Barbárico, sinistro e vulcânico, fazendo convergir o peso do death/doom, “Explosions” é o primeiro registo dos Phenocryst. O EP, mais um dos grandes trabalhos do underground luso nos últimos meses, cria enormes expectativas para a progressão da banda.
Podem não haver muitas palavras para falar sobre um EP com cerca de 23 minutos, mas muita coisa pode ser dita – mérito absoluto da banda que se estreia com uma tocante devoção aos parâmentros mais clássicos e underground do death metal. “Explosions” é fascinante desde o primeiro contacto auditivo. Tudo está bem escrito, bem tocado e bem concretizado.
Os cinco temas são pesados, densos e ainda possuem uma certa lisergia nas repetições extraídas ao death/doom do início da década de 90. Há malevolência, agressividade e melodia, numa combinação de dinamismo notável. A atmosfera de cada uma das canções é densamente sinistra e opressiva e o peso das guitarras e dos vocalizos é barbárico, esse é o sentido primordial de um disco onde os músicos não deixam de demonstrar bastante consistência técnica, fluidez e entrosamento, com destaque para o caloroso e orgânico som das baterias e propulsividade do baterista.
Olhando cada uma das malhas, “Fumarole Emanations” é uma lição de como fazer death metal da velha guarda, com brutalidade na bateria, sem nunca abandonar realmente o mid-tempo, com groove nos riffs que nos remete para Autopsy e a sua fusão death/doom. “Phreatic Explosions”, cujo picking, progressões e dissonâncias e os contrastantes blast beats soam como putrefactas desovas dos Bölzer. É o núcleo vulcânico deste trabalho. Soberbo tema. Esta toada é, de certa forma, mantida em “Pyroclastic Flows”, tema onde se destacam as acentuações dos timbalões e a sua cavernosa profundidade.
Vale a pensa mencionar que este trabalho foi ainda gravado nos Rock n’Raw Estudios, agora encerrados, e também nos Pits of Carnage. A mistura e masterização coube a D.C. [Tod Huetet Uebel, Archaic Tomb, Festering], Londres. A terminar, a banda subverte a fórmula dos três temas anteriores e “Craters” surge explosivo, antes de contrastar com blocos de dimensão rítmica que nenhuma banda de doom metal se dignaria rejeitar na sua discografia.
“Igneous Fluids” encerra, um dedilhado atmosférica sobre um drone que facilmente serve de ponto de reignição deste “Explosions”, EP carregado de savoir-faire que cria enormes expectativas em torno do futuro da banda.
Um pensamento sobre “Phenocryst, Explosions”