, na altura do anúncio original do concerto no Jamor que «esta tour tem sido fantástica para a banda e, em todos os concertos, as reacções aos cenários, ao palco, a todos os adereços malucos (e ao Eddie!) têm sido fenomenais. Temo-nos divertido tanto que estamos realmente animados por podermos voltar a Portugal e tocar para ainda mais fãs». Com um alinhamento repleto de clássicos, este concerto tem algo para todos, do fã incondicional dos Iron Maiden ao público menos militante, mas que não vai perder a estreia em estádio de uma das maiores bandas da história da música. Os Within Temptation são os convidados especiais deste espectáculo que, na primeira parte, conta também com a actuação dos Airbourne.

Originalmente marcado para 23 de Julho de 2020, a pandemia forçou o adiamento em duas ocasiões: primeiro para 21 de Junho de 2021 e depois para 31 de Julho de 2022. As bandas associadas ao cartaz, bem como o local e os pressuspostos de produção, tudo foi mantido. E os Maiden, o que esperar?

A ALMA DOS MAIDEN

O retrato mais fiel possível foi feito pela própria banda. “Nights of the Dead, Legacy of the Beast: Live in Mexico City” chegou a 20 de Novembro de 2020, via Parlophone Records. «Estou muito animado», confessava Bruce Dickinson nos dias que antecederam a edição discográfica. «Estava nas misturas com o Steve e ouvi algumas das faixas. Brilhante. ‘Sign Of The Cross’ – oh, yeah! A bateria de Nicko é nada menos do que estremecedora. Quero dizer, carregada de poder. Realmente, muito, muito bom. Fiquei siderado. ‘For The Greater Good Of God’’… Nunca ninguém a tinha ouvido antes num álbum [ao vivo] dos Maiden. É tremendo». O álbum conta com mais de 100 minutos de duração e chegou ao mercado na forma de 2xCD, 3xLP e ainda em versão digital. Além disso, os amantes de edições limitadas podem deliciar-se com a versão especial, que inclui um livreto com fotos inéditas da banda. «Neste mundo louco, o melhor que podemos fazer é dar-vos algumas músicas novas, dos Maiden ao vivo, para ouvir. (…) Quando voltarmos em digressão vai ser ainda melhor», prometia Dickinson.

De resto, esse é o retrato mais fiel porque mostra a banda de Leyton, East London, no seu habitat natural, onde sempre se transcenderam e onde permanecem indisputadamente uma das melhores (talvez mesmo a melhor) bandas de sempre: no palco. Afinal em 2021, saiu um novo álbum de estúdio, “Senjutsu”, mas os Iron Maiden, se excluirmos a opinião da legião de fãs, estão numa crise criativa que, nem o regresso de Bruce Dickinson e Adrian Smith, há mais de uma década já, conseguiu resolver (e tão bem que os dois estavam a sair-se nos álbuns assinados com o nome do carismático vocalista). Portanto, tal como o anterior “The Book Of Souls” (2015), “Senjutsu” tem todo o aparato de sempre de cada álbum dos Maiden, mas não tem metade do fogo criativo que existia há três décadas atrás. Contudo, isto não interessa nada quando nos vemos num concerto de Maiden, precisamente devido à imensa dimensão da produção do espectáculo e pelo tremendo savoir-faire dos músicos britânicos. E claro pelo estatuto absolutamente épico da primeira metade dos seus 17 álbuns de estúdio. Enfim, seja qual for o alinhamento, espera-se que tudo seja apoteótico devido a esse que é o maior predicado da banda: o seu som, os seus músicos e as suas canções, transmutam-se ao vivo – multiplicam o seu vigor. Quanto mais num estádio…

LEGACY OF THE BEAST SONOR SQ2

Se recuarmos à primeira passagem desta digressão no nosso país, as primeiras imagens dos ecrãs laterais ao palco dão-nos visões de guerra. O homem e os seus eternos conflitos ao longo da história, enquanto Winston Churchill discursa. Em consonância com o conceito desta tour mundial a música também respeita momentos temáticos, daí que a fase inicial do concerto se tenha focado nesse elemento bélico. De “Aces High” a “The Trooper” havia uma trincheira camuflada a separar o kit de Nicko McBrain. Bom, e aqui chegados…

