O Riff Que Jimmy Page Ofereceu a David Bowie

Nas lendárias sessões de estúdio que juntaram David Jones, então frontman dos Manish Boys, a Jimmy Page, frutificou um extraordinário riff que aquele que viria a ser o guitarrista dos místicos Led Zeppelin ofereceu ao rapaz que se tornaria no imortal Bowie.

As capacidades de David Bowie como compositor estão para lá de qualquer debate. Ao longo de uma carreira que se estendeu por seis décadas, o Starman proporcionou-nos algumas das mais impactantes malhas na história do rock ‘n’ roll. No entanto, como todos os grandes artistas, nunca se sentiu melindrado com colaborações criativas e, entre essas, o auxílio e generosidade de Jimmy Page marcaram um par das suas canções. Algo que sucedeu ainda antes de qualquer um destes gigantes ter, realmente, provado o sabor do sucesso e atingido o estrelato mundial.

A colaboração surgiu quando o jovem David Jones, acabado de completar os 18 anos de idade e ainda sem ter adoptado o nome Bowie, que na altura era frontman dos Manish Boys, se cruzou com Page, que estava a ganhar enorme reputação como músico de sessão. A banda de Bowie, que “fanou” o nome a uma malha de Muddy Waters (tal como os Rolling Stones, afinal) também era bem batida na cena londrina, adivinhava-se já que o seu frontman ia chegar longe. O passo seguinte era gravar um registo e, para isso, foi agendado tempo em estúdio. Todavia, faltava algum impacto às canções e decidiu-se recrutar um pro para gravar. O escolhido, claro, foi Jimmy Page, então com os seus 21 anos de idade.

Assim, Page acabou por ficar ligado à gravação de “I Pity The Fool”, dos Manish Boys, mas nesse dia suceddeu algo de maior potência. Bowie chegou a recordar o trabalho com Page nessas sessões e a excitação do guitarrista com um desenvolvimento tecnológico na guitarra que iria mudar o curso da história do rock: «Estava tão entusiasmado [com a fuzz box] que foi bastante generoso nesse dia. Disse-me: ‘Olha, tenho este riff, mas não o estou a usar para nada, por isso porque não o aprendes e vês se consegues fazer alguma coisa com ele’. Tenho-o usado deste então. Nunca me desapontou».

O riff escuro e tempestuoso parece uma ponte entre os dois artistas. Exactamente o tipo de conjunto de acordes hipnóticos que se poderia esperar ouvir nos primeiros discos dos Zeppelin ou em torno dos pensamentos mais íntimos de Bowie, que o usou mais notoriamente em duas canções que surgiram no desenrolar da sua carreira: surge de forma predominante em “The Supermen”, do estrondoso álbum de 1970, “The Man Who Sold The World” – e até as baterias poderiam ser tributadas a Bonham, sem causar espanto – e mais tarde, em 1997, electronicamente transmutado em “Dead Man Walking”, do álbum “Earthling”.

Leave a Reply