Mesa/Boogie, O Rectifier Badlander, a Gibson e os Problemas de Distribuição

A Mesa/Boogie, já sob a tutela da Gibson, estreou um novo modelo na aclamadíssima série de amplificadores Rectifier, o Rectifier Badlander. Todavia, a marca debate-se com problemas na distribuição, ainda sob as contingências da pandemia.

Estreado no final de 2020, a marca diz que o Rectifier Badlander é o modelo da gama com o som mais denso e agressivo, um Recto actualizado para o cenário rocker actual. O amp está disponível no formato de cabeço (100 e 50) e no formato rack. Como rack é muito menos punk que um belo cabeço de 100 watts, vamos guiar-nos pelas características deste. Dual channel com os modos dinâmicos Clean, Crunch e Crush. O pré é sustentado três diferentes alternadores de potência, cada um deles alimentado a válvulas EL34. O Badlander 100 conta com a tecnologia Multi-Watt Power Switch (patente da Mesa) que permite três definições de watts: a potência máxima de 100 watts, a puxar todo o sumo do quarteto de EL34; a potência média de 50 watts que recorre apenas a duas das válvulas; e a reconfiguração da opção de circuito triodo, que produz 20 watts a partir de duas válvulas também.

O cabeço destaca-se por ser o primeiro modelo da Mesa a integrar a tecnologia CabClone IR no circuito. Por isso, permite operar por DI e com o Channel Specific IR Assignment evocar 8x colunas virtuais ou o Reactive Load. O Dual Rectifier permanece triunfal no imaginário de muitos de nós, mas este é sem dúvida o Recto mais versátil de sempre.

Poucas semanas depois desta edição, já em 2021, a Gibson e a Mesa/Boogie confirmaram oficialmente que a gigante marca de guitarras comprou a icónica marca de amplificadores. JC Curleigh, Presidente e CEO da Gibson, referiu-se à fusão: «Na Gibson, procuramos estar à altura do nosso passado marcante e inclinamo-nos para um futuro inovador, numa busca que foi iniciada há mais de 100 anos, com o nosso fundador Orville Gibson. Agora, essa busca prossegue com a junção da Mesa/Boogie à família Gibson Brands, incluindo a liderança visionária da Randy Smith e da sua equipa que, nos últimos 50 anos, tem criado uma marca icónica e inovadora que resistiu ao teste do tempo. É uma parceria perfeita, baseada nas nossas experiências profissionais colectivas e numa paixão por som». No mesmo press release chegado às redacções surgia também um testemunho de Randall Smith. O engenheiro fundou a Mesa/Boogie na sua própria oficina, começando por modificar amplificadores Fender e lentamente estabelecendo a sua tremenda reputação como um dos pionieros no universou dos amps boutique. Nos anos 70, a Mesa/Boogie já surgia em vários rigs ilustres e nos 80 já tinha uma reputação extraordinária, para a qual foram decisivos os amps Rectifier. Sobre a fusão com a Gibson Smith diz: «Conto 75 anos e ainda trabalho todos os dias. Esta é a minha arte e muita da nossa equipa trabalha junta há uns 30 ou 40 anos. Na forma como vimos o JC e o Cesar [Gueikian] transformar a Gibson, reconhecemos almas gémeas com valores comuns e uma intransigente dedicação à qualidade».

Fora da esfera administrativa, Adam Jones também se manifestou extremamente agradado com esta fusão. O guitarrista dos Tool, que viu a sua icónica 1979 Les Paul Custom Silverburst ser recirada pela Gibson Custom Shop muito recentemente, disse que tudo isto é «muito excitante. Não consigo pensar numa empresa melhor para continuar o legado da Mesa/Boogie e mal posso esperar por ver o que pode sair daqui. Uso amplificadores e colunas Mesa/Boogie há muito tempo. Uso-os em casa, no estúdio e em palco e garantem tudo o que necessito».

Todavia, passou o ano e não surgiram novidades significativas da Mesa/Boogie. Aliás, a meio deste ano tornou-se claro que a Boogie suspendera mesmo novas encomendas até novo anúncio. Ainda que a procura pelos seus produtos se mantenha nos píncaros (e a marca prometa entregar todas as encomendas), o stock foi esvaziando até um cenário de escassez. Os motivos são as disrupções na produção de componentes, de válvulas e da mudança de produtor dos transformadores. De facto, Magnetic Components, que produziu transformadores para a Boogie nos últimos 30 anos, encerrou portas como efeito colateral da pandemia. O novo fornecedor é a Schumacher, mas as coisas ainda não estão totalmente afinadas e a Boogie pretende realizar mais testes aos transformadores. Aliás, John Petrucci tem tocado com um protótipo do seu JP2C equipado com um dos novos transformadores e, diz-se nos fóruns, que o guitarrista dos Dream Theater está encantado com a resposta do equipamento.

As boas notícias é que tudo indica que já no início de 2022, o fluxo de produção/distribuição possa entrar no ritmo normal. Um dos engenheiros da marca referia num fórum Talkbass que muitas encomendas estão a ser já despachadas no território norte-americano, ainda que a marca continue a rejeitar novas encomendas. As encomendas antigas estão a demorar um máximo de três meses a serem despachadas, o mesmo acontece no envio de componentes para a marca e para a sua linha de produção. Além dos vários lockdowns, que naturalmente interferiram na produção de componentes e dos próprios produtos, surgem agora os problemas com a distribuição além-mar, com o preço dos contentores nos navios de carga a disparar e estes a trabalharem no limite da capacidade actual – este passou a ser o problema maior para a chegada de novos Boogies à Europa.

De volta ao Badlander, que é um canhão e a melhor destas notícias, podes obter mais info na Mesa/Boogie. Vídeo de demonstração no player abaixo.

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