Nicky Wire

Nicky Wire, Rush & “A Farewell To Kings”

Nicky Wire (Manic Street Preachers) versa sobre “A Farewell To Kings”, o quinto álbum dos Rush, e explica porque o disco que os canadianos gravaram sob o estandarte Pendragon é o seu favorito.

«Vidrei-me nos Rush através do meu irmão mais velho; “A Farewell To Kings” foi o primeiro álbum dos Rush que ele comprou, ali em 1980. Quando o ouvi pela primeira vez, não o assimilei – estávamos mais virados para o metal do que para o prog – mas o tema-título conquistou-me logo. É uma das melhores letras do Neil: ‘Cities full of hatred, fear and lies/Withered hearts and cruel tormented eyes’. Nalgumas bandas, poder-se-ia pensar que se tratava de conversa fiada meio medieval, mas eu não acho que seja».

«De facto, todo o álbum trata de temas densos. É quase nietzscheano: Deus está morto, está tudo consumido, vamos para o futuro. Há muitas ideias sobre coisas que estão a desaparecer, sobre coisas preciosas que se perdem. “Closer To The Heart” tinha uma grande vertente filosófica: toda a gente é boa em alguma coisa, e ser canalizador é tão importante como ser político ou músico. E isto vindo de um baterista de rock que escreveu ‘By-Tor & The Snow Dog’».

«Em Beyond The Lighted Stage vemos como os cadernos do Neil estão organizados, e isso fez-me admirá-lo ainda mais. As letras dele são incrivelmente subestimadas. “Xanadu” é uma das melhores secções instrumentais de todos os tempos. O baixo é funky e fixe como tudo, a bateria é fenomenal e acho que o riff é um precursor de “Sweet Child O’ Mine”. O baixo do Geddy é muito directo, não é tão ‘erudito’ como nos discos posteriores. Ele tem os dedos cheios de força e parece que ele está a dar cabo daquele Rickenbacker, os baixos mais difíceis de tocar».

Estas declarações pertencem a Nicky Wire, extraídas de uma conversa com Grant Moon que foi originalmente publicada na versão fanpack “Rush: Clockwork Angels” da Classic Rock. Galês de gema, o baixista dos Manic Street Preachers, aponta também essa como uma das causas para a sua devoção ao icónico “A Farewell To Kings”, do power trio canadiano. Lançado em Setembro de 1977, o álbum foi gravado nas terras do Dragão Vermelho.

«Não posso negar que o álbum tem maior significado para mim porque foi gravado nos Rockfield Studios, no País de Gales. Tenho 99% de certeza que temos []os Manic Street Preachers] a mesa [de mistura] que eles usaram. Está no nosso estúdio agora. O “Kings” soa muito terra a terra, tem um toque especial. “Permanent Waves” só saiu três anos mais tarde, mas soou muito mais moderno, um tipo diferente de sensação».

Concluindo, sobre “A Farewell To Kings”, Nicky Wire é taxativo: «É o meu álbum preferido dos Rush, a par do “Moving Pictures”. Lembro-me que a capa me desconcertou bastante, é uma paisagem bastante sombria. Todo o álbum está imbuído de isolamento e melancolia e encharcado de inteligência. É um disco profundo, como uma versão prog dos The Smiths».

Intimism

Em Julho de 2023, Nicky Wire lançou de surpresa o álbum “Intimism”. O baixista e letrista dos Manic Street Preachers “largou” o seu segundo disco a solo no BandCamp. «Este disco é uma colagem feita ao longo da última década. Tem tanto de mim quanto possível – uma destilação das minhas fantasias indie mais puras, um lugar onde todas aquelas listas quebradas de arrependimento se encontraram realinhadas. Encontrei uma linguagem musical e lírica que podia chamar de minha. Uma paisagem de milagres mundanos, monólogos interiores e auto-aversão dilacerante. Como diz a canção: ‘I am an -ist / I am an -ism / a lifelong affair with tunnel vision’», referiu Nicky Wire no lançamento do álbum.

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