Kirk Hammett: «Uso a Porra do Wah Quando Quiser»

Alvo de anedotas ao longo dos anos, o guitarrista dos Metallica reflecte sobre a sua devoção pelo wah-wah e porque o usa tanto e nunca o deixará de fazer. Kirk Hammett rebate também o ódio digital que muitos trolls lhe dedicaram e aos seus solos no recente álbum “72 Seasons”.

Kirk Hammett reflectiu sobre o seu fétiche (fonte de inúmeras anedotas) pelo pedal wah-wah em entrevista recente com a Guitar World. Nessa conversa, o guitarrista dos Metallica diz: «O wah permite-me espelhar a voz interior que habita a minha cabeça e o meu coração. É isso que estou a ouvir. Todas estas notas e sons manipulados, porque é assim que é a voz humana. Passamos por todos esses sons e frequências diferentes quando falamos. Quando carrego no pedal wah e ouço aquele clique… Bem, estou a ouvir esse clique no meu cérebro e no meu coração ao mesmo tempo».

Esta noção mantém a coerência com a manifestada por Hammett numa entrevista de 2018. Na altura, à Metal Hammer, o músico admitia que a sua paixão pelo pedal adveio dos Thin Lizzy. «Para mim, o wah-wah é muito parecido com a voz humana. Não tem tanto a ver com o som ‘wah-wah’, mas sim com a capacidade de manipular o som como eu o sentir naquele momento. Na verdade, cria uma melhor ligação com a parte mais profunda de mim. E o [Jimi] Hendrix não foi a primeira pessoa que ouvi usar um pedal wah-wah – foi o Brian Robertson. A primeira vez que me apercebi disso foi na canção ‘Warriors’ do ‘Jailbreak’. Ele entra com duas ou três notas carregadas de wah e perguntei a um amigo: “O que é istto? É um pedal wah-wah. Uau, fantástico!” Nunca mais esqueci…»

De volta à entrevista mais recente, Hammett admite que não consegue pensar em ninguém que use o pedal wah tanto quanto ele, mas rebateu as persistentes críticas on-line sobre sua dependência do efeito, dizendo: «Não me interessa o que os outros dizem. Se sentir vontade de pisar o pedal wah, piso a porra do pedal wah, porque ele me aproxima do que estou a ouvir internamente. E esse é o objetivo do equipamento – ajudar a trazer aquilo que ouves internamente para o mundo externo».

Já agora, por falar em ódio digital, o solo de Kirk em “Lux Æterna” foi criticado por alguns como o seu “pior solo” e houve até YouTubers a apresentar suas próprias versões “melhoradas”. Hammett reconhece que testemunhou parte desse ódio online, dizendo: «Ao menos, dá para rir. Podia fazer seis ou sete arpejos de três oitavas em notas de 16, sentar-me todos os dias a treinar e dizer: “Ei, vejam o que consigo fazer!”, mas onde vou colocar isso? Isso não vai funcionar em nenhuma música dos Metallica. Arpejos? Por favor! Um solo de guitarra mapeado como muita gente faz, quatro ou cinco acordes com um arpejo diferente em cada um? Parece um exercício. Não quero ouvir exercícios e aquecimentos de cada vez que oiço uma canção».

Hammett acrescentou ainda que os únicos tipos que pensa que tocam arpejos de forma convincente como meio de expressão são Joe Satriani, Yngwie Malmsteen e Paul Gilbert. Muitas vezes acusado de desconsiderar a técnica/virtuosismo, o guitarrista diz que continua a adorar ouvir boa técnica instrumental, mas que precisa de ser aí um batimento cardíaco, apontando Allan Holdsworth ou Eddie Van Halen como heróis pessoais. Todavia, explica, o seu estilo de solos mudou conforme a música dos Metallica evoluiu. «Sei os meus modos, escalas húngaras, escalas simétricas, sei essa merda toda. É apropriado? Talvez no nosso início, mas agora não. O que é mais apropriado é criar melodias que sejam mais parecidas com melodias vocais. E, adivinhem? A melhor escala para imitar melodias vocais é a pentatónica».

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