No seguimento de “Not Of This Earth”, o trabalho de estreia em 1986, Joe Satriani começou imediatamente a planear um disco instrumental que incluiria uma mais estruturada fusão da sua técnica, de melodia e das suas influências. Assim surgiu “Surfing With The Alien” no ano seguinte, aquele que se tornaria no seu maior sucesso comercial e um dos mais icónicos álbuns do guitar shredding.
Editado no dia 15 de Outubro de 1987, “Surfing With The Alien” escalhou a tabela mainstream Billboard 200 até à posição 29. É apenas a terceira melhor posição de um álbum de Joe Satriani nos Estados Unidos, mas as 75 semanas que o disco passou nessa tabela, algo que nenhum outro conseguiu repetir, tornam-no no maior sucesso comercial do guitarrista e o seu único trabalho a tornar-se platina – em Fevereiro de 1992, quando bateu no milhão de vendas.
Nada mau para um álbum de shred, de rock instrumental, que foi gravado com um orçamento de cerca de “apenas” 13 mil dólares. Esse orçamento apertado foi a razão principal para o tão pobre quanto carismático som de bateria do disco. A maioria das baterias foi criada com máquinas de ritmo, programadas por Bongo Bob Smith, com Jeff Campitelli a gravar alguns overdubs, especialmente nos pratos e tarola. A única canção que possui totalmente baterias reais, executadaas por Campitelli é “Satch Boogie”, a melhor do álbum, por sinal. A mais icónica é categoria ainda em aberto: possivelmente, a propulsiva “Crushing Day” ou a super melódica “Always With Me, Always With You”. A primeira trata-se da únic canção cujos solos foram estruturados em antemão, algo que, desde aí, Satriani sempre lamentou devido aos constrangimentos que isso lhe coloca nas interpretações em concerto.
De qualquer forma, tornou-se num dos singles com mais airplay de toda a sua discografia e uma das canções que mais catapultou o surgimento dos álbuns de guitarra. Aliás, ao longo de todo o álbum se escutam técnicas que se afirmaram como tradicionais e obrigatórias para qualquer shredder, desde logo os velocíssimos tappings a duas mãos de “Midnight”, que evocam os dedilhados de flamenco nesta frenética composição cujas flautas e orquestrações foram executadas num clássico synth Casio CZ-101. “Lords Of Karma” e a sua atmosfera mediterrânica e médio-oriental desenvolve-se com mestria e ponderação, numa curva exponencial de shredding. Acaba por ser injusto exaltar temas num disco tão homogéneo, ao longo do qual se sente que Satriani imprimiu a sua alma em cada chop, cada lick, cada nota – procurando “furar” definitivamente. E é essa entrega que torna este disco tão essencial.





A sua capa é um icónico painel de John Byrne, originalmente publicado no primeiro número de “Silver Surfer” em 1982. Ilustra o Surfista Prateado no momento em que se torna no arauto de Galactus, o Devorador de Mundos. John Byrne não recebeu royalties. Ao longo dos anos, a Marvel prestou homenagem a Satriani, designando um planeta no universo Silver Surfer com o nome do guitarrista, o planeta Satriani. Por sua vez, o músico intitulou algumas composições posteriores a partir do myhtos de Norrin Radd, casos de “Back To Shalla-Bal” e “The Power Cosmic 2000”. Infelizmente, a licença para o uso deste artwork sempre foi limitada e, tendo sido renovada ao longo das últimas três décadas, em 2018 o músico e a gigante editora de banda-desenhada não chegaram a acordo, por isso a capa foi substituída pela versão da Ibanez S prateada.