Através da Season Of Mist, os Funeral quebraram um longo silêncio editorial. O conceptual “Praesentialis In Aeternum” faz regressar os noruegueses na sua melhor forma, através de desenvoltura técnica nas guitarras e utilização sublime de orquestrações.
O anúncio de que a Season Of Mist havia assinado com os Funeral, tendo em vista a edição de um novo álbum em 2021, foi seguida com gáudio por fãs das sonoridades das paisagens mais escuras do doom metal. A banda norueguesa foi uma das pioneiras do funeral doom, tendo sido formada por Anders Eek em 1991 e editado o seu primeiro trabalho, “Tristesse”, em 1993. Ao lado dos finlandeses Skepticism e Thergothon lideraram o surgimento duma vaga sónica que, no seguimento do death doom, abraçava ainda mais os downtempos e a melancolia melódica, focando os riffs carregados de distorção na evocação do desespero e do nihilismo…
Na perseguição de uma sonoridade mais sinfónica, o vocalista Toril Snyen juntou-se aos Funeral na demo “Beyond All Sunsets” (1994) e no álbum “Tragedies” (1995). Então surgiu a turbulência, com várias mudanças na formação, entre instrumentistas e vocalistas. Até que, em 2003, Einar Frederiksen (baixista e um dos compositores) morreu e a banda enfrentou um hiato. Quando se preparava para o interromper, morreu o guitarrista Christian Loos, substituído por Mats Lerberg. “From These Wounds” (2006) foi um álbum marcado por esse período de dor, perda e infortúnio, mas a banda estabilizou e lançou outros três álbuns: “As The Light Does the Shadow” (2008), “To Mourn is a Virtue” (2011) e “Oratorium” (2012). Em 2020, sob a assinatura de contrato discográfico com a Season Of Mist, a banda comentava o quão satisfeita estava com o contrato e com a possibilidade de editar «novas piras de funeral doom, preenchidas por riffs de desespero, orquestrações massivas e letras em norueguês, obedecendo a um tema conceptual».
“Após silêncio editorial de quase uma década, Praesentialis in Aeternum” chegou no dia 10 de Dezembro de 2021. Transporta consigo todos os elementos clássicos do funeral doom, revelando ainda subtileza no uso de orquestrações (seja em sintetização ou VST), enorme charme vocal e destreza técnica das guitarras, conseguindo escapar a algum monocromatismo que tantaz vezes pontua este tipo de registos.