Na digressão de “Book Of Souls”, Nicko McBrain retomou a ligação com a Sonor. O baterista passou a usar um drumkit SQ2 com motivos alusivos ao disco. Esse acabamenrto foi depois reformulado, para se enquadrar com a “Legacy Of The Beast”. O conjunto de bateria consiste em: timbalões 6×6, 8×8, 10×10, 12×12, 13×13, 14×14, 15×15, 16×16, um timbalão de chão 18×18, bombo 24×18 (tudo com cascos Medium Beech) e ainda uma tarola 14×6.5. O hardware é Black Chrome. Abram a galeria para ver em detalhe cada uma das peças. Podem descobrir mais detalhes sobre a Sonor SQ2 no site oficial. E se sentem inspirados, podem personalizar uma bateria através do configurador 3D da marca, AQUI.

JACKSON SUPERSTRATS

Pode parecer inútil tal debate, considerando o trio de magníficos guitarristas que habita a formação dos Iron Maiden, mas para muitos Adrian Smith é considerado o melhor dos três. A Jackson considera-o de certeza um grande guitarrista, daí ter duas assinaturas bem específicas do guitarrista no seu catálogo. A Adrian Smith San Dimas DK e a mais recente Adrian Smith Signature SDX.

jackson adrian smith san dimas usa

A Adrian Smith San Dimas DK possui corpo em alder, com o braço (bolt-on) em quartersawn maple. A escala apresenta-se em maple ou ébano, de raio composto. Os pickups são um poderoso DiMarzio Super Distortion (ponte) e os Fender SCN (meio e braço), numa configuração HSS. O sistema tremolo é Floyd Rose e o hardware é preto. O pickguard possui versão branca ou preta, sobre o acabamento Snow White. Mais specs da guitarra, um modelo made in USA, no site oficial.

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A Adrian Smith Signature SDX segue a linha do modelo de assinatura anterior San Dimas do músico, a Soloist, mas numa configuração de características mais acessível economicamente. Com um corpo em solid basswood e o braço em maple. A escala é em rosewood com 22 frets. Os pickups são todos Jackson – o humbucker na ponte e os single coils no meio e no braço – controlados por master volume e tone e um switch que permite 5 configurações. Mais informação da guitarra na Jackson.

Já em 2020 chegou outra actualização, é recorrente a Jackson estrear novas versões dos modelos e, no mesmo ano, foi criada uma personalização espetacular, para celebrar o 40º aniversário da Jackson Custom Shop.

Jackson Custom Shop Limited Edition Signature Adrian Smith San Dimas | Do Master Builder Dave “Red” Nichols, com pintura de Craig Fraser, o corpo alder deste modelo está adornado com o grafismo “2 Minutes To Midnight”, do lendário álbum de 1984 dos Iron Maiden, “Powerslave”. «O ano passado [2019] na NAMM, comentei com a minha mulher que seria fixe fazer algo temático dos Maiden», confessou Adrian Smith. «Nunca o tinha feito. Temos a canção ‘2 Minutes to Midnight’ e parecia ser a coisa mais lógica. Chamo-lhe a minha guitarra hooligan, pois está super rude, sem nada além de um pickup. Soa excelente e toca-se melhor. Adorava poder usá-la em mais que uma canção. Adoro a guitarra». Este canhão de edição limitada inclui um braço bolt-on quartersawn maple, com escala de raio composto 12”-16” e 22 trastes jumbo. O PU é o feroz DiMarzio DP100F Super Distortion e a ponte tremolo é Floyd Rose Original.

É o guitarrista quem apresenta as guitarras de assinatura, num vídeo para os canais Jackson.

GO HAMMERS!

Músico pioneiro na estética sonora do instrumento e dono de um estilo singular, Steve Harris comanda desde sempre os colossos Iron Maiden a partir de um Fender Precision. O modelo azul é bastante famoso, tal como o preto e branco. Em 2015, a Fender criou então o seu modelo de assinatura. O Fender Steve Harris Precision Bass possui acabamento gloss branco, com o pickguard tipo espelho e o emblema do West Ham United FC (Go Hammers!). Corpo em duas peças de maple, braço e escala na mesma madeira. O pickup é o seu Seymour Duncan de assinatura. A ponte é uma Fender High Mass. Mais detalhes sobre o instrumento na Fender.

Steve Harris Precision Bass

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