Depois de, em 2016, se terem despedido dos palcos, os Men Eater vão fazer ressurgir a sua formação original. A banda está em estúdio a gravar um novo álbum e “Multitude”, o primeiro single, revela o esmagador peso daquilo que nos espera.
Men Eater surgiram como banda de maneira muito casual, durante uma troca de ideias que se tornaram realidade no dia seguinte. Um dia que passou a um ano e, em 2007, lançaram “Hellstone”, álbum que lhes permitiu pisar centenas de palcos, e garantiu à banda uma legião de fãs em Portugal. Seguiu-se a partilha de palco com Stone Sour, Mastodon e Metallica. No mesmo ano foram premiados com Álbum do Ano pela Revista Loud. 2009 trouxe “Vendaval” e, após o lançamento do primeiro single, seguiu-se uma tour de sete semanas pela Europa através da Avocado Booking, com os Sights and Sounds. Iniciada em Portugal, continuou por Espanha, França, Inglaterra, Itália, Alemanha, Holanda, Eslovénia…
Acrescentaram a essa experiência mais concertos e festivais entre Maio de 2009 e Maio de 2010, tornando-se a fase mais produtiva dos Men Eater. Mereceram, também, destaque na revista inglesa Rock Sound como sendo uma das bandas promissoras desse ano. Já em 2011, depois de terem deixado a tempestade passar e depois de um longo processo criativo, criam algo novo, com sons e texturas diferentes, com uma nova perspectiva e sempre um passo à frente do panorama musical. Esse extraordinário disco que é “GOLD” mostra composições preenchidas por riffs épicos, vozes atmosféricas e a atitude rocker pefeita.
Lótus
Os membros da banda derivaram noutros projectos e áreas de desenvolvimento musical até que, no dia 3 de Junho de 2016, deram o seu último concerto no Stairway Club, em Cascais. Um concerto onde estivemos presentes e que vimos assim:
Não será exactamente uma sensação funérea, mas há estranheza em estar num concerto proclamado com o acto final de uma banda. Começando pelo final de “Hellstone”, com o cruzamento acústico/eléctrico de “Redsky”, os Men Eater despediram-se no Stairway Club, com sala esgotada. Mike Ghost inquire-se perante a multidão, «Vieram para ver se isto acabava mesmo…», confirmando que João, o baixista, vai emigrar e que o line-up do álbum de estreia deixará de poder tocar junto.
Com as emoções à flor da pele e sem a rodagem e a agressividade de uma década atrás, a banda não conseguiu soar tão sólida nas jardas como “Drivedead” ou “Upon These Walls”, por exemplo, como naqueles tempos de “Hellstone” ou nos do EP, com “For A Life Massacre”. Os temas de “Vendaval” também se ouviram algo descaracterizados no seu balanço, principalmente pelas diferenças entre as mãos ao comando do drumkit no álbum e neste concerto – “First Season” ou “Heartbeating Locomotiva”, por exemplo, estiveram algo desprovidas daquele “bagaço” tipo Entombed.
Contudo, em temas como o que dá título ao primeiro LP, “Redsky” ou no hino “Lisboa” (supostamente, a última canção que a banda tocou ao vivo), nos temas com uma atmosfera mais melancólica, no fundo, a banda conseguiu sobrecarregar esse sentimento e esbanjar predicados que vão deixar saudade. De resto, é injusto avaliar a prestação do músicos num concerto, notoriamente, tão emocional. Não se tratou sequer de um concerto propriamente dito, mas de uma celebração entre os músicos, que abriram as portas a quem a quis ver.
Multitude
A situação não é inédita. A pandemia permitiu a muita gente e a muitas bandas, em particular, exercícios de retrospectiva e reavaliações. Esses tempos de confinamento foram bons conselheiros para os Men Eater que acabaram por se reaproximar. Assim, a banda está em estúdio a trabalhar no seu 4º LP, que será novamente editado pela Raging Planet, e estreou um novo single, “Multitude”.
Não é preciso ir muito longe (até pela galeria de fotos) para deduzir que a banda está a gravar na casa do Carlos BB, o seu baterista, nos Blacksheep Studios. O João Jesus está mesmo impossibilitado de se juntar ao line-up original. Dessa forma o Pedro Cobrado, o nosso querido Gaza, vai desempenhar as funções de baixista, juntando-se às guitarras do Carlos Azeitona e do frontman Mike Ghost. O novo trabalho, além de juntar o máximo possível da formação original, vai acrescentar um teclista ao grupo.




2 pensamentos sobre “O Regresso dos Poderosos Men Eater”