A Marshall ligou três das suas unidades mais lendárias, o JTM45, o 1987X e o 1959HW, à mesma coluna e configuração de micagem, para comparar e demonstrar esse conceito de Som Plexi.
De certa forma, mesmo entre quem não é guitarrista ou mesmo músico, todos temos uma noção mais ou menos aproximada daquilo que é o som Plexi clássico. Este tipo de amps faz parte das maiores lendas na fundação do hard rock e da própria Marshall. Quando Jim Marshall abriu uma loja de baterias, na transição das décadas 50/ 60, recorda o próprio que «os bateristas costumavam aparecer acompanhados das suas bandas, foi assim que conheci guitarristas como o Pete (Townshend) ou o Ritchie (Blackmore), que insistiam para que tivesse em armazém guitarras e amplificadores, até que decidi experimentar fazê-lo». Negociando também equipamento de guitarra, rapidamente percebeu que todos os guitarristas procuravam algo que não conseguiam encontrar. «Escutar o que diziam deu-me uma ideia muito clara daquilo que desejavam. Então, decidi juntar uma pequena equipa para construir um amplificador a válvulas com o som específico que os rapazes perseguiam».
Foi assim que, após várias tentativas, o primeiro Marshall de sempre, o JTM45, surgiu em 1962 e se tornou um sucesso imediato. Os amps foram experimentados com colunas 2×12, mas devido aos problemas técnicos, «rebentávamos altifalantes como se não houvesse amanhã! Então decidi colocar 4 altifalantes de 12’’ na caixa mais pequena que podíamos construir, para que fosse facilmente transportável» e assim nasceu a Marshall 4×12, que ainda hoje é considerada um standard. «Para ser honesto, quando me juntei com o Ken Bran e o Dudley Craven com a ideia de construir o primeiro amplificador de rock n’ roll do mundo, no outono de 1962, nenhum de nós fazia ideia do que o futuro nos reservava. Eu teria ficado deslumbrado se pudéssemos ter construído e vendido 50 amplificadores, não ousava sonhar que o nosso pequeno projeto duraria (mais de) 50 anos, quanto mais que iria crescer para se tornar numa companhia respeitada globalmente».
Em 1965 surgiu outro monstro. «O Pete Townshend pediu-me que lhe construísse uma cabeça de 100 watts e uma coluna de 8×12. Concordei, avisando-o que os seus roadies não gostariam de carregar uma coluna tão grande, e sugeri desenhar uma 4×12 angulada, para encimar uma 4×12 normal como alternativa. O Pete não quis ouvir nada do que lhe estava a dizer, então construímos o que ele queria e ficou feliz da vida». Contudo, a previsão de Jim mostrou-se correcta e o guitarrista dos The Who acabou por aceitar cortar a mítica coluna 8×12 em duas. O resultado foi a criação daquilo que, hoje em dia, é um dos ícones mais reconhecidos no universo do rock – um stack Marshall de 100 watts! A partir daí, o resto é história.
A Marshall tornou-se a mais conhecida marca de amplificação, adquiriu um estatuto colossal e ganhou prémios prestigiantes. O desafio era manter o nível! Como? Jim Marshall insiste na ideia fundamental com que se propôs a desenvolver os seus amplificadores, afirmando que «desde esse primeiro amplificador em 1962 que ouvimos com atenção aquilo que os guitarristas queriam relativamente a som e características e certificámo-nos de perceber completamente essas necessidades para nos esforçarmos por responder às suas expectativas – foi assim que a companhia cresceu. Também trabalhamos incansavelmente para nos assegurarmos que oferecemos o melhor valor possível sem desprezarmos a fiabilidade, componentes, qualidade de construção, acabamentos e claro, o fundamental – o Som!». A sua importância no mundo da música é incalculável. Bastará relembrar ainda que Jim Marshall deu uma nova vida ao som de Jimi Hendrix. O Mago da guitarra passou a amplificar a sua guitarra, por influência de Pete Townshend, com 4 stacks encadeados de Marshall, com o glorioso plexi de 1965, o Marshall 1959, e Sound City (os amps tinham dois inputs, com o sinal de guitarra presente em ambos, ligava-se directamente o outro amp) numa procura constante por volume.
O que nos leva à questão: conhecem o som Plexi e entre amps, conseguem reconhecer as diferenças? A Marshall pegou nos seus clássicos modelos JTM45, 1987X e 1959HW, levo-os para os Marshall Studios ligou-os todos na mesma coluna (micada com um Shure SM57 e um Royer 121) e comparou os sons de cada um deles. Podem verificar os resultados no player seguinte.
4 pensamentos sobre “Marshall, A Batalha dos Plexis”